Benfica 'mete' a sexta com Pedro Nunes
O Benfica oficializou esta terça-feira a continuidade de Pedro Nunes como treinador da equipa principal.
O acordo, por mais uma temporada, põe fim a alguma especulação sobre a renovação com o técnico. O contrato terminara no mês de Junho e o clube da águia tardava em tornar pública a sua posição.
À beira de completar 50 anos (no próximo dia 24), Pedro Nunes está no comando técnico dos encarnados desde 2013 e parte para a nova temporada com o objectivo de enriquecer um currículo que, ao serviço do Benfica, conta com dois Campeonatos Nacionais (2015 e 2016), duas Taças de Portugal (2014 e 2015), uma Liga Europeia (2016), duas Taças Continentais (2013 e 2016) e uma Taça Intercontinental (2017).
Nestes cinco anos, Pedro Nunes cumpriu, contabilizando de 2016/17 os jogos "anulados" com o Riba d'Ave e a falta de comparência na Taça de Portugal, 210 jogos oficiais à frente do Benfica, com um saldo amplamente positivo, mas nem sempre suficiente para concretizar títulos.
Nesses 210 jogos, Pedro Nunes soma 167 vitórias, 17 empates e 26 derrotas, com 1355 golos marcados e 617 sofridos. Por jogo, são quase seis golos e meio apontados, contra praticamente três sofridos, sendo que o registo defensivo - numa equipa de claro pendor ofensivo - é apontado como pecha na equipa.
Dominador na Luz, com 87 vitórias em 95 jogos, a percentagem global de vitórias decaiu. Depois de uma primeira temporada com 81% e uma segunda (a que registou menos golos sofridos) com 85%, os números dos triunfos não chegaram aos 75% na última temporada, que foi também a menos profícua ofensivamente, baixando pela primeira vez dos seis golos por jogo (ficou pelos 5.74). No entanto, defensivamente, com 2.7 golos sofridos por jogo, foi a segunda melhor sob a égide de Pedro Nunes, só superada pela de 2014/15 (2.4), a tal da maior percentagem de vitórias. Sendo que essa foi a segunda pior em registos ofensivos, a defesa também ganha jogos para além de nesse ano ter ganho Campeonato (e Taça).
No Benfica
Na hora da renovação, Domingos Almeida Lima, vice-presidente para as modalidades do Benfica, não poupou elogios ao seu técnico. "Foi com o Pedro Nunes que existiu uma inflexão positiva do hóquei em patins do Benfica. Ajudou-nos a ganhar tudo o que há para ganhar no hóquei", declarou o dirigente à BTV.
No entanto, sendo factual que foi sob a égide de Pedro Nunes que o Benfica fechou a conquista em todas as competições (com a conquista da Intercontinental em 2013), a inflexão aconteceu anos antes. Seria o antecessor de Pedro Nunes, o agora seleccionador nacional Luís Sénica, a acabar com um jejum que já vinha desde 2002, conquistando, entre 2009 e 2013, Taça de Portugal, Supertaça, Taça CERS, Campeonato Nacional e inéditas Liga Europeia e Taça Continental. Uma "inflexão positiva" que Pedro Nunes consolidaria...
Pedro acrescentou depois a Taça Intercontinental ao palmarés das águias, faltando-lhe a nível pessoal (sendo que a equipa não voltou a participar na Taça CERS) "apenas" conquistar uma Supertaça. Esteve em três decisões da prova, mas o triunfo escaparia sempre, e voltará a ficar adiado dado que a próxima edição será disputada entre Sporting e Porto.
Na história do Benfica dos últimos 30 anos, Pedro Nunes já ultrapassou o número de temporadas de Luís Sénica (quatro) ao comando dos encarnados e persegue o registo de Carlos Dantas, treinador entre 1988 e 2003 (15 temporadas!).
Dantas sairia num momento de crise, em que a secular secção encarnada esteve mesmo para fechar, regressando em 2006 para mais três temporadas e meia, antes de Luís Sénica assumir o cargo. Entre as duas passagens de Carlos Dantas, a nau encarnada teve como comandantes Paulo Garrido, de 2003 a Janeiro de 2006, e Nelson Lourenço, que - interinamente - assumiu em três partidas a transição para o regresso de Carlos Dantas, em Fevereiro de 2006.
O mais antigo
A aposta encarnada em Pedro Nunes não tem paralelo entre as equipas da I Divisão. A partir para a sua sexta temporada de águia ao peito, Pedro leva mais duas épocas ao leme que o segundo mais antigo no posto, Guillem Cabestany, com três temporadas completas à frente do Porto.
De resto, entre os 14 treinadores que partem para a nova temporada, dois assumem um novo cargo (Jorge Godinho no Tomar e Rui Neto em Braga) e três entraram com a última temporada a decorrer (Renato Garrido na Oliveirense, André Azevedo na Juventude de Viana e, antes, Nelson Lourenço no Turquel). E a sempre complicada missão de pegar numa equipa que foi formada por outro técnico, nem é rara. Metade dos 14 treinadores que iniciarão a nova temporada, chegaram às suas equipas a meio de uma época, destacando-se Miguel Viterbo que entretanto já leva duas temporadas e meia no banco do Valongo.
Completando para os restantes técnicos, Tiago Sousa cumpriu a segunda época no Marinhense, Hugo Azevedo (Riba d'Ave), Paulo Freitas (Sporting) e Paulo Pereira (Óquei de Barcelos) estão há época e meia nas suas equipas, e Luís Duarte (Paço de Arcos) e Paulo Garrido (Oeiras) assumiram cargos no último defeso.
Quarta-feira, 11 de Julho de 2018, 8h21