Reus afasta Benfica na lotaria dos penaltis
Depois de um empate a quatro no final do tempo regulamentar e do prolongamento, o Reus venceu o Benfica por 1-2 no desempate por grandes penalidades e afastou o vigente campeão europeu da defesa do título.
Após um jogo de cautelas entre Oliveirense e Barcelona, as bancadas do Barris Nord quase que exigiam golos no embate entre Benfica e Reus. E não tiveram de esperar muito.
Logo no primeiro minuto, Albert Casanovas foi exímio - como é quase sempre - da marca de grande penalidade e abriu o marcador. E, já depois do Benfica ter desperdiçado igual oportunidade, Diogo Rafael fez de meia distância o empate. Dois golos e ainda não estavam cumpridos três minutos de jogo.
A partida foi muito intensa. Oportunidades junto de uma e outra baliza, sem esforços poupados apesar de, quer uma, quer outra equipa, limitarem as opções no banco a dois jogadores. No lado do Benfica entraram Jordi Adroher e Miguel Rocha, do lado do Reus foram opção Alex Rodriguez e Joan Salvat.
O Benfica assumiu as despesas do jogo, mais pressionante, mais perigoso, a pôr à prova Pedro Henriques numa miríade ocasiões. O golo de João Rodrigues, ao 2-1 com 11 minutos de jogo, num excelente gesto em habilidade, foi o corolário desse maior pendor atacante.
No entanto, o Reus, quase sempre na expectativa para sair em ataques rápidos conduzidos por Marin e Torra, chegaria a nova igualdade pouco depois. No primeiro azul - de dois para Diogo Rafael - do jogo, Guillem Trabal parou o remate de Raul Marín, mas a inferioridade numérica deixou uma autoestrada na zona frontal e o capitão do Reus "vingou-se" da oportunidade desperdiçada.
O jogo entrava na sua fase mais calma, mais ponderada, mais cerebral e menos emocional. Marc Torra fez o 2-3 a três minutos do intervalo, num golo que parecia quase inócuo. Nem o Reus entrou em euforia, nem o Benfica dramatizou. Tudo ficaria para resolver na segunda parte... e mais além.
O jogo recomeçou com um Benfica autoritário, a criar diversas oportunidades, mas sem eficácia. Nem de bola parada - Jordi Adroher não capitalizou de livre directo o azul a Salvat -, nem em superioridade numérica. Tal, mais tarde, revelar-se-ia fatal.
Puxando dos galões de campeão europeu em título, o Benfica virou o resultado. Carlos Nicolía fez o 3-3 com 14 minutos para jogar e, quatro minutos volvidos, Adroher colocava as águias na frente.
Derrotado esta temporada em já duas finais - Supercopa e Copa del Rey - o Reus via o sonho europeu perigrar. O Benfica controlava e estava perto de matar a partida, mas Pedro Henriques não deixava a esperança "rojinegra" morrer. Num duelo com Nicolía que já fez correr muita tinta, ganhou de livre directo. E outro argentino, Matías Platero, não deixou que o esforço do seu guarda-redes fosse em vão, fazendo o 4-4 que levaria o jogo para prolongamento.
Cumprido um minuto do tempo extra, o destino parecia estar com o Benfica. Platero viu azul e Nicolía foi para a marca de livre directo. Pedro Henriques voltou a levar a melhor, mas os dois minutos de powerplay continuavam a ser uma soberana oportunidade para carimbar a passagem. O Benfica pressionou, rematou, "massacrou" mesmo, como diria Pedro Nunes após o apito final, mas o golo não surgiu. E não surgiria para qualquer dos lados até à lotaria das grandes penalidades.
Duas meias-finais da Liga Europeia (2013 e 2016), as "meias" da Copa del Rey já este ano e a segunda mão dos quartos-de-final desta edição da Liga Europeia deram um estatuto de especialista ao português Pedro Henriques que vai fazendo história. E assim foi, mais uma vez.
Miguel Rocha, Adroher e João Rodrigues falharam os três primeiros "penaltis" dos encarnados. Mas Marín, Alex Rodriguez e Marc Torra não fizeram melhor perante Guillem Trabal. Marcou Carlos Nicolía, batendo enfim Pedro Henriques de bola parada, num golo muito festejado mas que acabaria por ser agridoce... Joan Salvat empatou logo de seguida, deixando para as derradeiras grandes penalidades a decisão. Valter Neves não marcou. Albert Casanovas não perdoou.
Pese Enrico Mariotti apontar a "uma equipa nova", a qualidade dos seus interpretes fará cair esse argumento. Este ano chegaram do Benfica Pedro Henriques, que conquistou duas Ligas Europeias pelos encarnados, e Marc Torra, que pode conquistar a sua quarta consecutiva. Chegou também Alex Rodriguez, uma certeza no futuro do hóquei em patins espanhol, e regressou Albert Casanovas, que no passado foi capitão dos "reusences". E já estavam o campeão do Mundo Matías Platero, bem como Raul Marín, figura maior da equipa pela sua abnegação e espírito combativo.
Esta pode ser a oitava conquista da Liga Europeia pelo Reus. A vitória escapa aos "rojinegros" desde 2009, numa "seca" que ainda é curta se se verificar que a anterior conquista data de... 1972. Histórico, no Hóquei em Patins espanhol e mundial, o Reus conquistara seis títulos consecutivos nas primeiras sete edições da mais importante - na altura, a única - competição europeia de clubes.
Como adversário da final que se joga a partir das 16h locais, menos uma em Portugal continental, o Reus encontrará uma Oliveirense com um Jepi Selva que tem contas a acertar com a história... No defeso de 2015, o Reus não mostrou interesse na sua renovação - numa decisão que poucos compreenderam - e acabaria por rumar a Itália, onde não tardou a conquistar os adeptos do Viareggio, tal como acontecera com os "aficcionados" do clube da região de Tarragona liderado por Monica Balsells.
A partida decisiva terá honras de transmissão televisiva na RTP2.
Sábado, 13 de Maio de 2017, 20h43