Empate deixa tudo em aberto para a segunda mão
O Porto recebeu o Reus na primeira mão dos quartos-de-final da Liga Europeia e não foi além de um empate que deixa tudo para decidir na Catalunha.
O confronto entre azuis-e-brancos e rojinegros foi um festival de golos e de ataque. Mais pressionante o Porto - mesmo sufocante em alguns períodos do jogo -, mais vertical e directo o Reus, a soltar-se da pressão dos dragões sempre com sentido de baliza.
Foi Rafa quem abriu o marcador, já estavam decorridos dez minutos de um jogo que parecia ter sentido único. Um Reus que desde o apito inicial parecia conformado com o empate com que todos os jogos começam, não importunava Carles Grau. Mais trabalho tinha Pedro Henriques que, quando foi batido pela primeira vez - estava o Reus em "underplay" -, já vira uma grande penalidade de Gonçalo Alves beijar-lhe o poste. No mesmo minuto do golo, houve novo duelo entre os especialistas portugueses (um a rematar, outro a defender), levando desta feita a melhor o atacante, para o 2-0. Foi a primeira vantagem de dois golos da partida (também viria a estar 3-1, 4-2, 5-3 e 6-4) que o Porto deixou escapar...
O Reus não tardou a responder. Aos 12 minutos, de muito longe, Albert Casanovas, que o ano passado afastou o Porto nos "quartos" ao serviço da Oliveirense, surpreendeu Grau e reduziu para a diferença mínima.
A partida ia ganhando mais velocidade, sempre com o Porto mais "em cima", a envolver o Reus e a tentar muitas vezes bater Pedro Henriques. Ao português, que saiu da Luz em busca de mais oportunidades para defender, não se podia queixar de falta de momentos para se mostrar... A cinco minutos do intervalo, Baliu fez o 3-1, já justificado pelo volume ofensivo dos dragões. Mas, sempre que se via em apuros no marcador, o Reus mostrava que era mais do que aquela equipa amarrada à rectaguarda. Na 10ª falta azul-e-branca, Marin não conseguiu reduzir desde logo porém, depois de Vítor Hugo ver azul na luta pelo posicionamento para ir à sobra do livre directo, faria mesmo o 3-2, ousando fazer no Dragão a caracteristica continência que é sua, mas também de Reinaldo Ventura e Hélder Nunes.
Voltou a carregar o Porto. E voltou a marcar. Gonçalo Alves fez o 4-2 no derradeiro minuto da primeira parte.
O Porto recolheu aos balneários com a terceira vantagem de dois golos da partida, mas nem os 10 minutos de reflexão que o intervalo proporciona serviriam delinear a melhor estratégia para defender a vantagem.
O Reus voltou a surgir acutilante. Sempre directo, com Torra e Marín, o ataque "reusence" voltaria a marcar em "powerplay" e novamente por Marín (4-3). Antes, Rafa vira o azul para um livre directo que Torra não conseguiria concretizar, e melhor não conseguiria Hélder Nunes depois de azul ao avançado que já foi do Benfica, mas este por Vítor Hugo - em tarde aziaga na saída dos livres directos - ter partido antes do tempo.
Os dois minutos de "powerplay" do Porto foram de uma pressão impressionante. Asfixiante. Pedro Henriques não tinha mãos (e luvas, caneleiras, stick, patins, máscara...) a medir e sobreviveu ao momento de inferioridade numérica. No entanto, escassos segundos depois de reposta a igualdade numérica, Reinaldo Garcia fazia o 5-3.
Todavia, nem dois minutos durou nova vantagem de dois golos. Salvat, que deixou três dentes na Copa del Rey, repôs a desvantagem mínima (5-4). Faltava jogar uma dúzia de minutos de uma partida que ainda teria muitos golos para registar.
O Porto, que não levantava o pé, chegou à sua última vantagem de dois golos no jogo a nove minutos do apito final. Jorge Silva viu duas grandes penalidades - ambas apontadas por Casanovas usar o patim dentro da área - serem desperdiçadas por Gonçalo Alves e Hélder Nunes, e deu uma "corridinha" para chegar primeiro à recarga da segunda e fazer o 6-4.
A partida parecia destinada a uma vitória azul-e-branca. Hélder Nunes voltou a não conseguir bater Pedro Henriques num livre directo que poderia valer a diferença de três golos e o Porto foi perdendo concentração, mas mantendo a pressão alta. Tal custou o golo de Marc Torra a sete minutos do final, após um contra-ataque em que Marin faz uma recepção extraordinária a meia altura. E, a cinco minutos do final, o Reus chegava de livre directo (15ª falta) a uma igualdade que não se registava desde que o Porto abrira o marcador.
O Porto abanou e Aleix aproveitou. Pese a contestação azul-e-branca, o golo a quatro minutos do final trazia recordações do apuramento falhado no ano passado pela equipa de Cabestany. Na resposta, Rafa fez a igualdade a sete e minorou os estragos. Mas o empate obriga os dragões a vencerem em Reus.
No final da partida, Enrico Mariotti reconheceu que o Porto até mereceria uma vitória por dois ou três golos, mas que as bolas paradas - desperdiçadas pelos dragões - ditaram o desfecho. Guillem Cabestany recusou-se a imputar ansiedade pelo afastamento na pretérita temporada, mas não deixou de apontar alguma falta de controlo quando a equipa esteve em vantagem. A rectificar na segunda mão, na Catalunha.
Forasteiros em vantagem
Nos restantes jogos dos quartos-de-final, quem jogou fora (os primeiros dos grupos), venceu, amealhando vantagens - ainda que curtas - para a segunda mão.
O Benfica, vencedor do grupo A, deslocou-se à Corunha para vencer o Liceo por 2-3. O Barcelona, melhor no grupo B, logrou uma vantagem de dois golos sobre o Forte dei Marmi, vencendo por 1-3. E a Oliveirense continua o seu percurso imaculado na prova. Depois de seis vitórias na fase de grupos, a equipa de Tó Neves venceu o Lodi, em Itália, por 3-5 e terá meio patim na Final Four.
A segunda mão dos quartos-de-final joga-se a 1 de Abril, ficando definido cartaz da Final Four.
Domingo, 12 de Março de 2017, 11h22