Épica reviravolta deixa Benfica a uma vitória do título

Épica reviravolta deixa Benfica a uma vitória do título

O Benfica venceu a Oliveirense por 7-6 com uma reviravolta épica e depende apenas de si para conquistar o tri na derradeira jornada.

Muito perto da hora do jogo maior da penúltima jornada do Campeonato Nacional da I Divisão, a fila para entrar no Pavilhão Fidelidade estendia-se por largas dezenas de metros. A espera valeria a pena.

Os rostos tensos de parte a parte quando se apitou para o inicio da partida que podia afastar definitivamente a Oliveirense e quase definitivamente o Benfica do título diziam muito. Demasiado.

Ainda com muitas cautelas e a ver o que a "coisa" dava, Ricardo Barreiros inaugurou o marcador aos cinco minutos e o Benfica teve de assumir o jogo.

Puigbi foi intransponível na primeira parte
Puigbi foi intransponível na primeira parte

Logo volvido um minuto sobre o primeiro golo da partida, Jordi Bargalló viu o azul e Adroher saltou do banco para a marca de livre directo. Depois de ter marcado três em três de bolas paradas no Dragão Caixa, o catalão perdeu o duelo com o compatriota Puigbi. Estava dado o mote para uma primeira parte desastrada dos encarnados na finalização, "agravada" por uma grande exibição do guarda-redes que vai representar - tal como Adroher - a Espanha no Mundial em Setembro.

À entrada para esta jornada, o Benfica somava 191 golos em 25 jogos, quase oito golos por jogo, estabelecendo-se como o melhor ataque do campeonato e com dois jogadores no topo da tabela de goleadores. Mas nos primeiros 25 minutos, pouco (nada) se viu desse Benfica. Displicentes no remate, trapalhões no último passe, os encarnados não encontravam forma de marcar.

Golo de Barreiros fazia a diferença ao intervalo
Golo de Barreiros fazia a diferença ao intervalo

Agradeceu a Oliveirense, que levou a vantagem mínima para o intervalo, mesmo depois de duas grandes penalidades - falharam João Rodrigues e Diogo Rafael - e de Bargalló ver o segundo azul (havendo lugar a "underplay") já dentro dos dois minutos finais da primeira parte.

A equipa orientada por Tó Neves regressava para a segunda parte com menos um jogador (durante 10 segundos) e com nove faltas (contra três do Benfica). Mas aos quatro minutos, Pablo Cancela, com um grande gesto técnico, fazia o 0-2 e, um minuto depois, o galego tinha a oportunidade de fazer o terceiro para a sua equipa, de livre directo após azul a Diogo Rafael. Não conseguiu bater Trabal e a próxima oportunidade seria para o Benfica.

Nicolía marcou o primeiro dos encarnados, o último e outros três pelo meio...
Nicolía marcou o primeiro dos encarnados, o último e outros três pelo meio...

Aos seis minutos e meio, os encarnados chegariam enfim ao golo que tanto - mas tão mal - tinham procurado. Quebrou o enguiço Nicolía, de livre directo após a 10ª falta da Oliveirense, reduzindo para a diferença mínima. No entanto, os festejos encarnados não durariam...

Jordi Bargalló já tinha liderado a sua equipa para duas recuperações no marcador frente a Porto e frente a Sporting, e voltou a assumir frente aos encarnados. Aos nove minutos, ampliava para 1-3, num contra-ataque perfeito, e aos 10 fazia magia, num golo de levantar pavilhões, não estivesse este cheio de adeptos adversários que gelaram por momentos com o 1-4. Foi o primeiro acto do consagrado jogador catalão, que mostra em Portugal porque alcançou o estatuto de mito na Corunha. O Benfica respondeu com o segundo de Adroher, com Puigbi traído pelo ressalto na tabela de fundo, numa altura em que o Benfica já atacava declaradamente, com Adroher e Nicolía a tentarem desviar a meia distância de Diogo e Miguel Rocha.

Quando Adroher reduziu para 2-4, o Benfica já atacava mais com coração que com cabeça
Quando Adroher reduziu para 2-4, o Benfica já atacava mais com coração que com cabeça

Partia-se com 2-4 no marcador para os derradeiros 13 minutos de jogo. Uma eternidade em Hóquei em Patins, mas que para os encarnados ia fugindo...

A Luz já foi este ano palco de algumas recuperações e reviravoltas surpreendentes, e os adeptos acreditavam em mais uma. Quando Carlos Nicolía bisou para o 3-4, faltavam jogar já menos de seis minutos, a reviravolta quase que era dada como garantida nas bancadas. Todavia, a Oliveirense mostrara-se uma equipa sólida, pragmática, com a perfeição que lhe permitira levar os encarnados de vencida na primeira volta. E voltou a jogar o seu joker. À entrada dos últimos cinco minutos, no segundo acto do seu recital, Jordi Bargalló fez disparar, no espaço de quatro segundos contados, o marcador para 3-6. Primeiro a arrancar da sua meia pista num lance individual para voltar a mostrar um número de ilusionismo a Trabal - seu escudeiro de vários Mundiais e Europeus pela Invencível Armada espanhola - e depois a finalizar num remate forte.

