Cabestany e os prováveis reforços Poka e Cocco
O Jogo adiantou na sua edição de passada sexta-feira que o Futebol Clube do Porto terá chegado a acordo com Guillem Cabestany para a continuidade do técnico catalão no comando técnico da equipa. E, de uma assentada, o diário desvendou ainda quem deverá colmatar as saídas de Jorge Silva (para a Oliveirense) e Ton Baliu (de regresso a Espanha).
Guillem Cabestany continuará no comando
Guillem Cabestany chegou ao Porto em 2015 e está na sua terceira época ao serviço dos dragões, no que tem sido o pináculo de uma carreira fulgurante e merecedora de inúmeros elogios de diversos quadrantes.
Campeão do Mundo como jogador, Cabestany pendurou os patins em 2010, no Noia, com 34 anos, agarrando de imediato no projecto de um modesto Vendrell que tinha acabado de subir à OK Liga. Mas, em quatro temporadas, Cabestany levou o Vendrell da humilde luta pela manutenção à grandeza da Final Four da Liga Europeia, passando pelos primeiros títulos: a conquista de duas Taças do Rei consecutivas e da Taça CERS. Tudo inédito na história do clube.
Os feitos consistentes do técnico à frente de uma equipa até então desconhecida - onde treinou, por exemplo, Carles Grau no seu primeiro ano de sénior - levaram-no até Itália e ao Breganze em 2014, onde pode cumprir o sonho de se dedicar exclusivamente ao treino de Hóquei em Patins. Nos "rossoneri" voltaria a chegar à Final Four da Liga Europeia e voltaria a conquistar a Taça, desta feita a Coppa Italia.
Apontado recorrentemente ao Barcelona, acabaria por rumar a Portugal e a Porto que encetava uma revolução no plantel, dispensando os experientes Pedro Moreira, Ricardo Barreiros, Caio e Reinaldo Ventura. Substituindo Tó Neves no banco azul-e-branco, Cabestany tornou-se o terceiro treinador do Porto desde 2001, quando Franklim Pais pegou na equipa, encontrando a estabilidade para reconduzir o emblema às conquistas que escapavam desde 2013.
Na primeira temporada, o título escapou. Mas não a "sua" Taça, que conquistou pela quarta vez consecutiva, em três países diferentes. Essa final de Ponte de Lima marcaria uma clara inversão. Desde aí, o Porto não mais deixou de ganhar a nível interno. Em 2016/17 ganhou a Supertaça, Campeonato e Taça (a quinta seguida de Cabestany...) e, já esta temporada, novamente a Supertaça António Livramento.
A pecha vai sendo a presença na decisiva Final Four da Liga Europeia, que o técnico catalão até logrou com os menos "poderosos" Vendrell e Breganze. Primeiro frente à Oliveirense e depois frente ao Reus, o Porto caiu nas duas temporadas nos quartos-de-final. Este ano, a passagem a essa fase da prova já está garantida, e com o primeiro lugar do grupo, perfilando-se um embate com Benfica ou Forte dei Marmi.
Terminando contrato no final desta temporada, falou-se da eventual saída de Cabestany para o Barcelona (onde mantém defensores da sua contratação) e até de uma possível proposta da Oliveirense. Mas, a confirmar-se o avançado pel'O Jogo, o catalão continuará no Dragão.
Poka resiliente
Um dos jogadores que O Jogo apontou ao Porto foi Daniel Oliveira, "Poka", actualmente no Valongo, no que pode ser o regresso do jogador a um "grande".
Em 2014, chegava ao Sporting com, entre outros, Ângelo Girão e João Pinto com o claro propósito de levar os leões para outro patamar que não o do nono lugar conseguido na temporada anterior.
Se a nível interno, o objectivo dos quatro primeiros lugares e do apuramento para a Liga Europeia não foi conseguido, a nível europeu a temporada foi de glória, com a conquista da CERS, resolvida nas grandes penalidades... com um golo de Poka (e outro de Nico Fernández).
No arranque da segunda temporada ao serviço dos leões, com mais uma revolução no plantel, Poka esteve na conquista da Supertaça António Livramento frente ao Benfica, num início que prometia, mas em que as esperanças de atacar os lugares cimeiros no campeonato se desvaneceram em menos de dois meses. A época terminaria com jogadores afastados prematuramente e com nova revolução.
