O Rei está vivo e o (H)Óquei também

O Rei está vivo e o (H)Óquei também

O Óquei de Barcelos venceu o Porto por 5-4 e subiu ao terceiro lugar que era dos dragões.

Que grande espectáculo de hóquei em patins teve lugar este domingo em Barcelos! Num dia frio e chuvoso a anunciar a chegada do Inverno, mesmo a convidar a ficar em casa a ver o jogo pela televisão, o Municipal de Barcelos foi pequeno para tanta gente que quis assistir ao Clássico entre Óquei de Barcelos e FC Porto.

Separados por dois pontos na classificação, quarto e terceiro começavam o jogo a saber que o Benfica tinha somado a oitava vitória em outros tantos jogos no campeonato e que a Oliveirense tinha perdido os primeiros pontos, empatando no Livramento.

O Municipal de Barcelos encheu
O Municipal de Barcelos encheu

Galvanizado pela multidão que transbordava dos lugares marcados para as escadas de acesso, o Óquei entrou melhor e atrevido, mas coube ao Porto o primeiro sinal de perigo, com uma bola fortuita quase a trair Ricardo Silva. Os minutos passavam e a vontade dos jogadores da casa levava-os a acumular faltas, chegando à sexta contra apenas uma dos visitantes.

O entusiasmo inicial do Barcelos desvanecia-se enquanto o Porto equilibrava a partida mas Reinaldo Ventura – pela primeira vez do “outro lado” da barricada – fez jus ao epiteto de “Rei” e “tomou conta” dos seus súbditos, agora com o escudo do Óquei ao peito. De muito longe, na marca do meio do tempo da primeira parte, surpreendeu o seu companheiro do deca, Edo Bosch, e inaugurou o marcador. Sorte, terão dito alguns num lance infeliz do guarda-redes catalão. Mas, menos de um minuto depois, num remate fortíssimo cruzado da esquerda, Reinaldo fazia o 2-0.

Duelo entre Reinaldo Garcia, campeão do Mundo, e Vieirinha, campeão do Mundo de Sub-20, foi constante ao longo da partida
Duelo entre Reinaldo Garcia, campeão do Mundo, e Vieirinha, campeão do Mundo de Sub-20, foi constante ao longo da partida

Reagia de imediato o sucessor de Rei no Porto. O “príncipe” Hélder Nunes reduzia também à bomba e a também a bater continência aos seus adeptos quando Guillem Cabestany já tinha pedido um minuto para falar com os seus jogadores. Em desvantagem, ainda que mínima, no marcador, o Porto regressou do desconto de tempo mais agressivo, virando mesmo a contagem das faltas, mas sem conseguir restabelecer a igualdade antes do intervalo.

Ao intervalo, o Barcelos recebeu o título de campeão da III Divisão relativo à temporada 2014/15, conquistado pela sua equipa “B”.

Estava decorrido minuto e meio na segunda parte quando Reinaldo Ventura lembrou que ainda manda. E “manda” de longe… Novamente surpreendido, Edo Bosch viu o seu ex-colega assinar o 3-1 que colocava ainda mais pressão. E a décima falta azul-e-branca não tardou a cair. Aos três minutos, o Rei falhou no “mano-a-mano” com Edo (o catalão “ganharia” em três livres directos), deixando fugir a bola. E também nisso o sucessor Hélder o seguiu, “tremendo” dois minutos e meio depois da marca de livre directo de um palco onde já brilhou.

Hélder Nunes, sucessor natural de Reinaldo Ventura no Porto, apontou um golo mas desperdiçou um livre directo
Hélder Nunes, sucessor natural de Reinaldo Ventura no Porto, apontou um golo mas desperdiçou um livre directo

E esse livre directo seria a oportunidade para restabelecer a igualdade, dado que outro Reinaldo – Garcia, um argentino campeão do Mundo – tinha feito com muita classe o 3-2. Não foi de livre directo, mas o empate não tardou. A concluir uma excelente jogada dos dragões, Rafa, outro filho de Barcelos, fez o 3-3.

