«Não posso calar a revolta que nos vai na alma»

«Não posso calar a revolta que nos vai na alma»

O director para o Hóquei em Patins do Porto é o porta-voz da revolta azul-e-branca, não só com a arbitragem de Miguel Díaz e Oscar Valverde na decisão da Taça Continental, no passado domingo no João Rocha, como com outras arbitragens em grandes decisões.

“Eu não quero justificar as derrotas com os árbitros, que também reconheço que, em algumas finais, temos perdido porque não fomos suficientemente competentes para ganhar, e aí não tenho nada a dizer”, começa por nos dizer. “Eu quero é manifestar a revolta que vai na equipa do Porto. O que aconteceu é o culminar de várias situações que têm acontecido a nível europeu. Foi muito mau para o Hóquei e a única coisa que quero dizer é basta, chega. Chega do Porto ser constantemente prejudicado nas decisões das competições europeias”, reclama.

Na partida decisiva da Taça Continental, o Porto seria derrotado por 2-3 pelo Sporting, com os leões a chegarem à vitória nos derradeiros dois minutos, num livre directo transformado por Raul Marin. “Há coragem de inventar - é a palavra certa - um livre directo contra o Porto no lance do Miras e não há coragem, a dois segundos do fim, de assinalar um livre directo contra o Sporting, um escândalo numa entrada a pés juntos? Isso é que era livre directo, e não há coragem?”, questiona. “É o próprio jogador do Sporting que engancha o stick entre as pernas, e o árbitro transforma num livre directo contra o Porto”, vinca, sem deixar de apontar outras situações durante o jogo.

Livre directo nos dois últimos minutos definiu resultado
Livre directo nos dois últimos minutos definiu resultado

“Ao longo do jogo, vi vários tipos de agressões, e dos jogadores do Porto não vi um jogo agressivo. Foi uma vergonha. Foram várias agressões a jogadores do Porto que passaram sem cartão. Como é que um árbitro está a dois metros de um lance, em que o Di Benedetto sai de trás da baliza e leva três stickadas ao mesmo tempo e ainda marcam falta contra o Porto? Por outro lado, levámos com azuis em que, num deles, no caso do Gonçalo Alves, ainda estou para saber porque é que o árbitro marcou penalti e deu azul...”, lamenta Eurico Pinto.

“Estamos a preparar uma exposição, porque há vários lances que aconteceram que são inacreditáveis”, remata.

Deixamos imagens de alguns dos lances apontados:

Condicionados pela homenagem

As críticas de Eurico Pinto são dirigidas à actuação e não à dupla de arbitragem em si. “Tiveram uma tarde muito má em que prejudicaram claramente o Porto”, sublinha, sem deixar de reconhecer o valor de Diaz e, particularmente, Valverde.

“Eu acredito nos árbitros e naquela dupla, que, curiosamente, foi homenageada”, afirma, aludindo à entrega dos galardões de árbitro europeu da pretérita temporada ao asturiano Miguel Díaz e das quatro (!) temporadas anteriores ao catalão Oscar Valverde. Uma homenagem que terá condicionado, apesar da valia da dupla. “Não há a menor dúvida de que isso condiciona os árbitros”, declara.

Os árbitros da partida, bem como o português Joaquim Pinto, foram homenageados antes da decisão da Continental
Os árbitros da partida, bem como o português Joaquim Pinto, foram homenageados antes da decisão da Continental

“Acredito na honestidade daqueles dois árbitros, nomeadamente do Oscar Valverde, que acho que, se não é o melhor, é certamente um dos melhores árbitros. E continuo a dizer, no próximo jogo, se tivermos o Valverde, vou descansado porque conheço a honestidade dele. Mas não posso calar a revolta que nos vai na alma…”, vinca.

Últimos anos

A revolta não é de agora. Para Eurico Pinto, a partida de passado sábado foi o culminar de outras situações. “O Porto tem sido constantemente prejudicado. Mas nos últimos três ou quatro anos temos sido altamente prejudicados, nomeadamente nas finais da Liga Europeia”, aponta.

“Reconheço que o Hóquei é um jogo difícil de arbitrar, cometem-se erros... cometem-se, sim senhor... agora, não cometam é sempre contra os mesmos”, pede.

“Há que fazer alguma coisa, e não sei o que se há-de fazer. Mas chega. Há que respeitar os jogadores e treinadores do Porto como são respeitados os do Sporting, Barcelona, Benfica e dos outros clubes. E não é isso que tem acontecido ultimamente”, lamenta.

“Toda a gente diz que os clubes organizam as Final Four para tirar partido, mas chegámos ao ponto de, na Final Four do Dragão Caixa, no jogo com o Barcelona, marcarem um golo com o patim e, depois, o árbitro invalidar-nos o 3-3... Nem tirámos qualquer partido desse ‘factor casa’ de que os outros conseguem tirar partido”, frisa.

“Tenho o treinador destroçado. É uma pessoa que está aqui há cinco anos, que é um treinador extraordinário, que é a nossa grande mais valia. Dedica-se 24h por dia ao clube, prepara os jogos ao pormenor. E os jogadores trabalham diariamente ao máximo, não lhes podemos apontar nada. E não lhes consigo justificar como isto aconteceu…”, lastima Eurico Pinto.

“Só peço que respeitem os jogadores do Porto, como respeitam toda a gente, porque eles merecem respeito. E o que se passou domingo foi uma falta de respeito para o trabalho deles”, observa.

Pensar na Supertaça

O Porto regressa às pistas e às decisões já no próximo sábado, em Coimbra, defrontando a Oliveirense para a Supertaça António Livramento.

Os dragões procuram a quarta conquista consecutiva na prova sob o comando técnico de Guillem Cabestany e Eurico Pinto garante que os campeões nacionais estarão prontos.

“Já treinámos a preparar o próximo jogo. Porque, a nível de trabalho, estamos na frente. Temos um grande treinador e um lote de jogadores extraordinário”, orgulha-se. “Não vamos desistir. Só exigimos respeito”, reforça o directo do Futebol Clube do Porto.

AMGRoller Compozito

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