Desta feita, chegou Guillem Perez, que substituiu Nuno Lopes. A confiança em Poka manteve-se e, na instabilidade que se viria a viver, o agora apontado reforço dos dragões até foi dos mais regulares. Nos leões, Poka destacou-se sempre pela sua entrega, mas na temporada 2016/17 deu um salto qualitativo.
Num Sporting que tem vivido defesos movimentados, Poka terminava contrato, mas terá chegado a ter tudo apalavrado para continuar. No entanto, o Sporting acabaria por não confirmar o interesse na renovação e o jogador regressou a uma casa que já conhecia.
Poka jogara uma temporada no Valongo, em 2012/13, ao lado, por exemplo, do ex-colega Ângelo Girão ou do possível futuro companheiro Telmo Pinto. Foi a primeira experiência fora do "seu" Gulpilhares, bem sucedida e a valer-lhe a chamada da teoricamente (o Valongo viria a sagrar-se campeão nacional...) mais poderosa Oliveirense, afastando progressivamente o estigma de ser o "irmão do Caio". Depois de uma temporada em Oliveira de Azeméis, recebeu a chamada do Sporting.
Virada a página verde-e-branca, Poka é aos 28 anos um dos pilares que sustenta a excelente campanha do Valongo. Sem nunca ter sido reconhecido como goleador, é o motor e melhor marcador da equipa de Miguel Viterbo com 20 golos em 15 jornadas (32% dos golos da equipa), e sexto melhor marcador do campeonato, à frente de jogadores tradicionalmente mais fadados para o golo. A título de exemplo, ninguém do actual Sporting conta tantos golos como Poka.
Quando muitos vaticinavam o afastamento da ribalta, a passagem por Valongo poderá ter sido um pequeno passo atrás para o internacional português dar dois em frente...
Giulio Cocco, o prodígio italiano
O outro jogador apontado aos dragões é Giulio Cocco, jovem italiano do Lodi.
Não são muitos os casos (com ou sem sucesso) de jogadores transalpinos em Portugal, ainda que estejam frescos na memória os nomes de Alessandro e Mirko Bertolucci (Óquei de Barcelos) ou de Alberto Orlandi, que brilhou no "deca" portista.
Com apenas 21 anos, Giulio Cocco é a grande coqueluche do hóquei em patins transalpino, a par do ainda mais imberbe Francesco Compagno. Recorrente nos diferentes escalões da "squadra azzurra" desde 2011, chegou aos palcos maiores em Oliveira de Azeméis, onde a selecção orientada por Massimo Mariotti defendia o título europeu conquistado em 2014. Nessa conquista figurava um Cocco, Mattia, irmão de Giulio.
Quando Guillem Cabestany esteve no Breganze, Giulio Cocco, então com 18 anos, já fazia parte do plantel principal dos "rossoneri", e era recorrentemente utilizado pelo técnico catalão que agora o chama para a Invicta. Em 2016, com desinvestimento do Breganze, foi aposta do Lodi de Nuno Resende para atacar o "scudetto". E foi uma aposta ganha.
Nesta segunda época ao serviço do Lodi, e com a companhia dos portugueses Luís Querido e Gonçalo Pinto, Giulio é o melhor marcador dos "giallorossi" na Legahockey, com 27 golos, cerca de 26% do total de golos conseguidos pela equipa em 21 jornadas. Curiosamente, é, tal como Poka, o sexto melhor marcador na prova, que se junta às coincidências de serem os melhores marcadores das suas equipas ou irmãos de internacionais.
Para já, o Lodi é segundo, cinco pontos atrás do Forte dei Marmi e cinco à frente do Breganze, mas a decisão será em playoff. Na Liga Europeia, é que as contas estão mais complicadas. O Lodi está obrigado a vencer na próxima jornada em casa do Liceo, para depois ter oportunidade de carimbar a passagem aos quartos-de-final na derradeira jornada, na recepção ao Quevert.
Terça-feira, 13 de Fevereiro de 2018, 9h07