A 22ª do Barcelona
O Barcelona conquistou este domingo a 22ª Liga Europeia da sua história, ao vencer o Porto por 4-2 na final da prova.
Barcelona e Porto encontraram-se este domingo pela sétima vez na final, a segunda numa Final Four organizada pelos dragões depois de, em 2000, a decisão no prolongamento a favor dos "blaugrana" - então no Pavilhão Rosa Mota - não ter terminado da melhor maneira no plano extra-desportivo, mas ter valido a Aitor Egurrola o seu primeiro ceptro europeu de clubes.
Volvidos 18 anos, "Pulpo" ("Polvo"), agora capitão do Barcelona, era já antes desta final o mais titulado jogador de Hóquei em Patins da História. E, depois de uma grande exibição na meia-final, com Sergi Fernandez, assumiu a baliza da equipa que esta época já vencera Supertaça, Taça do Rei e OK Liga.
O Barcelona tentou contrariar a entrada intensa do Porto, dividindo os primeiros minutos. O Porto foi crescendo, naquele vendaval que Hélder, "Nalo", "Rafa" e Gonçalo Alves imprimem, mas a bem urdida teia defensiva dos catalães evitou aquele golo que costuma dar início às vitórias dos dragões.
Com não mais do que sete minutos e meio decorridos Guillem Cabestany e Edu Castro começaram a lançar novas peças no xadrez do Dragão Caixa. Alabart entrou para o lugar de Pau, Jorge Silva para o lugar de Gonçalo. E entraram Xavi Barroso e Lucas Ordoñez, que no próximo defeso chegam ao campeonato português, e entrou Ton Baliu, que partirá de volta à Catalunha.
Aos 11 minutos e meio, Cabestany chamou os seus jogadores, mas o que planeou com eles sofreu um revés. 15 segundos após o regresso à pista, Ordoñez inaugurou o marcador num remate cruzado, com Carles Grau a protestar um alegado desvio com o patim para o fundo das redes.
O Porto não acusou o golo. Empurrados por uma moldura impressionante, determinada a esquecer a derrota na final de 2013 - também no Dragão Caixa -, os azuis-e-brancos procuraram surpreender na meia-distância. Um dos "tiros" foi com estrondo ao ferro da baliza à guarda de Egurrola, fazendo ecoar um enorme bruá no pavilhão.
Mesmo sem mais golos, o jogo estava intenso, emotivo, digno da mais importante final da temporada. A dois minutos e meio do intervalo, o árbitro Alessandro Eccelsi - que já apitara na última final entre as duas equipas em 2014 - fartou-se de demasiada "intensidade" entre os goleadores Pablo Alvarez e Gonçalo Alves e mostrou azul aos dois. Com três jogadores de pista de cada lado, ao jeito de um torneio de Verão, o jogo ficou aberto, mas Egurrola e Grau fecharam bem as suas balizas.
Na véspera, Edu Castro previra um jogo mais ao jeito de OK Liga, com poucos golos, e a primeira parte dava-lhe razão. A segunda nem por isso...
Com pouco mais do que um minuto decorrido na etapa complementar, Pablo Alvarez ("Pablito") supreendeu num remate de meia distância e fez o segundo. Hélder Nunes teve oportunidade de repor a diferença mínima, mas desperdiçaria de livre directo... e a sina das outras seis finais entre estas duas equipas, todas a terminar com a vitória dos "blaugrana", ganhava força. E, quando, aos sete minutos, Pau Bargalló ampliou para 3-0, num remate forte à entrada da área, sentiu-se um desânimo generalizado.
Cabestany, na sua primeira final da Liga Europeia, chamou de pronto os seus jogadores, quiçá lembrando-os da magia do Hóquei em Patins, de como uma vantagem pode desaparecer num ápice. Mesmo que seja de três golos, mesmo que seja do Futbol Club Barcelona. E, menos de um minuto depois, após grande penalidade - com azul - de Pablito sobre Rafa, Gonçalo Alves partiu para o duelo com Egurrola. O guarda-redes de quase 38 anos levou a melhor no remate, mas o atacante português marcaria na recarga.
Ainda com uma desvantagem de três golos, o Porto reentrava no jogo com uma injecção anímica. Com dose redobrada quando Lucas Ordoñez não conseguiu bater Carles Grau na 10ª falta dos dragões e reforçada quando Hélder Nunes, num remate de muito longe que não levava selo de golo, surpreendeu todos os tentáculos de Egurrola.
A 14 minutos do fim, o 3-2 no marcador deixava tudo em aberto. E o Porto esteve muito perto do empate. Obrigou à 15ª falta, mas Gonçalo Alves não conseguiu converter o livre directo. E, depois de novo azul a Pablo Alvarez, Rafa não fez melhor que Gonçalo perante Egurrola, transformado em "monstro" das Tormentas azuis-e-brancas.
Foram dois minutos palpitantes, onde mais se sentiu a ausência de Gual, castigado, culminados com um golo não validado a Jorge Silva. A jogar em "powerplay", Rafa colocou ao segundo poste, onde o aguerrido atacante do Porto encostou para lá da linha, de onde a luva de Egurrola a tirou. No seguimento do lance, Jorge Silva viu azul e os dragões perderam a vantagem numérica... Sobreviveram depois em "underplay" para atacar o empate, mas o golo não surgiria.
Já em desespero, Reinaldo Garcia encostou o seu ex-colega Xavi Barroso na tabela, quando o futuro jogador da Oliveirense se esgueirava em contra-ataque. O argentino, vencedor de três Ligas Europeias pelos "blaugrana", viu azul e colocou Pau Bargalló na marca de livre directo. De forma extraordinária, o jovem campeão do Mundo pela Espanha, capitão da "roja" aos 23 anos, bateu Grau e pôs ponto final na discussão da Liga Europeia 2017/18.
Terça-feira, 15 de Maio de 2018, 0h30