«O Sporting incumpriu uma regra»
Na conferência de imprensa no final do dérbi que terminou com a vitória do Benfica sobre o Sporting por 5-4, o treinador leonino estava contente com a exibição, mas não com o resultado. "Merecíamos mais", vincou. "Não saio contente, mas com a certeza de que só por pormenores saímos com zero pontos", disse, sem regatear elogios aos seus jogadores. Com uma "vontade incrível, coragem espectacular", o técnico catalão apontou ao permanente superar de dificuldades. "Vamos ser os melhores saltadores de obstáculos do mundo", referiu, com a garantia de que os seus pupilos irão "superar qualquer obstáculo que tenham dentro da pista".
Mas nesta partida, um dos "obstáculos" surgiu fora da pista. E Guillem Perez não se escusou a comentar o momento que levou à sua expulsão e de João Pinto. O treinador leonino reconheceu o incumprimento do tempo de suspensão, mas afirmou que a indicação partiu da mesa. "Disseram-nos que os nossos jogadores podiam entrar", descreveu. "E acreditámos nela", lamenta, referindo-se a Gisela Infante, responsável na mesa.
Apesar dos oito pontos de diferença para o líder Benfica, Guillem Perez não baixa os braços. "Faltam muitos jogos para terminar a época", recordou. E dá a receita: "trabalhar, trabalhar, trabalhar".
No momento do jogo que causou mais celeuma, a expulsão do treinador e do jogador que entrou antes do tempo é de facto castigo pesado para quem prevarica. "A regra que não faz sentido", referiu Guillem Perez, conformando-se com a expulsão. "O regulamento é assim", constatou.
Nas últimas épocas, há duas situações semelhantes a assinalar com as equipas do dérbi. Na pretérita temporada, o Sporting recebeu o Braga no pavilhão do SC Torres e o treinador bracarense Vítor Silva e Tiago Jorge receberam ordem de expulsão. Na altura, Vítor Silva também referiu a indicação do tempo pela mesa para a entrada do jogador, mas os árbitros foram claros de que a responsabilidade cabia totalmente à equipa e, em particular, ao seu delegado.
Com mais impacto mediático, o Benfica também foi alvo desta punição na Final Four da Taça de Portugal de 2014, em Turquel. Na meia-final, João Rodrigues entrou antes de cumprido o tempo de "underplay" e quer o atacante, quer o treinador Pedro Nunes, receberam ordem de expulsão. No final do jogo, o técnico encarnado adjectivou a regra como "absurda", e apontou o dedo aos clubes por a permitirem e por não fazerem nada para a alterar. E nada foi feito...
Responsabilidade do delegado
A contagem do tempo é um dos problemas que assola o Hóquei em Patins. Seja nas paragens, nos tempos de ataque ou nos casos de suspensão temporária de jogadores ("powerplay"). Nestes últimos, a situação complica-se quando é suspenso mais do que um jogador, mas a responsabilidade de controlar o tempo para o regresso de jogadores à pista, apesar do Sporting apontar a indicação de Gisela Infante, é sempre do delegado da equipa penalizada, e não do terceiro árbitro.
E no boletim de jogo, o Sporting até inscreveu dois delegados: José Trindade e Fernando Simões. Por coincidência, José Trindade, coordenador geral do Hóquei em Patins do Sporting, já tinha estado no epicentro da dupla expulsão por igual motivo na Final Four da Taça de Portugal de 2014, então como elemento do Benfica.
Domingo, 29 de Janeiro de 2017, 16h21