105 segundos por jogar e já todos voltaram a casa

105 segundos por jogar e já todos voltaram a casa
Foto de capa: Federação de Patinagem de Portugal

Portugal investia para virar a desvantagem de 2-3 quando a intempérie Leslie destruiu parte da cobertura do Municipal da Mealhada e obrigou à suspensão do jogo. O comité europeu não tomou uma decisão, com cada membro a regressar à sua origem, tal como selecções que este domingo deixaram a unidade hoteleira onde estavam no Luso

Enquanto a Leslie deixou…

A precisar de vencer para conquistar um título que lhe escapa há 17 anos, Portugal, entrou em pista com pinturas faciais, numa atitude de quem vai para uma batalha épica, a defender de forma agressiva e a surpreender as vigentes campeãs da Europa e do Mundo.

Aos três minutos, Sara Lolo viu o azul por uma falta sobre Marlene Sousa. A capitã portuguesa não conseguiria transformar o respectivo livre directo em golo, mas redimir-se-ia pouco depois, em “powerplay”, com o tento inaugural da partida.

A Espanha tinha mais posse de bola, mas Portugal fechava bem, antecipava os lances e ainda tentava sair rápido.

A vantagem lusa sobreviveria até a uma grande penalidade – desperdiçada por Natasha Lee – mas acabaria por sucumbir a um grande movimento de Marta Piquero, a “sacudir” Sofia Moncóvio e a fuzilar Maria Celeste Vieira.

Marta Piquero já tinha “tramado” o Benfica na final da Liga Europeia e agora tramava também a selecção portuguesa. De resto, Ricard Ares terminou a primeira parte a jogar com as quatro peças fundamentais do campeão europeu Gijón - Lolo, Piquero, Diez e Casarramona – enquanto Carlos Pires tinha em pista três das finalistas vencidas, em Maria Celeste, Marlene e “Bé” (Inês Vieira).

A Espanha tinha tido mais posse de bola, ainda que não a conseguisse materializar em reais oportunidades de golo. Mas tal foi contrariado no início da segunda parte.

Com pouco mais de um minuto decorrido, Berta Busquets, a MVP da última edição da OK Liga, virou o resultado e obrigava as portuguesas a marcarem pelo menos dois golos. O panorama poderia ter ficado ainda mais negro para as lusas, mas Maria Diez (“Peke”) desperdiçaria uma grande penalidade aos três minutos.

Portugal assumiu a sua vontade de conquistar este Europeu e uma postura mais ofensiva. E tal redundou em golo. Aos seis minutos e meio, após lance individual de Sofia Moncóvio, a bola sobrou para a meia-distância de Renata Balonas que, livre para rematar, não perdoou.

Com mais de 18 minutos para jogar, o empate ainda satisfazia a Espanha, mas havia tempo para Portugal concretizar o objectivo a que se tinha proposto, e as portuguesas respiraram um pouco. Mas, cinco minutos volvidos, as “guerreiras” teriam de voltar a pensar em “correr” atrás do prejuízo (e de dois golos), quando, após boa jogada de “La Roja”, Sara Lolo faria o 2-3.

A equipa às ordens de Carlos Pires porfiou, mas a maior experiência competitiva das espanholas vingava. Já nos três minutos finais, o furacão Leslie, que já tinha deixado o Municipal da Mealhada a meia-luz, provocou total quebra de luz. Era um aviso. Retomado o jogo, os danos na cobertura foram mesmo impeditivos que o jogo prosseguisse, embora tal fosse tentado, naturalmente com a selecção portuguesa a ser a principal interessada.

Em Hóquei em Patins, 105 segundos para jogar, com 14 faltas para Portugal e nove para a Espanha, é todo um mundo de possibilidades. E, para já, é apenas isso, possibilidades, dado que o comité europeu acabaria a noite sem assumir uma decisão, que melindraria sempre uma das duas selecções ibéricas.

Terminou?

Na ausência de um regulamento específico para este Campeonato da Europa, o julgamento desta interrupção estará nas regras do jogo da World Skate, cuja última revisão entrou em vigor a 1 de Setembro último.

A questão estará abordada no capítulo 5, de “Não comparência ou abandono do jogo”, em particular no seu ponto 5. Aí pode ler-se que, quando há uma impossibilidade temporária ou permanente do uso do rinque, os árbitros devem aguardar 15 minutos. Não sendo possível retomar, há várias possibilidades.

No ponto 5.1 lê-se que, se o motivo for de “força maior” – sendo dado o exemplo de “água no rinque” ou “falha eléctrica” – que o jogo será disputado noutro rinque. Havendo 90 minutos para que a mudança de local se realize… Será neste ponto que Portugal poderá encontrar justificação para que se realizem os 105 segundos em falta, dado que a possibilidade de “transferta” seria impedida pelas forças de segurança presentes.

É que, não havendo solução para retomar o jogo, como não houve, os árbitros Massimiliano Carmazzi e Julien Thibault deviam ter informado as duas selecções que o restante do jogo já não se realizaria… Tal decisão teria naturalmente um impacto enorme, porque desde logo “prejudicava” o anfitrião, mas – com a partida do comité e das selecções – o cenário da federação espanhola receber as medalhas - de um histórico "penta" - na sua sede, quiçá com a entrega a ser feita por um estafeta de uma qualquer transportadora e não por um alto dirigente europeu, será o mais provável de se verificar…

AMGRoller

Partilhe

Facebook Twitter AddToAny
Outros artigos do dia