A final mais lógica
Barcelos e Viareggio são os finalistas da Taça CERS.
No arranque para a corrente edição da Taça CERS, Óquei de Barcelos, Vendrell e Viareggio perfilavam-se como os principais candidatos à conquista do título. Um patamar acima das restantes 27 equipas que se inscreveram, a equipa portuguesa vinha da conquista da CERS, enquanto a espanhola e a italiana vinham de participações dignas de registo na Liga Europeia e surgiam com planteis reforçados para a nova temporada. Outras se poderiam ter intrometido - com a Juventude de Viana, ou o Caldes - mas, no final, a teoria a que tantas vezes o desporto é averso, imperou.
André Almeida, Ruben Sousa e Alvarinho e o treinador Paulo Pereira são as novidades nos barcelenses em relação à conquista de 2016.
Quis o sortilégio que Vendrell e Viareggio se encontrassem logo na primeira eliminatória, quando o Barcelos ficou isento. Em dois jogos dignos de Final Four, registou-se um 3-3 em Itália, vencendo o Viareggio - com uma pitada de surpresa - em Espanha por 2-5.
Depois "pasito a pasito", foi ver Viareggio e Barcelos, com maior ou menor dificuldade, a caminharem para um encontro que já parecia marcado. Este sábado, as equipas passaram os derradeiros obstáculos.
No seu pavilhão, o Viareggio ainda não perdeu nesta edição da CERS. Venceu três jogos e empatou um.
Carimbou primeiro a passagem o Óquei de Barcelos. Frente ao Sarzana, houve muitas cautelas e muito respeito. A sete minutos do intervalo surgiram os golos. Três no espaço de pouco mais de um minuto. O conjunto orientado por Paulo Pereira adiantar-se-ia no marcador com um livre directo do inevitável Álvaro Morais ("Alvarinho"), mas os italianos responderam quase de pronto - de grande penalidade - por Davide Borsi. Ordenou o "Rei" - Reinaldo Ventura - de meia-distância, que a partida fosse para o descanso com vantagem barcelense de 1-2. Logo no arranque da etapa complementar, Miguel Vieira ("Vieirinha") fechou as contas em 1-3 e a maior valia dos detentores do título imperou no gerir do resultado.
Com mais dois jogos realizados, o Viareggio chega à final com dois empates e cinco vitórias (29-15 em golos). O Barcelos registou quatro vitórias e uma derrota - em Vilafranca - tendo apontado 17 golos e sofrido 10.
Mais dificuldades sentiu o Viareggio. Num jogo arbitrado por Luís Peixoto e Joaquim Pinto, a equipa liderada por um Bertolucci - Alessandro - no banco e outro em rinque - Mirko - venceu os catalães do Caldes por 0-2, com o derradeiro golo a ser conseguido apenas nos dois minutos finais. Davide Gavioli adiantou os italianos a meio da primeira parte, mas o Caldes, único representante do hóquei catalão - que conquistou 11 títulos na CERS, a que se somam mais quatro do resto de Espanha -, nunca baixou os braços e manteve a partida em aberto até bem perto do final. Seria curiosamente um catalão, Xavi Rubio (ex-Reus), a apontar o segundo tento da formação transalpina, destroçando as esperanças dos seus compatriotas.
Final inédita
O Óquei de Barcelos procura este domingo enriquecer um historial que conta com a conquista de todas as provas nacionais e internacionais. Campeão Nacional em 1993, 1996 e 2001, Vencedor da Taça de Portugal em 1992, 1993, 2003 e 2004 e da Supertaça em 1993, 1998, 2003 e 2004, o Óquei conquistou a Europa em 1991 (Liga Europeia, então Taça dos Campeões Europeus, e Taça Continental), 1993 (Taça das Taças) e 1995 e 2016 (Taça CERS). E os barcelenses conquistaram também o Mundo, em 1992, com a conquista da Intercontinental.
Se o Óquei de Barcelos defende o título conquistado em 2016 e todo um invejável histórico, o Viareggio está presente numa grande decisão pela primeira vez.
Xavi Costa pode conquistar a CERS por uma terceira equipa, depois de conquistas por Tenerife e Vendrell.
Os italianos contam no seu palmarés "apenas" um Campeonato, uma Taça (ambos em 2010/11) e uma Supertaça (2013) conquistados a nível interno, mas há no plantel gente que já levantou títulos europeus. Como os irmãos Bertolucci, que em 2005, com a lendária equipa do Follonica, conquistaram a CERS, vencendo no ano seguinte a Liga Europeia, ou Xavi Costa, que já conquistou a CERS por duas equipas diferentes: Tenerife em 2008 e Vendrell em 2013.
Este será também um duelo entre nações. A Espanha lidera em conquistas com 15 e, até há dois anos, era a Itália que se seguia, com 10 triunfos. Mas Sporting (em 2015) e Óquei de Barcelos (2016) deram a volta às contas, com Portugal a passar a somar 11.
Final é às 19h, com honras de transmissão na RTP2.
Tudo contas para refazer no fim dos 50 minutos - quiçá mais - da final que tem início agendado para as 20h locais, 19h em Portugal continental, com transmissão em directo na RTP2. O jogo deverá ser apitado pela renomeada dupla espanhola formada por Francisco Garcia e Oscar Valverde, apesar de já terem apitado a "meia" do Barcelos. O palco é para o "Mágico Barcelos" e o "M+agico Centro".
Domingo, 30 de Abril de 2017, 9h49