A tradição de Bargalló e Barreiros
Em 2016, a Oliveirense foi finalista. Agora, a equipa de Oliveira de Azeméis quer dar o passo que falta.
Na história das competições europeias, há curiosidades que se transformam em "tradição". Do ponto de vista da Oliveirense, umas são para quebrar. Porque, em Final Eight/Six/Four, em Espanha ganhou sempre uma equipa espanhola. Mas outras são para manter. Porque, Jordi Bargalló e Ricardo Barreiros, nos três anos que estiveram juntos no Liceo, conquistaram sempre a Europa. Primeiro na Taça CERS (Torres Novas, 2010), depois na Liga Europeia (Andorra, 2011, e Lodi, 2012).
"Espero manter essa sorte com o Ricardo", conta ao HóqueiPT Jordi Bargalló. Uma "sorte" que, para Barreiros, não passa de coincidência, mas que não enjeitava que se repetisse. "Deus queira que seja um bom prenúncio para esta competição. Se me propusessem, assinava já", graceja. "Acho que é coincidência. Tivemos essa felicidade, essa particularidade, mas não vejo outra razão que não seja coincidência", afirma o campeão da Europa por Portugal.
Sem favoritos
"Qualquer das quatro equipas tem argumentos e legitimidade para poder ambicionar vencer este troféu", analisa Ricardo Barreiros. "Ainda para mais numa competição que é resolvida em 48h. Se falássemos de uma competição com mais jogos, mais confrontos, a eventual supremacia de uma equipa em relação às outras poderia ficar mais vincada", detalha, enaltecendo o valor das equipas presentes. "Toda a gente estará de acordo que qualquer uma destas quatro equipas que aqui está, a um jogo, pode ganhar a qualquer uma das outras três", sublinha. "Também é uma particularidade desta competição e da forma como é decidida em apenas um fim-de-semana", reitera.
A Oliveirense venceu todos os jogos da fase de grupos e só não ganhou na segunda mão dos quartos-de-final, tendo empatado a três no conforto de uma vitória por 3-5 em Lodi.
"Temos a nossa qualidade, aquilo que nos trouxe até aqui, acho que estamos cá - como todas as outras equipas - com mérito do caminho que fizemos", afirma Barreiros. "Obviamente que acreditamos que no sábado temos todas as condições para vencer, mas estamos conscientes de que do outro lado está uma equipa que também tem todas essas condições para nos vencer...", refere cauteloso.
"Pau" de dois bicos
Na meia-final, a Oliveirense defronta o Barcelona, rival de Jordi Bargalló e do seu Liceo em muitas ocasiões. "Os jogos contra o Barcelona são sempre 'fixes' de jogar", frisa Jordi sobre o 'calor' particular dessas partidas, ressalvando que em Portugal também não falta intensidade. "Na liga portuguesa temos muitos jogos assim", afirma.
Mas, este ano, o Barcelona reforçou-se com um nome bem conhecido de Jordi. O irmão Pau, companheiro no Liceo nos últimos dois anos, será uma das "armas" do colosso blaugrana para dar cabo da tradição de Jordi Bargalló e Ricardo Barreiros. "Vai ser especial jogar contra o Pau depois de dois anos a jogarmos juntos na Corunha, mas o jogo também é especial porque é uma meia-final da Liga Europeia e é muito difícil chegar até aqui", refere, deixando elogios à temporada do seu irmão. "A verdade é que, tanto a ele como à equipa, as coisas estão a sair bem...", diz, como quem deseja interiormente que o próximo jogo não "saia" assim tão bem.
Alavanca emocional para o Campeonato
Independentemente do desfecho desta Final Four, Ricardo Barreiros vê a prova como uma "alavanca emocional" para o que falta disputar do Campeonato Nacional da I Divisão, que a Oliveirense lidera com um ponto de vantagem sobre o Benfica e dois sobre o Porto.
"Naturalmente que, se sairmos daqui vencedores, teremos uma tranquilidade maior para aquilo que vamos ter no Campeonato daqui para a frente", constata, encontrando outros argumentos num desfecho menos positivo. "Se sairmos daqui 'perdedores', se calhar dá-nos ainda mais motivos para nos agarrarmos ao objectivo do título nacional", contrapõe.
"Depende se queremos olhar para os pontos positivos. Depende de cada um, do individual, da forma de reagir", analisa. "Há momentos bons e momentos maus. Se calhar, na vitória também se pode dizer que já sentimos o dever cumprido e relativizamos o campeonato...", exemplifica. "Eu não penso que esta competição vá ter influencia directa naquilo que vai ser depois o Campeonato Nacional", reforça, traçando um paralelo com o Benfica, que joga a outra meia-final. "De certeza absoluta que tanto nós como o Benfica, isolamos completamente esta competição em relação às outras. Este fim-de-semana é para desfrutar e a partir de domingo pensaremos naquilo que nos falta", reitera.
A Oliveirense chegou a Lleida já esta quinta-feira, mas o atraso no vôo e uns ajustes no piso instalado no pavilhão Barris Nord - com problemas após os treinos de Reus e Barcelona - impediram a equipa de treinar no palco da Final Four, tendo realizado um apronto no pavilhão que é habitualmente usado pelo ICG Lleida. Esta sexta-feira haverá adaptação à pista e a meia-final com o Barcelona está agendada para as 17h15 locais deste sábado (16h15 em Portugal continental), com transmissão em directo na RTP2.
Sexta-feira, 12 de Maio de 2017, 18h30