Leão cruel para as aspirações da Oliveirense
O Sporting venceu a Oliveirense por 6-7 e complicou as contas do título à equipa de Oliveira de Azeméis.
Depois do ambiente - da pista às bancadas - do Dragão Caixa na véspera, o início da partida no palco do último Campeonato da Europa, foi como um duche de água fria... Apesar da Oliveirense ter o primeiro lugar em discussão, o público tardou a envolver-se.
Entraram melhor os leões. Mais rápidos sobre a bola, mais acutilantes, colocaram inúmeras vezes - e desde muito cedo - à prova a atenção de Xevi Puigbi. E o guarda-redes catalão respondeu sempre bem, segurando o nulo.
Aos oito minutos, e um pouco contra a corrente do jogo, um ataque rápido permitiu o golo a Jepi Selva, titular na ausência de João Souto por castigo. O golo entusiasmou, mas não muito para além da irredutível Charanga, os adeptos da equipa da casa que de grande penalidade, aos 13 minutos e à terceira (as saídas antes do tempo valeram o azul a Ângelo Girão), fez o 2-0 por Jordi Bargalló.
Antes do início da partida, a Oliveirense foi homenageada pela Câmara pela presença na final da Liga Europeia
A revolta e "crueldade" leonina começou com os jogadores que saltaram do banco. Apontados à saída no final da temporada, Daniel Oliveira ("Poka") e André Centeno empataram, e Sergi Miras bisou, para um 2-4 que ainda na primeira parte gelou Oliveira de Azeméis. Sobrava o conforto de que ali se jogava Hóquei em Patins, em que rapidamente o jogo muda, e a demonstração do grupo de Tó Neves uma semana antes, a virar de 1-4 para 5-4 frente ao Porto.
Mas, na segunda parte, os jogadores que tinham começado no banco leonino - Poka, Centeno, Miras e Font -, com Girão seguro na baliza, continuaram a dar boa conta de si e Miras desperdiçou inclusivamente a oportunidade de ampliar a vantagem, novamente da marca de castigo máximo.
Ironicamente, seria com os jogadores de pista do cinco titular do Sporting de volta que a Oliveirense encontraria forma de voltar ao jogo. Caio também não conseguiu - de livre directo - o quinto para os verde-e-brancos e, aos 13 minutos, num remate que nem ia com selo de golo, Nuno Araújo surpreendeu Girão para o 3-4. E, meio minuto depois, Pablo Cancela fazia de livre directo o 4-4.
Estava relançado o jogo e o crer da Oliveirense ganhava força. A equipa embalava rumo à baliza leonina e, já com o público a dar uma ajuda, criava muito perigo. Mas o Sporting não viajara para participar em festa alheia. Como nunca o fará Pedro Gil, que, a nove minutos do final, fez o 4-5. Respondeu de imediato outro senhor do Hóquei em Patins que, ao lado de Gil na "Roja", ganhou um lugar na história do desporto e da modalidade. Jordi Bargalló falhara uma grande penalidade, mas gizou um golo de levantar qualquer pavilhão para o 5-5.
Passaria muito por Bargalló o ímpeto da Oliveirense em busca da vantagem. Já nos derradeiros cinco minutos, Ricardo Barreiros teve-a quase na mão, mas o seu companheiro de conquista do Europeu, negou-lhe o golo de grande penalidade. E, com uma Oliveirense de um só sentido, João Pinto surgiu a castigar a ousadia de atacar "descaradamente" com a ambição do título. O internacional por Angola, marcou dois golos em oito segundos - com tempo para um desconto de tempo pelo meio - e, com três minutos para jogar, deixava poucas esperanças ao adversário.
O "adversário" acreditou... mas quando voltaram a marcar, era tarde. Sobravam 12 segundos quando Cancela marcou novamente de livre directo, para o 6-7 final que deixa a Oliveirense em terceiro lugar, a um ponto de Benfica e Porto.
Na próxima jornada, a Oliveirense viaja até à Luz. Em caso de vitória, passa as águias na classificação, mas ficará atrás do Porto se este vencer em Valongo. Em caso de derrota, fica matematicamente afastada do título.
O Sporting, agora com o quarto lugar certo, ainda terá uma palavra a dizer nas aspirações de outro candidato ao título. Depois da visita a Tomar na penúltima jornada, o Sporting recebe o rival Benfica num jogo que será sempre - com hipóteses mais ou menos remotas - decisivo para os encarnados.
Segunda-feira, 5 de Junho de 2017, 7h57