A 'Revisão de Vídeo', uma ferramenta para os árbitros
Em teste na Elite Cup, o 'Sistema de Revisão de Vídeo' distancia-se do 'Vídeo-Árbitro', sendo mais uma ferramenta para os árbitros de pista. Os custos necessários já estão previstos no aumento orçamental da prova.
Em 2021, a Federação de Patinagem de Portugal anunciava em comunicado a "utilização de vídeoarbitragem no Hóquei em Patins com aplicação plena no Campeonato Nacional da 1ª Divisão a partir dos Play-Off da época 2021/2022". No entanto, a Taça 1947, definida como palco de teste, foi cancelada e ficou adiada a ferramenta que tanto jeito teria dado em alguns jogos mais quentes da fase final do campeonato.
Agora, a Elite Cup servirá para testar o Sistema de Revisão de Vídeo, SRV, que - como Orlando Panza, presidente do Conselho de Arbitragem, fez questão de deixar claro na apresentação - se distancia da "videoarbitragem". Ainda que dificilmente deixe de ser apelidado popularmente como "VAR", não haverá um árbitro a fazer o acompanhamento das partidas por sistema vídeo. Mas os árbitros de pista ganham uma nova "arma" para clarificar os lances mais complicados e, por vezes, decisivos.
O SRV permite aos árbitros reverem situações de jogo com recurso às imagens captadas pela produção televisiva, mas apenas por decisão própria ou a pedido das equipas e em situações bem definidas.
Os árbitros poderão utilizar o SRV para analisarem "Situações de Linha de Golo", ou seja, para verificarem se a bola passou (ou não) totalmente a linha de golo, validando ou não o tento, e "Conflitos", em que haja "aglomerados de intervenientes, mínimo de 4 intervenientes" para identificar - e sancionar - eventuais actos de violência.
A análise por SRV pode igualmente ser requisitada pelas equipas, mas apenas duas vezes por cada equipa, independentemente de se vir a perceber que tinham (ou não) razão na contestação. Parecendo pouco para o muito "ruído" que por vezes há, recorde-se o exemplo da profissionalizada liga norte-americana de basquetebol, a NBA, em que só é permitido um "desafio" de revisão.
As situações que podem ser objecto de pedido de revisão pelas equipas reportam a "Faltas graves e muito graves" (passíveis, respectivamente, de cartão azul e cartão vermelho), "Penalti e Livre direto" e "Falta de Equipa a que corresponda livre direto nos últimos 5 minutos do jogo" que tenham sido ou não assinaladas pelos árbitros.
Para formalizarem um pedido de revisão, as equipas terão de apresentar um cartão à mesa nos 30 segundos contados a partir da ocorrência que pretendem ser revista. Se o jogo estiver parado, o lance é revisto de imediato, caso contrário é revisto na paragem de jogo seguinte.
Caso haja justificação clara e inequívoca para se corrigir uma decisão, o tempo de jogo voltará ao momento da ocorrência.
Cenário ideal para teste
No arranque da temporada, a Elite Cup perfila-se como um cenário ideal para teste ao SRV, tal como foi, no passado, ainda na sua versão oficiosa, para os descontos de tempo ou a marcação de grandes penalidades ao apito.
De 2 a 4 de Setembro, serão 12 jogos num mesmo palco - mais do que os sete previstos numa Taça 1947 -, a poder usar a mesma estrutura tecnológica de produção televisiva, num pavilhão que estará totalmente dedicado ao evento.
O protocolo para esta prova, no que ao SRV diz respeito, aponta à utilização de "câmara principal", localizada em posição elevada e central, que acompanha em permanência o desenrolar do jogo, e de "câmara base", a cobrir as áreas, de forma a proporcionarem repetições num ângulo distinto.
Aumento orçamental justificado
O investimento necessário em meios humanos e técnicos adicionais para garantir a devida utilização do Sistema de Revisão de Vídeo justificam parte do aumento do orçamento da Elite Cup.
Recorde-se que, dos cerca de 140 mil euros (já com IVA) assumidos pela Câmara Municipal de Tomar em 2021, foram adjudicados para o evento deste ano cerca de 178 mil euros, sendo que - para além dos custos relacionados com o SRV - a diferença é também justificada pela realização da nova Elite Cup feminina.
O evento "Elite Cup" compreende este ano, e pela primeira vez, dois fins-de-semana. De 2 a 4 de Setembro, joga-se a 6ª edição (segunda oficial) da prova masculina, e de 10 e 11 de Setembro, também no Pavilhão Municipal Cidade de Tomar, terá lugar a estreante prova feminina com as jogadoras de Benfica, Sporting, Académico da Feira e CACO a serem as "pioneiras".
Domingo, 14 de Agosto de 2022, 15h58