'Não há duas sem três' ou 'à terceira é de vez'?
Porto e Benfica disputam este sábado o quinto Clássico da época, o terceiro no Dragão Caixa, em partida agendada para as 15h, com arbitragem de Rui Torres e José Pinto e transmissão (prevista, pelo menos...) na TVI24.
Os duelos começaram na Luz, no fecho do ano civil de 2017, com vitória encarnada para o Campeonato Nacional por 6-2. Seguiu-se nova vitória encarnada, por um tangencial 3-2, em Março, na primeira mão dos quartos-de-final da Liga Europeia. Duas semanas volvidas, já em Abril, começaram os duelos no Dragão Caixa. E o factor casa voltou a vingar, desta feita a favor dos azuis-e-brancos.
Na segunda mão dos "quartos" da prova máxima europeia, o Porto destroçou o Benfica com uma vitória por 9-2, fruto de uma entrada em jogo demolidora. E, apenas uma semana depois, então para a Taça de Portugal, a entrada forte dos dragões foi mais uma vez determinante para uma vitória que se cifraria em 5-2.
Lar, doce lar
Em quatro confrontos esta temporada, a vitória sorriu sempre a quem jogou na sua pista. E tal é regra desde há muito.
A título de exemplo, tendo como ponto de partida o momento em que Pedro Nunes chegou ao comando técnico do Benfica, em 2013, dragões e águias defrontaram-se 18 vezes. Bem, na prática, 17, dado que o Benfica faltou ao embate agendado da Taça de Portugal da pretérita temporada... Foram três Clássicos em 2013/14 e 2015/16, quatro em 2014/15 e 2016/17 (três, efectivamente) e agora cinco esta época.
Dessas 17 ocasiões, sete foram no Dragão Caixa e outras tantas na Luz, havendo como excepção às vitórias caseiras apenas um desfecho em cada pavilhão. Curiosamente, ambos na já distante temporada de 2014/15, ainda antes de Guillem Cabestany chegar. Então, o Benfica venceu no Dragão por 3-7 para o Campeonato Nacional, ao passo que o Porto logrou um empate a três na Luz para a Liga Europeia.
Olhando para esta temporada, o Porto chega a este confronto com melhor ataque (141 vs 129), mas pior defesa (53 vs 45) e com duas derrotas, na Luz e em Barcelos. O Benfica chega ao Dragão Caixa invicto para o Campeonato Nacional, tendo perdido pontos em três empates: em Oliveira de Azeméis, no João Rocha e em Valongo.
Resumindo, para o Campeonato, no confronto do seu lar, Porto e Benfica só sabem vencer. E este jogo é no Dragão Caixa. Pesará no subconsciente dos encarnados as duas recentes derrotas naquele pavilhão, que custaram o afastamento da Liga Europeia e da Taça de Portugal, e no dos azuis-e-brancos ainda estará bem presente a derrota de há menos de uma semana, ainda que noutro contexto [a Liga Europeia] e ainda que com outro adversário [o Barcelona]. Golpes no ânimo e no ego das duas equipas que cabe a Cabestany e Nunes trabalhar...
Afinal, quem vai à frente?
Benfica e Porto estão na liderança "ex aequo" do Campeonato Nacional com 60 pontos ao cabo de 22 jornadas. Mas, para elaboração da tabela classificativa, quem é primeiro e quem é segundo?
Se por crueldade com os adeptos, que ficariam privados de grandes espectáculos, o Campeonato terminasse agora mesmo, o Benfica seria coroado vencedor em virtude da vantagem no confronto directo com os azuis-e-brancos, dado que, no único jogo entre as duas equipas para a prova em causa, os encarnados venceram por 6-2.
Tal é respondido no Artigo 7º (Qualificação de clubes, atribuição de pontos e desempate classificativo) do Regulamento Geral, no ponto 4 que "resolve" o empate pontual entre duas equipas. E, no caso particular do percurso de Benfica e Porto, ficaria decidido logo no primeiro critério, onde se lê que "Será melhor classificada a equipa que, nos jogos da fase da prova realizados entre ambos, tenha obtido o maior número de pontos".
No entanto, o regulamento federativo só considera a classificação (e respectivo desempate) no final da prova, e não enquanto esta decorre. Tal justificará a adopção por alguns orgãos de uma "lei" que é do futebol. O regulamento da Liga de futebol aborda o desempate em caso de igualdade de pontos no seu Artigo 17.º em que o ponto 1 define os vários critérios, semelhantes aos do ponto 4 do Artigo 7º do regulamento do Hóquei em Patins.
Mas, no futebol, há um ponto 3 complementar que torna explicita a diferenciação. Lê-se que "Para estabelecimento de classificação dos clubes em cada jornada serão aplicáveis, para efeitos de desempate, os critérios previstos nas alíneas d), e) e f) do anterior n.º 1", o que coloca de parte o confronto directo, referido nas três primeiras e excluídas alíneas. Uma exclusão que não existe no Hóquei em Patins...
Sporting na expectativa
Independentemente de quem parte em primeiro para esta 23ª jornada, o Sporting parte em terceiro. Mas pode estar em primeiro, isolado, já este sábado, por volta das 17h. Os leões não poderão acompanhar a partida dos rivais, dado que, à mesma hora, defrontam o Paço de Arcos. Caso vença o actual 10º classificado, o Sporting passa a somar 62 pontos e um empate no Dragão Caixa faz com que Porto e Benfica "só" fiquem com 61.
No entanto, mesmo que o resultado do Clássico não permita deixar a equipa de Paulo Freitas no primeiro lugar (mas permitirá sempre que chegue a segundo), o dérbi com o clube da Linha é fundamental para as aspirações do Sporting que, claramente favorito nesta jornada, tem nas três últimas um ciclo que ninguém inveja: vai à Luz, recebe o Porto e fecha em Oliveira de Azeméis.
Para os protagonistas do Clássico deste sábado, também se prevêem algumas dificuldades na recta final do Campeonato Nacional... O Porto ainda terá de jogar com Oliveirense (casa), Sporting (fora) e Infante Sagres (casa), enquanto o Benfica defronta Sporting (casa), Infante Sagres (fora) e Grândola (casa).
Sábado, 19 de Maio de 2018, 1h10