«É preciso criar melhores condições aos árbitros»
"Bodes expiatórios" de muitas derrotas, os árbitros são intervenientes fundamentais nas partidas de Hóquei em Patins.
A Associação Nacional de Árbitros de Hóquei em Patins, liderada por Ricardo Oliveira, leva às assembleias da Federação de Patinagem de Portugal cinco delegados, correspondentes a cerca de 8.2% dos 61 delegados que decidem.
Na hora de fazer um balanço do último mandato, o presidente da ANAHP reconhece os constrangimentos económicos e o trabalho em prol da recuperação financeira. "Foi um mandato de reestruturação da casa, da federação. Foi uma gestão muito apertada que não deixou grande flexibilidade para investimentos na modalidade, mas havia necessidade de a fazer para que houvesse saneamento das contas", refere Ricardo Oliveira.
Dos elogios é fácil depreender o apoio da associação à lista, única, que é de continuidade. "São pessoas com provas dadas. Independentemente de haver alguns percalços, mas têm vindo ao longo destes anos a fazer um bom trabalho. Como se costuma dizer também 'só não erra quem nada faz'", sublinha. "É um grupo que nos merece respeito", reforça.
Se as contas estiverem certas, os objectivos mudam. "O pressuposto é que a casa esteja organizada e saneada, e aí esperamos que haja mais investimento por parte da Federação na modalidade, nomeadamente no que diz respeito à arbitragem", puxa "a brasa à sua sardinha". Como? "Criando melhores condições aos árbitros, não só financeiras, como também dando outros tipos de apoios que eventualmente o Conselho Nacional necessite... e que o pagamento aos árbitros seja mais célere", detalha.
45 segundos
Um dos temas em cima da mesa neste arranque de época, é o do marcador dos 45 segundos de tempo de ataque, testado e aprovado por todos os intervenientes - árbitros, treinadores, atletas e adeptos - na primeira edição da Elite Cup.
Ricardo Oliveira vê as vantagens da adopção deste "contador". "Num contexto de evolução dos árbitros, isso vai ajudar bastante, não tenho dúvidas", garante. "E não estamos a falar em alteração de regras, antes pelo contrário, estamos a criar mecanismos para aplicá-las com maior cuidado e rigor", sublinha, afastando qualquer impedimento em termos regulamentares.
No entanto, para já, é preciso articular com as pessoas disponíveis, que são poucas. "A ANAHP está atenta, porque, neste momento, em termos de disponibilidade humana, ainda é curta", refere, reportando à necessidade de ter mais uma pessoa numa nova função.
Mas Ricardo Oliveira não se esconde no problema e aponta uma solução em que vê também uma oportunidade. "O Conselho de Arbitragem pode utilizar para essa função os árbitros com menos preparação, no início de actividade e isso até vai ser importante para eles porque vão tomar noção do que é o jogo, antes de eventualmente serem 'lançados às feras'", sugere, apontando à formação de novos árbitros.
"É um grande problema que temos neste momento, pois são 'lançados às feras' árbitros com pouca preparação. Normalmente, quando sobem dos regionais para o Nacional, vão com pouca preparação e o que acontece é que, na maioria dos casos, vão fazer jogos da terceira divisão", explica, levantando outras questões. "Para mais, é um árbitro só. São confrontados com uma realidade completamente distinta de estar a apitar miúdos", ressalva.
Contudo, a solução para a I Divisão que pode ser uma mais-valia - "dar-lhes-ia alguma maturidade em termos de percepção do que é a pressão do jogo" - volta a ser um problema porque a "manta" é curta. "Ao utilizarem-se esses árbitros, e mesmo árbitros de regionais, vai criar uma outra limitação nessas mesmas provas regionais. Neste momento não temos a quantidade suficiente de massa humana para fazer uma coisa em condições. E para isso é preciso tempo e formações, que cada associação terá de fazer a nível regional no sentido de angariar novos elementos para os seus quadros", alerta em conclusão.
O Conselho de Arbitragem
O Conselho de Arbitragem gere a relação com os árbitros dentro da FPP, desde logo com o ónus das nomeações. Agostinho Peixoto da Silva é o actual presidente do Conselho e, na lógica de continuidade, está na lista única que vai a eleições para manter o cargo de responsabilidade que ocupa. Em jeito de balanço, Agostinho Peixoto vê melhorias. "A arbitragem tem vindo gradualmente a evoluir, com um melhor conhecimento das regras", afirma. "Começámos a fazer formação para lá das regras, a que esperamos dar continuidade com esperança de um retorno de qualidade arbitral no futuro, e temos mais preocupação com o aspecto físico, impondo mais preparação física", destaca.
Ao longo do próximo mandato, a preocupação com a formação agudiza-se. "Temos necessidade de muitos mais árbitros, pois vamos ter 12 a sair nos próximos quatro anos", constata. "Esperamos poder melhorar as condições no futuro, em termos de conhecimentos técnicos, civilizacionais e financeiros", contrapõe, na expectativa de dar resposta às exigências. "Os clubes estão a fazer um maior investimento, e por isso há mais necessidade de resposta a estes novos desafios, quer em qualidade, quer em quantidade arbitral", constata. Pormenorizando, Agostinho Peixoto deixa um desejo que ajudará os árbitros no desempenho das suas funções. "A evolução é obrigatória e necessária também em tecnologias de comunicação", visa, reportando-se aos "auriculares" que, mesmo que actualmente não sejam soluções profissionais, facilitam a comunicação dentro do rinque.
Sexta-feira, 28 de Outubro de 2016, 9h33