Faltavam 18 minutos e de tudo um pouco, mas tal estava guardado para os derradeiros três minutos e meio. Até lá, o Porto foi mais ofensivo, mais perigoso mas Ricardo Silva brilhava na baliza enquanto o jogador que brilhara no ataque – Reinaldo Ventura – até descansava no banco.

Regressou o Rei deste jogo a meia dúzia de minutos do fim para castigar a 15º falta de um Porto agressivo na procura da bola, mas voltou a não conseguir concretizar. Estava destinado que o especialista de bolas paradas marcaria apenas em jogo corrido, e o “careca” não fintou o destino. Miguel Vieira, “Vieirinha”, um Sub-20 a jogar como “gente grande”, protagonizou um grande lance e isolou o seu “Rei” na cara do defensor do último reduto do reino adversário. Desta feita, não foi à bomba, foi em jeito, com Reinaldo Ventura a bater Edo Bosch, colocando a bola sobre o guarda-redes, num lance que já tentara antes.

Reinaldo Ventura festeja o golo do poker
Reinaldo Ventura festeja o golo do poker

Uma vantagem a menos de três minutos e meio do final? O mesmo que nada em hóquei em patins… O Porto carregava, com Gonçalo Alves a tentar a meia distância, e o Barcelos a espreitava o contra-ataque, em particular por Hugo Costa. No seguimento do lance em que o rebelde atacante barcelense ficou a reclamar grande penalidade, Jorge Silva fez o empate a quatro num remate à entrada da área de Ricardo Silva.

Menos de minuto e meio para jogar e muita história para contar… Ninguém arredava pé e a vinte segundos do final, Gonçalo Alves viu o azul e levou Rei para a marca de livre directo. Foi o 0-3 para Edo Bosch nesse particular dos livres directos que, pelo menos neste jogo, não valeu pontos.

Jorge Silva, mesmo marcado na testa pelas incidências do jogo, fez o 4-4
Jorge Silva, mesmo marcado na testa pelas incidências do jogo, fez o 4-4

Arrumamos agora e vamos embora? Não se levantem já que #IstoÉHóquei… O Porto não se contentava com um ponto e descurou as costas… E o Costa. Hugo, mais uma vez na cara de Edo Bosch, não perdoou a cinco segundos do derradeiro apito e, assistido por Reinaldo Ventura, fez o 5-4 que levou o Municipal à loucura. O “Rei” tirou um momento de mão na tabela para contemplar a festa dos agora seus companheiros, dos agora seus seguidores na bancada que, cruéis, já conspiravam pelos livres directos que desperdiçara.

Terminado? Ainda não… Cinco segundos são uma eternidade e podiam ter trazido os proclamados deuses do Municipal à terra. Umas décimas mais do que dois segundos para jogar e Reinaldo Ventura viu o azul, levando o homónimo Garcia, o mais experiente de uma jovem equipa azul-e-branca destinada a altos voos, para o frente a frente com Ricardo Silva. Não marcou o argentino e fizeram os barcelenses a festa de três pontos que os levam ao terceiro lugar em troca com os dragões, numa corrida do campeonato que a equipa de Barcelos vai fazendo “por fora”.

Festa final foi barcelense
Festa final foi barcelense

No final de um jogo que teve tudo, começando por uma assistência extraordinária e terminando em duas equipas em que a vitória ficaria bem vestida com o azul e amarelo da casa ou o azul e branco forasteiro, os protagonistas barcelenses não cabiam em si de contentes.

Do técnico Paulo Freitas, a prometer um Barcelos a lutar jogo a jogo, passando por Reinaldo Ventura e Ricardo Silva, esteios ofensivo e defensivo do Óquei, até ao internacional jovem Vierinha, homenageado o intervalo pelo título Mundial de Sub-20 pela Associação de Patinagem do Minho e pelo Óquei Clube de Barcelos, todos sublinharam o grande espectáculo dentro e fora das tabelas, a melhor divulgação que a modalidade podia desejar.

AMGRoller Compozito

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