Asturianas triunfaram em Lisboa
O Gijón conquistou a quinta Liga Europeia Feminina da sua história, ao vencer, na final, o Benfica, em plena Luz, por 3-4.
Depois de vitórias sobre, respectivamente, Voltregà (5-4) e Stuart (4-7), Benfica e Gijón discutiram no passado domingo o ceptro europeu.
O Pavilhão Fidelidade nunca tinha visto semelhante moldura para um jogo de Hóquei em Patins feminino, ainda que as encarnadas sejam totalmente dominadoras a nível interno, tendo conquistado - em cinco anos completos de existência - cinco Campeonatos, quatro Taças de Portugal, quatro Supertaças e... uma Liga Europeia.
Em busca de uma segundo conquista, o Benfica propôs-se a organizar a fase decisiva da prova. Ainda que tal esteja longe de ser garante de triunfo (ver abaixo), foi encarado como um prémio para todo o percurso realizado pela equipa de Paulo Almeida desde 2012.
Esta Final Four foi uma corrida "atrás do resultado" para o Benfica. As encarnadas, habituadas a serem avassaladoras nas competições nacionais, só a pouco mais de três minutos do final da meia final passaram para a frente. E, nesta final, ficou em desvantagem ainda nem dois minutos estavam cumpridos, com a argentina Julieta Fernandez a inaugurar o marcador.
De facto, nos 50 minutos de jogo, apenas em pouco mais de oito e meio é que o Benfica não esteve a perder. Marlene Sousa repôs a igualdade aos seis minutos, de livre directo, mas - tal como na véspera - a um golo encarnado seguiu-se um golo das adversárias pouco depois. No caso, três minutos depois, com Maria Diez ("Peke") a marcar em lance de insistência.
As encarnadas também teriam oportunidade de repor a igualdade quase de imediato, mas uma grande penalidade assinalada a Peke - que veria o azul - não foi transformada em golo. Nem os dois minutos de "powerplay" foram aproveitados...
O Gijón controlou bem as operações e, apesar de algumas boas iniciativas das encarnadas - normalmente com recurso à técnica individual -, segurou a vantagem até ao intervalo.
Na segunda parte, logo aos três minutos, Rute Lopes rubricou, em transição rápida, o 2-2. Os muitos adeptos presentes vibraram com o golo da capitã encarnada, mas a sina desta Final Four voltou a dar conta de si. Um minuto depois do empate, Marta González trabalhou bem na área de Maria Celeste Vieira e, à meia-volta, fez o 2-3.
Novamente atrás do prejuízo, o Benfica não deixou de mostrar uma resiliência admirável. Mesmo com uma equipa mais "curta" - apenas Macarena Ramos entrou -, as águias procuraram sempre o empate. E conseguiriam-no. Aos nove minutos, Marlene Sousa, que na véspera o técnico do Gijón não hesitou em apontar como a melhor jogadora da actualidade, avançou sozinha e rematou, de costas e entre as pernas, para o fundo das redes da baliza à guarda de Elena Gonzalez.
Mas, mais uma vez, uma outra fatídica vez, a vantagem foi "sol de pouca dura".
Dois minutos e meio depois do 3-3, Marta Gonzalez Piquero, que já bisara nas "meias", bisou também na final, novamente com um excelente trabalho na área encarnada, e deu nova vantagem à equipa asturiana. Uma vantagem que, a mais de 13 minutos do apito final, seria definitiva.
O Benfica teria oportunidades para empatar, mas o que faltava jogar ficou marcado pela forma como as pupilas de Rúben Muñoz controlaram o jogo, trocando a bola longe da sua baliza, sem abdicarem do ataque. Mesmo sem contarem com Anna Casarramona a 100%, o Gijón mostrou o traquejo de uma liga muito mais competitiva, e segurou a vantagem.
O público da Luz reconheceu o esforço das suas campeãs. Mas o troféu seguiu caminho para o norte de Espanha.
No final, os técnicos Paulo Almeida e Rúben Muñoz e a capitã do Gijón, Sara Lolo, que, enquanto vai tirando o curso de Medicina, somou a sua quarta conquista europeia, analisaram a partida, a Final Four e o Hóquei em Patins feminino.
Quinto título
Com este triunfo, o Gijón alcança o Voltregà em número de títulos. A equipa asturiana conquistou a sua primeira Liga Europeia em 2007, na edição inaugural da prova, e nas seis primeiras edições venceria em quatro ocasiões. Mas, após a quarta, conquistada em Almargem do Bispo, viriam cinco edições sem conhecer o sabor da vitória.
Este é também o 11º título - cinco de Gijón e Voltregà e uma do Alcorcón - em 12 edições de uma quase total hegemonia espanhola, continuando o título conquistado pelo Benfica em 2015 a ser a excepção que confirma a regra.
Organizar... e não vencer
Esta foi uma Final Four com uma excelente adesão de público, mas para o Benfica fica o dissabor de ter deixado fugir a vitória final. No entanto, organizar a fase decisiva da prova está longe de ser garante de triunfo. De facto, a equipa da "casa" apenas terminou como vencedora em duas ocasiões. Tal aconteceu em 2010, em Gijón, no terceiro título da equipa que agora se voltou a sagrar campeã europeia, e em 2014, quando o Alcorcón conseguiu o seu único título. E, na máxima de que "não há duas sem três", esta foi a terceira vez consecutiva que a equipa anfitriã perde na final, depois do Manlleu em 2016 e do Gijón em 2017.
Quinta-feira, 22 de Março de 2018, 15h31