Saber fazer
A 17ª jornada do Campeonato Nacional da I Divisão terminou com um novo líder.
A Oliveirense esteve no topo da classificação nas nove primeiras jornadas - somando por vitórias todos os seus jogos - mas o virar do ano, com as deslocações aos recintos dos outros assumidos candidatos, ditaram a primeiras perdas de pontos. A equipa de Tó Neves perdeu no último jogo de 2016 no Dragão Caixa (6-4) e no primeiro de 2017, em Alverca, frente ao Sporting (3-1).
Em risco de perder o "comboio" da frente, a Oliveirense não falhou no regresso ao seu reduto e foi convincente frente a um Benfica que ainda não perdera pontos para o Campeonato. Venceu por 4-2 na primeira de seis vitórias consecutivas em 2017 que agora, em virtude de dois empates das águias, tornam a Oliveirense líder e, pela primeira vez, isolada.
Apontada a conquistas
A aposta da Oliveirense - e do grupo Simoldes - tem sido forte, mas vai faltando um grande título. Sem desprimor para a Taça CERS conquistada em 1997, numa final com o Gulpilhares, ou as Taças de Portugal conquistadas em 1997, 2011 (esta com Tó Neves como treinador) e 2012, a Oliveirense aponta a uma inédita conquista maior, inédita no seu palmarés. Seja cá dentro, ou lá fora.
Na última temporada, a Oliveirense deu mais um passo na afirmação europeia. Depois de afastar o Porto nos quartos-de-final (a duas mãos), venceu os italianos do Forte dei Marmi nas meias e só caiu na final, frente ao Benfica e na Luz, num jogo que mereceu duras críticas da estrutura oliveirense à actuação da dupla de arbitragem.
Também na Taça de Portugal, o sortilégio tinha colocado a Oliveirense a caminho da Luz, ficando afastada à primeira, nos 16-avos, com um 5-3 que se repetiria na final europeia.
No campeonato, o terceiro lugar foi garantido na última jornada. Para não variar, o palco da decisão foi a Luz, desta feita com a equipa liderada por Tó Neves a vencer por 7-9. Os encarnados já tinham o título na mão, mas a Oliveirense teve o mérito de quebrar um longo ciclo das águias sem perder no seu reduto.
Um saber de experiência feito
Para 2016/17 voltou a haver forte investimento no reforço do plantel. Do contingente estrangeiro, a equipa perdeu Carlos Lopez e Albert Casanovas, mas foi a Itália buscar Pablo Cancela e Jepi Selva e, num acto arrojado, conseguiu trazer do Liceo a sua estrela maior e uma das maiores da modalidade, Jordi Bargalló.
A aposta era clara na experiência, sem riscos. A Oliveirense arrancou para a nova temporada com um plantel com uma média etária superior a 30 anos, em que seis dos jogadores já eram trintões. De facto, João Souto - aos 24 anos, o "benjamim" da equipa - era o único que ainda não andava (talvez até já todos os outros patinassem) quando o Hóquei em Patins foi Olímpico, dado que o internacional português nasceu no dia da Cerimónia de Abertura desses históricos Jogos de Barcelona.
Ao grupo conduzido por Tó Neves não faltam argumentos, todo um "savoir-faire" que permite almejar a conquistas. Mas há dois pilares fundamentais que, entre 2009 e 2012, combinaram para três títulos europeus do Liceo. Jordi Bargalló (37 anos) e Ricardo Barreiros (35) conquistaram uma Taça CERS e duas Ligas Europeias e, se o passar dos anos tirou algum fulgor - mas não talento - ao espanhol, parece que o multiplicou no rigoroso português.
Para além destes, há mais campeões em Oliveira de Azeméis. Pedro Moreira foi nove vezes campeão ao serviço do FC Porto, Ricardo Barreiros também venceu de Dragão ao peito e Pablo Cancela é tricampeão italiano pelo Forte dei Marmi. Ainda maior destaque merecerão Nuno Araújo (que chegou esta época) e João Souto. Juntos, foram parte do título nacional do Valongo em 2014, inédito para o clube. O mesmo feito que a Oliveirense procura agora...
A Oliveirense não é uma equipa exuberante. É eficaz.
Só por uma vez a Oliveirense venceu por mais de quatro golos, num inesperado 10-3 a um Barcelos que tinha vencido dias antes o Porto. E, tirando os dois jogos que perdeu (ambos por dois golos), mais de metade dos jogos em que a Oliveirense saiu vencedora (11 em 21) foram por um golo, quatro deles nos seis jogos da fase de grupos da Liga Europeia.
A equipa de Oliveira de Azeméis conta 77 golos no campeonato, que a coloca como apenas o quinto ataque mais concretizador. Mas, com 46 golos sofridos, é a segunda melhor defesa. E diz-se que o ataque ganha jogos e a defesa ganha campeonatos...
Assumidos
Tó Neves nunca escondeu a sua ambição. Quer estar nas decisões. Em todas. E a Oliveirense é, sem dúvida, legitima candidata a tudo.
No Nacional é líder, na Taça só entra em prova dia 18 (terá uma tarefa que se adivinha difícil em Valongo) e na Liga Europeia chegou aos quartos-de-final como a única equipa só com vitórias. Vai defrontar (já este sábado) o Lodi, num reencontro com Nuno Resende, que foi jogador e treinador (e, num determinado momento, até desempenhou as duas funções em simultâneo) da Oliveirense.
Terça-feira, 7 de Março de 2017, 23h03