Bargalló assinou quatro golos, dois deles com entrada directa em qualquer compilação de grandes golos
Bargalló assinou quatro golos, dois deles com entrada directa em qualquer compilação de grandes golos

Marcar quatro golos em menos de cinco minutos frente ao vice-campeão europeu?

Passa um minuto...

Marcar quatro golos em menos de quatro minutos frente ao vice-campeão europeu?

O Benfica carregava e tentava de todas as maneiras passar a bem organizada defensiva adversária, sempre com Puigbi muito atento. E seria novamente de bola parada que os encarnados voltariam a marcar. A Oliveirense chegava às 15 faltas (estava o Benfica nas seis) a 3'43 do final - e até final não haveria mais faltas para nenhum dos lados - e Carlos Nicolía ia novamente para a marca de livre directo, para - novamente - bater Puigbi de picadinha.

Nicolía apressou-se a ir buscar a bola ao fundo das redes... aos 4-6, o Benfica acreditava
Nicolía apressou-se a ir buscar a bola ao fundo das redes... aos 4-6, o Benfica acreditava

O 4-6 motivou os encarnados, mas não desmanchou a estratégia da Oliveirense, que jogava com o relógio e procurava controlar a vantagem. O Benfica era só coração, muita vontade... e pouco acerto.

Adensemos a trama. E o drama do Benfica... 75 segundos para jogar e três golos para marcar.

Num lance com mérito na insistência e sorte no ressalto, João Rodrigues reduziu para 5-6. Bola ao centro e uma tremenda asneira da Oliveirense, se calhar a única em todo o encontro. Bargalló deu para Moreira, que não segurou, e Nicolía arrancou disparado para a igualdade no marcador, que não se registava há 44 minutos em que a equipa de Tó Neves liderou sempre.

Acreditava mais do que nunca o Benfica, perante uma Oliveirense que já não tinha forças - físicas ou anímicas - para pegar no jogo. E a 40 segundos, Ricardo Barreiros travou Diogo Rafael - para aí no quarto nível de exaustão, a desdobrar-se em tarefas defensivas e ofensivas - para grande penalidade. Voltou a assumir Carlos Nicolía. E falhou. O pavilhão ficou suspenso enquanto a bola sobrava da defesa de Puigbi para o coração da área. E explodiu quando a recarga de Nicolia fez balançar a rede, com mais um golo apontado à tribuna, onde, entre outros, estavam Pedro Henriques e Marc Torra, mas principalmente a sua mulher e filhos (a quem os tentos foram dedicados), e... Panchito Velazquez.

Efusivos festejos após o apito final até levaram alguns a acreditar que o título estava ganho
Efusivos festejos após o apito final até levaram alguns a acreditar que o título estava ganho

A Oliveirense regressou ao jogo com cinco jogadores de pista, mas já não havia discernimento para virar os acontecimentos, e, com a derrota, ficava matematicamente afastada do título. Já o "milagre" encarnado permite a Pedro Nunes e à sua equipa continuar na corrida ao título. Terá de vencer na última jornada ou fazer o mesmo resultado do Porto na recepção ao Riba d'Ave para assegurar o tri.

No final, Tó Neves estava totalmente insatisfeito com a arbitragem, em particular na recta final da partida. Surgiu na conferência de imprensa de voz trémula, a recordar as incidências de há um ano atrás, na final da Liga Europeia, e lamentou o critério usado pela dupla formada por Luís Peixoto e António Santos, estendendo as críticas ao castigo a João Souto, cuja falta se voltou a fazer sentir de sobremaneira, e à forma como a Oliveirense é desconsiderada face "à águia, o dragão ou o leão".

Pedro Nunes entrou na sala de conferência de imprensa alguns minutos após a saída do seu homólogo. Terão sido minutos preciosos para se recompor das emoções do jogo, surgindo com uma tranquilidade de assinalar e apontando méritos à equipa da Oliveirense, reconhecendo que - mais uma vez - fora melhor. O próprio Pedro Nunes estranhou o baixo número de faltas assinalado à sua equipa, num jogo de elevada intensidade, e ainda mais estranhou a questão se o título estava garantido - porque, de facto, não está - perante a explosão de alegria dos jogadores no final do encontro.

Porto cumpriu

A luta pelo título é agora a dois, afastada que ficou a Oliveirense.

O Porto venceu na deslocação a Valongo por 1-4 e mantém-se pontualmente a par dos encarnados, pecando no confronto directo. Na última jornada, os pupilos de Cabestany têm de fazer melhor que os de Pedro Nunes para conseguirem o título. Na recepção ao Riba d'Ave, não podem perder e uma vitória não chegará se o Benfica vencer o Sporting.

Os jogos decisivos estão agendados para dia 17, a partir das 18h.

AMGRoller Compozito

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