Como protesto, Final Four será a três?
Findo o Dérbi Capital em Alverca, cujo empate final a cinco daria o título ao FC Porto, várias foram as vozes encarnadas que se fizeram ouvir. Primeiro com indignação, depois a pedir reacção. Do inenarrável "acabem com o Hóquei" ao quase imediato "era faltar à Final Four". Sem ser equacionada a primeira "sugestão", os encarnados estarão mesmo a ponderar a segunda, uma acção que, a acontecer, seria - como poderá ser pretendido - histórica.
A Final Four da Taça de Portugal realiza-se no próximo fim-de-semana em Gondomar, Cidade Europeia do Desporto, estando agendada a meia-final entre Tomar e Física para as 14h15 e a mais aguardada, entre o novo campeão nacional Porto e o cessante Benfica, para as 18h30, ambas com transmissão na TVI24.
O Clássico de próximo sábado é uma final antecipada, partindo o vencedor da partida com claro favoritismo para a final. Favoritismo que, a confirmar-se, resultaria num triplete - Supertaça, Campeonato e Taça - para os dragões ou na resposta em rinque dos encarnados, que teriam a oportunidade de fechar a época a vencer. Mas o desgaste emocional do dramático final de jogo e de campeonato em Alverca, poderá também pesar na decisão.
Consequências "levezinhas"
Mas a ausência do Benfica não seria grave? Do ponto de vista desportivo, seguramente. Do ponto de vista mediático, tremendamente. Mas não será esse "choque" que os encarnados pretenderão? Até porque, disciplinarmente e financeiramente, as consequências são diminutas.
No Regulamento Geral do Hóquei em Patins, no Artigo 82º, da "Falta de comparência e/ou desistência das provas de Hóquei em Patins", a falta de comparência nas competições disputadas por eliminatórias é tratada no ponto 4, onde é determinada a (óbvia) "eliminação da competição da equipa faltosa" (4.1) e uma consequência financeira (4.2). A consequência financeira - detalhada no ponto 5 - reporta ao "pagamento à entidade organizadora das despesas (prémios de jogo, deslocações e alimentação) incorridas com os Árbitros e, se for esse o caso, com o Delegado Técnico do jogo em questão, bem como de uma multa" (5.1), sendo que a multa aplicável é de dois salários mínimos (1114 €), ao "pagamento das Taxas de Organização e de Arbitragem devidas à Entidade Organizadora" (5.2) e ao "pagamento ao adversário no jogo em questão de eventuais prejuízos por este sofridos, os quais terão de ser reclamados à Entidade Organizadora - de forma fundamentada e apresentando os comprovantes ou justificações pertinentes - nos oito dias subsequentes à data do jogo" (5.3), sendo que "eventuais prejuízos" comprováveis até recairão mais sobre a Câmara Municipal de Gondomar (cujo ressarcimento não está previsto) do que no "adversário" FC Porto.
Juntar-se-à a multa prevista no Artigo 83º, da "Não participação ou desistência de competições do Hóquei em Patins", que na alínea a do seu ponto 3.1 prevê "Multa de valor correspondente a cinco salários mínimos nacionais", ou seja 2785 €.
Tudo somado, do ponto de vista financeiro dará 3899 €, a que se juntam taxas de organização e de arbitragem e pouco mais...
Ameaça
Sem memória de semelhante acção de protesto nas competições nacionais, a hipótese do Benfica não ir a jogo só encontra paralelo na Final Four da Liga Europeia de 2013, realizada no Dragão Caixa. Nas meias-finais, o Porto afastou o Valdagno e o Benfica eliminou o Barcelona, marcando um Clássico para a decisão da mais importante competição europeia. Com motivos totalmente distintos, que se prenderiam com a presença em segurança de adeptos encarnados, pairou a falta de comparência do Benfica ao decisivo jogo, sendo que o esforço do anfitrião FC Porto e, fundamentalmente, a vontade dos jogadores em ir a jogo, acabou por imperar. O Benfica foi a jogo e venceria a primeira Liga Europeia do seu historial.
Segunda-feira, 19 de Junho de 2017, 9h41