Benfica não vai

Benfica não vai

O Benfica não vai à Final Four da Taça de Portugal.

A ideia foi ganhando força ao longo da semana, e a nomeação para a meia-final de Joaquim Pinto, citado pelos encarnados como protagonista no Campeonato de 2013/14, bem como o castigo de 15 dias a Pedro Nunes, terão dissipado as dúvidas dos mais relutantes. E o Benfica anunciou esta sexta-feira em comunicado - que reproduzimos abaixo - que irá faltar em protesto.

Justificando a sua ausência com a "necessidade e urgência de se tomar uma posição clara que demonstre o estado de degradação que atingiu este ano a cúpula da modalidade", o Benfica refere que "toma esta inédita decisão na sua história não apenas por interesse próprio, mas acima de tudo pelo bem da modalidade", prometendo "apresentar uma vasta exposição junto das entidades competentes" pondo em causa "a viabilidade dos atuais órgãos da FPP e até a 'utilidade pública' da mesma federação", lê-se.

O Benfica tinha encontro marcado nas meias-finais com o Porto, que assim, cumpridas as formalidades para confirmação da falta de comparência dos encarnados, tem já lugar certo na final. O adversário sairá do embate entre Sporting de Tomar e Física, agendado para as 14h15.

À hora agendada para o jogo que opunha as águias aos dragões (18h30), o Benfica promoverá um treino à porta aberta no Pavilhão da Luz.

Porto protestou em 1997

Este caso não é virgem. Ainda que com motivos diferentes, mas também em protesto com a FPP, o FC Porto "faltou" à Final Four da Taça de Portugal em 1997.

Na altura, os azuis-e-brancos protestavam contra os "castigos leves" aplicados ao Benfica na sequência do ataque ao seu autocarro na Luz, que redundou em agressões gravíssimas a Filipe Santos. Antes, para o Campeonato, o Porto já faltara às duas derradeiras partidas, em protesto por a FPP tardar em pronunciar-se sobre o caso.

O comunicado do Benfica na íntegra

«O Sport Lisboa e Benfica informa que não comparecerá, este sábado, em Gondomar, na final four da Taça de Portugal de Hóquei em Patins.

Esta decisão da Direção do Sport Lisboa e Benfica justifica-se pela necessidade e urgência de se tomar uma posição clara que demonstre o estado de degradação que atingiu este ano a cúpula da modalidade e o total desacordo com alguns critérios – ou falta deles – da parte da direção da Federação Portuguesa de Patinagem (FPP) e dos órgãos que a compõem (Conselho de Arbitragem, Conselho de Disciplina e Conselho de Justiça).

Importa realçar que esta decisão nada tem a ver com as outras três equipas que, de forma meritória, conquistaram o direito legítimo de competir, nesta fase final da prova, pela conquista da Taça 2016/17.

Ao longo de toda a época, a equipa de Hóquei em Patins do Sport Lisboa e Benfica foi sentindo que muito dificilmente poderia jogar em igualdade de circunstâncias com outros competidores no Campeonato Nacional, por circunstâncias alheias à mera e sã competição desportiva.

Perante evidentes sinais de dualidade de critérios nos bastidores, decisões erradas em pista e sucessivas nomeações de árbitros difíceis de compreender, jogadores e equipa técnica levaram a definição do campeão até à última jornada, com assinalável resiliência e espírito competitivo. Mas infelizmente, o pior estava para acontecer.

No decorrer do dérbi de Alverca – intenso, competitivo, uma autêntica final –, ficou clara a inexistência de imparcialidade em algumas decisões, quer para quem o viu no pavilhão quer para os muitos milhares que acompanharam as incidências da emotiva partida pela televisão. Algo que ficou bem expresso, pela forma como foi anulado de forma inexplicável, a poucos segundos do apito final, o golo que daria o 6-5 e muito provavelmente a conquista do 24.º Campeonato para o SLB.

Sobre todos estes temas, o Sport Lisboa e Benfica vai apresentar uma vasta exposição junto das entidades competentes, que deverão analisar, entre outros aspetos relevantes, a viabilidade dos atuais órgãos da FPP e até a “utilidade pública” da mesma federação que, nas mais diversas áreas, continua a anos-luz dos principais clubes que compõem aquele que é considerado o melhor campeonato do mundo.

O SL Benfica procurou, durante toda a temporada, junto das instâncias oficiais, compreender as razões para o estranho critério de nomeação de árbitros, mas não foi possível ouvir explicações e isso diz algo das decisões tomadas. Pediu justiça para os injustificáveis castigos a atletas do Clube – até por comparação com outras situações –, mas, mais uma vez, não foi bem sucedido.

No final de tudo isto, parece que os únicos a quem foi “tirado o sono” foi aos atletas, técnicos, dirigentes e adeptos do SL Benfica, como o comprovam declarações públicas de alguns responsáveis de órgãos pertencentes à FPP ou até a nomeação para o jogo da meia-final da Taça.

Nas últimas cinco temporadas, o SL Benfica sagrou-se duas vezes Campeão Europeu, conquistou muitas provas do calendário nacional com as suas equipas seniores masculina e feminina (que também venceu uma Liga Europeia), colaborou para o desenvolvimento do hóquei em patins jovem, organizou eventos e participou em iniciativas de promoção à modalidade e, em conjunto com os outros clubes, contribuiu para as grandes audiências televisivas do hóquei em patins. Acabou, contudo, por ser ignorado e perseguido durante toda esta temporada. A anulação de um campeonato a 23 segundos do final, sem qualquer motivo para tal, é apenas o espelho de uma época em que nunca houve igualdade de circunstâncias.

O Clube toma esta inédita decisão na sua história não apenas por interesse próprio, mas acima de tudo pelo bem da modalidade. É impossível que o profissionalismo, dedicação, empenho e paixão de clubes como o Benfica continue a conviver e estar dependente do amadorismo e “velhos hábitos” que vigoram no hóquei nacional, desde a primeira divisão às divisões inferiores, dos seniores à formação, do masculino ao feminino.

Que fique claro: tudo isto nada tem que ver com o FC Porto e a UD Oliveirense, cujas equipas lutaram arduamente pelo título nacional e que beneficiarão também, em igual medida ao SL Benfica, das evoluções positivas que se verifiquem nas estruturas que organizam as competições em Portugal.

Finalmente, porque todo o grupo de trabalho do Hóquei em Patins merece um fecho de época na companhia de quem sempre esteve presente nas bancadas, informamos que se realizará um treino à porta aberta, este sábado, no Pavilhão Fidelidade, às 18h30, hora para a qual estava agendada a meia final da Taça, em Gondomar.»

AMGRoller Compozito

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