Fogo do dragão vence águia sem chama
A final do Campeonato arrancou com goleada por 5-0. E a vitória do Porto poderia ter sido ainda mais dilatada, tal a apatia e falta de soluções do Benfica, que ficou em branco na casa do rival pela segunda vez em 13 anos...
Quando Nuno Resende se referiu ao Valongo como a "fava do play-off", falou do tempo de preparação que os valonguenses tiveram antes dos quartos-de-final, mas também do ritmo com que vinham de dois jogos com prolongamento no fim-de-semana (de Liga Europeia) antes de uma quarta-feira do jogo um, menosprezando um eventual desgaste.
Mas no primeiro jogo da final, o "embalo " das águias - de cinco jogos intensos nas meias-finais - não surtiu efeito. Sem Pablo Álvarez, e ainda que o astro argentino não esteja a ser particularmente desequilibrador de águia ao peito, o Benfica protagonizou uma exibição confrangedora e a derrota por 5-0 é quase lisonjeira...
Estava cumprido pouco mais de um minuto de jogo quando Carlo Di Benedetto inaugurou o marcador no Dragão Arena. Depois de seis jogos consecutivos a marcar primeiro, os encarnados começavam em desvantagem.
O Porto procurava capitalizar o seu ímpeto inicial, mas o segundo golo tardava. Aos 11 minutos, Gonçalo Alves não conseguiu bater Pedro Henriques de livre directo (depois de azul a Nicolia), mas, minuto e meio volvido, o goleador-mor do Porto faria mesmo o 2-0, batendo Rodrigo Vieira quando Pedro recebia assistência. E, um minuto depois, Di Benedetto fazia o 3-0.
Os dragões de Ricardo Ares pressionavam e, já com nove faltas, chegariam ao quarto golo, por Xavi Barroso. Carlos Nicolia desperdiçaria o livre directo da 10ª falta portista a dois minutos do intervalo e, já na segunda parte, Rafa ampliava para 5-0.
Havia mais de 23 minutos para jogar, mas já não havia discussão possível. O Porto, com o conforto da vantagem, até se precipitou em faltas, mas Lucas Ordoñez também não aproveitou a 15ª falta. Tal como Di Benedetto não aproveitou a 10ª encarnado, pouco depois.
O Benfica até dispôs de boas oportunidades, mas faltava foco e acerto. A dois minutos do fim, o Porto chegou às 20 faltas, mas também não seria Edu Lamas a fazer balançar as redes do Porto, então já defendidas por Tiago Rodrigues.
Duelo a pender para os dragões
Desde que, no ano passado, as águias "ousaram" vencer por duas vezes no Dragão Arena, houve sete confrontos oficiais e mais um oficioso, para a Golden Cup. O Benfica venceu apenas um jogo, na Luz, na segunda volta da fase regular, por 4-1, sendo que o saldo global destas oito partidas é de 19 golos marcados pelos dragões e nove pelas águias.
Em branco
Em tempo de play-off, perder por um ou por cinco, marcar cinco ou não marcar nenhum, é exactamente a mesma coisa. Contam as vitórias, tangenciais ou dilatadas. Mas as derrotas pesadas deixam marcas.
A derrota sem golos marcados foi apenas a segunda nos últimos 13 anos do Benfica perante o seu rival. Tirando esta partida, os encarnados só tinham regressado em branco da viagem à casa dos dragões no quinto - e decisivo - jogo das meias-finais da pretérita temporada (4-0). Antes, é preciso recuar até aos play-offs de 2007, 2008 e 2009, em que os caminhos de azuis-e-brancos e encarnados se cruzaram sempre e em que o Porto - que venceu sempre as séries - registou sempre uma vitória sem sofrer golos. Respectivamente, por 5-0, 6-0 e 1-0.
Os encarnados procurarão redimir-se já no próximo domingo, dia 19, na Luz, onde não perdem desde 16 de Outubro. Na pior fase da época, foram derrotados, na sua única derrota caseira da temporada, por 3-5 pelo Tomar. Curiosamente, foram os tomarenses que sofreram a derrota mais pesada nas 18 partidas deste play-off, no Dragão Arena. O 5-0 sofrido pelo Benfica é o segundo resultado mais desnivelado.
Final
• Porto 5-0 Benfica • 16.Jun • 1-0
• Benfica vs. Porto • 19.Jun • 15h • Carlos Correia e Joaquim Pinto
• Porto vs. Benfica • 22.Jun • 20h • Pedro Silva e Ricardo Leão
• Benfica vs. Porto • 25.Jun • 15h se necessário
• Porto vs. Benfica • 29.Jun • 20h se necessário
Quinta-feira, 16 de Junho de 2022, 22h42