Os Europeus não se ganham apenas em rinque
#ABOUTMarina Alves é a mentora do projecto HóqueiPT e jornalista. Apaixonada pela modalidade, acompanha o hóquei em patins desde sempre e, profissionalmente, há mais de 10 anos.
Identificar culpados é um costume português. Aconteceu no futebol, quando Portugal foi goleado pela Alemanha, e voltou a acontecer no hóquei em patins, quando perdemos com a Itália. Mas, depois vamos a ver e até perdemos com as equipas que ganharam o campeonato em questão. Só que, entretanto, já nos chateámos com o jogo, ainda não sabemos como vai acabar a prova e começamos à procura de alguém a quem atirar a responsabilidade. Mas de quem é a culpa afinal? Do seleccionador? Do local do evento? Do jogador que não converteu as bolas paradas? Dos comentários nas transmissões televisivas? Todos acabamos por ter alguma responsabilidade. Hoje em dia, com as redes sociais, e por mais concentrados e fechados que os jogadores estejam, acabam por ter acesso a tudo. Ao bom e ao mau!
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As escolhas do seleccionador
Na derrota todos somos treinadores de bancada e gostamos de dizer que este ou aquele jogador não merecia estar ali porque fulano ficou de fora. É difícil agradar a gregos e troianos… e a todos os portugueses também.
É muito bom sinal poder criticar as escolhas do seleccionador porque indica que no nosso país temos mais do que dez jogadores de excelência e capazes de representar a nossa Selecção.
Acusar o árbitro continua a ser a forma mais simples de um treinador justificar o insucesso. Acusar o treinador é a mais fácil para o adepto. Na minha opinião, o problema da Selecção não foi falta de qualidade. Com a certeza porém de que Portugal tem algumas questões para resolver, uma delas a gestão emocional.
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Relação adeptos/Selecção
Os adeptos. É preciso cativar os adeptos a celebrarem as vitórias e a estar também com a equipa nas derrotas (quando, apesar do esforço, a derrota é inevitável).
Mas não é isso que temos. A FPP precisa de adoptar uma política de proximidade com os adeptos. É óbvio que os jogadores precisam de ser resguardados, principalmente nos momentos-chave, mas há sempre espaço para a tal atenção que os adeptos pedem. Um aceno, um sorriso, um ou outro autógrafo. Não custa dinheiro. É grátis e agradável. E nisso os espanhóis dão cartas. Antes de cada jogo, os jogadores espanhóis iam até à bancada cumprimentar as famílias e interagir com os miúdos e um ou outro adepto. Sempre disponíveis para falar e para a fotografia. Bebiam aqui um “shot” de motivação tendo como base o reconhecimento público. Na madrugada do dia do jogo entre Portugal e Espanha, o relógio marcava uma da manhã e pude ver a selecção espanhola a jogar à bola e a tirar fotografias com os miúdos que os esperavam à saída no parque de estacionamento do Amaya Valdemoro. E no dia seguinte tinham o jogo mais importante do Europeu.
A Espanha perdeu o título de campeão Europeu diante do seu público mas não vi os espanhóis à procura de culpados. Antes pelo contrário. O país estava orgulhoso daqueles jogadores que, ainda assim, perderam.
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Portugal precisa de uma estratégia. E de comunicação!
Não falando da disponibilidade da Espanha mas antes da indisponibilidade de Portugal.
Não ficámos no hotel da FPP e por isso o contacto com a Selecção teria sempre de ser no pavilhão. Isso não teria sido limitativo se as “regras e compromissos” que a FPP definiu fossem do conhecimento de todos os (cinco) jornalistas portugueses presentes na prova. Ainda assim, uma modalidade que tanto se queixa de falta de divulgação, não pode ter os jogadores cativos de uma planificação, provavelmente ainda feita em Lisboa, que determina que jogador fala em cada dia, independentemente de os acontecimentos justificarem ou não a sua escolha.
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Orgulhosamente, e modéstia à parte, o HóqueiPT fez a melhor cobertura deste Europeu, em Portugal. Conseguimos levar até aos nossos leitores, para além das fichas de jogo em direto e das notícias, as fotos, a análise e a antevisão com alguns dos melhores treinadores da atualidade.
Por tudo isto, não podia deixar de agradecer publicamente a todos a disponibilidade e a simpatia com que acederam ao nosso convite. E em particular a três:
Ao Paulo Pereira (e à família) foi um prazer enorme conhecer-vos e perceber que as nossas famílias vivem a modalidade de uma forma muito semelhante.
Ao Pedro Nunes, agradecer a disponibilidade. Todos temos opinião mas não é fácil, nem comum, em determinados momentos e com determinados cargos, partilhar essa opinião publicamente. Muito obrigada pela confiança.
Por fim, ao Ricard Muñoz. ¡Muchas gracias, Ricard! Fue un enorme placer hablar cada día con usted y compartir opiniones. Los periodistas de Cataluña son muy afortunados. Nos vemos luego. ¡Seguro!
Quarta-feira, 23 de Julho de 2014, 2h16