Um gostinho a sonho olímpico

Um gostinho a sonho olímpico
Foto de capa: Evandreia Buosi | Rio 2016
Foto e video : SporTV, "Na Cola da Tocha"

Os Jogos Olímpicos 2016, realizados no Rio de Janeiro, terminaram há pouco mais de um mês e o Hóquei em Patins passou mais uma vez ao lado de um sonho que obstinadamente alguns perseguem.

E também já se sabe que não fará parte do programa olímpico em Tóquio, em 2020, pese a introdução de um desporto tutelado pela Federação Internacional de Desportos de Patinagem: o skate.

Enquanto o sonho tarda em tornar-se realidade, todas as pequenas aproximações, todos os pequenos pormenores, ganham uma dimensão extra.

Quando a tocha olímpica, no seu percurso para o Rio, passou na metrópole de São Paulo e nas mais pequenas cidades limítrofes, esteve nas mãos de Patrícia Albuquerque.

A 23 de Julho, a cidade de Guarulhos concedeu à melhor jogadora de Hóquei em Patins de todos os tempos do Brasil (e quiçá do Mundo) a honra de transportar a tocha e, de alguma forma, participar nos Jogos.

Patrícia Albuquerque, que rumou a Portugal com 23 anos para conquistar oito campeonatos e oito Taças por Nortecoope e Fundação Nortecoope, aponta factores extra-desportivos para a ausência do Hóquei em Patins no programa Olímpico.

"Parece obedecer muito mais a critérios económicos", refere. "O facto do Hóquei ser um desporto de difícil acompanhamento pela TV para quem não está familiarizado com ele, talvez pelo tamanho da bola e rapidez muito próprias, afasta os patrocinadores", garante, certa que sem esses patrocinios será impossível estar na maior festa Mundial do desporto. "Acredito que o principal fator de inclusão de novos desportos nos Jogos Olímpicos seja a força desses gigantes económicos, que trazem com eles o interesse dos americanos e todo o potencial do seu mercado consumidor e gerador de divisas", analisa. "Enquanto o Hóquei não se mostrar interessante do ponto de vista económico, acredito que a entrada nos Jogos seja inviável", afirma realisticamente.

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Competição mista

Patrícia Albuquerque apontou, em 15 anos de carreira ao mais alto nível, cerca de 2300 golos. Nos Campeonatos do Mundo, foi eleita quatro vezes como a melhor jogadora e sagrou-se cinco vezes como a melhor marcadora. Um patamar a que não será alheio o facto de, no seu percurso formativo, ter treinado sempre com equipas masculinas.

Na temporada que agora se inicia, a Federação de Patinagem de Portugal vai promover equipas "mistas", com a possibilidade de atletas do sexo feminino poderem jogar, mesmo nos seniores, nas equipas masculinas (excluindo-se apenas as da I Divisão). Uma medida já adoptada noutros países europeus que Patrícia aplaude. "Acho essa medida fantástica, pois a modalidade certamente daria um salto qualitativo", assegura, certa de que haveria retorno desportivo. "Portugal certamente colheria ainda mais frutos com as suas selecções femininas", vinca.

A Selecção Nacional feminina está esta semana a disputar o Campeonato do Mundo, em Iquique, no Chile. A ex-glória da selecção brasileira vaticina um desfecho que é regra no masculino. "Acredito que a disputa será entre Portugal, Espanha e Argentina. São as selecções mais fortes e candidatíssimas ao título", justifica.

Os Jogos de 1992

Em 1992, Juan Antonio Samaranch, ex-jogador, ex-treinador, apaixonado por Hóquei em Patins e, convenientemente, presidente do Comité Olímpico Internacional, não deixou escapar a oportunidade de incluir a modalidade nos Jogos Olímpicos que recebeu em casa (Barcelona). No entanto, "apenas" como modalidade de exibição, que acabaria por não vingar para o programa oficial.

Portugal, que detinha o título Mundial (e o renovaria no ano seguinte), ficou aquém da sua História e quedou-se pelo quarto lugar. Para a posteridade, fica a equipa que representou a selecção das Quinas: António Chambel, António Neves, Franklin Pais, Luís Ferreira, Paulo Almeida, Paulo Alves, Pedro Alves, Rui Lopes, Vítor Fortunato e Vítor Hugo.

Na final, a reclamar o único ouro olímpico da modalidade, os argentinos bateram os anfitriões espanhóis. Sob o comando técnico de Miguel Miguez jogaram e conquistaram o outro pela albiceleste Alfredo Bridge, Alejandro Cairo, Diego Allende, Gabriel Cairo, Guillermo Herrmann, José Luis Páez, Pablo Cairo, Raúl Monserrat e Roberto Roldán.

AMGRoller Compozito

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