Paço de Arcos vence jogo emotivo
O Paço de Arcos conquistou esta quarta-feira três pontos importantíssimos na luta pela manutenção, ao vencer a Oliveirense numa partida com um extraordinário desfecho de 7-6.
Foi a equipa de Oliveira de Azeméis que assumiu o jogo desde o apito inicial, remetendo a equipa da Linha à defesa e procurando insistentemente o golo, em particular pela meia distância de Jordi Bargalló e Ricardo Barreiros. E foi com uma quase constrangedora naturalidade que o multi-titulado jogador espanhol fez o tento inaugural, aos seis minutos e meio, num remate de zona frontal a bater Diogo Rodrigues.
Suportado pela exibição atenta do seu guarda-redes, o Paço de Arcos aventurava-se mais no ataque com o passar do minutos e aos 16 chegaria mesmo à igualdade, por André Centeno. Mas o golo trouxe desleixo defensivo e, no mesmo minuto, Ricardo Barreiros entrou com facilidade pela esquerda e, com muita classe, colocou sobre "Matraco" para o 1-2.
Barreiros cresceu no Paço de Arcos, de onde saíria em 2004 para o Benfica, afirmando-se definitivamente como um dos melhores jogadores da sua geração, anos mais tarde, ao serviço do Liceo. No fecho do seu percurso na equipa da Linha, o internacional português foi treinado por Luís Duarte, agora de regresso àquele banco. Sentimentalismos à parte, Ricardo Barreiros foi letal...
Dois minutos volvidos sobre o seu segundo tento, a Oliveirense dispôs de uma grande penalidade - por falta, a valer azul, de Matraco sobre Pablo Cancela - e Tó Neves fez Barreiros voltar à pista para tentar transformar. E a aposta foi ganha, com o 1-3. No entanto, eficaz seria também o jovem Gonçalo Nunes, não desperdiçando um livre directo - por azul a Nuno Araújo - que colocava o marcador na diferença mínima antes das equipas saírem para o descanso.
De regresso dos balneários, o Paço de Arcos anulou quase de imediato a vantagem forasteira, dando o mote para a etapa complementar. Um lance rápido, ao primeiro toque, isolou Diogo Silva - que, no passado, chegou a capitanear a Oliveirense - para a igualdade a três.
Golo cá, golo lá...
Ambas as equipas procuraram o golo, ainda que com compassos diferentes. Mais regrada a Oliveirense, a tentar passar a defensiva local, agora com Diogo Almeida - também com passado em Oliveira de Azeméis, tal como Diogo Silva ou Tiago Losna (este ausente por lesão) - na baliza. Mais repentista o Paço de Arcos, explorando saídas rápidas para o ataque e o temível remate de Gonçalo Nunes.
E, assim, ao 10º minuto da segunda parte, Barreiros fez o 3-4, de grande penalidade, e André Centeno o 4-4, num excelente lance individual. Quatro minutos volvidos, Nelson Ribeiro - numa jogada paradigmática do contra-golpe dos anfitriões - faria o 5-4, mas a primeira vantagem da equipa de Luís Duarte não vingaria... Em menos de três minutos, Pedro Moreira, na sobra de uma iniciativa de João Souto, fez o 5-5, e num livre indirecto, Barreiros selava um poker para a "cambalhota" no marcador.
A vencer por 5-6, mas ainda com largos nove minutos para jogar, Tó Neves e a Oliveirense não quiseram segurar o resultado, procurando consolidá-lo. Porém, trabalhando bem defensivamente, o Paço de Arcos espreitava o empate... e, em mais um ataque rápido, Gonçalo Nunes serviu Centeno para nova igualdade, agora a seis e a seis minutos do derradeiro apito.
O marcador ia avançando sem que a toada se alterasse, com a Oliveirense a assumir mais o jogo e o Paço de Arcos apostado em saídas rápidas. A três minutos do final, os astros pareciam alinhar-se a favor do detentor da Taça Continental: a equipa da Linha caía na 10ª falta e o capitão André Centeno - depois de assinado um hat-trick - via o azul por protestos. Diogo Rodrigues reentrou para defender o livre directo de Pedro Moreira, mas a Oliveirense contava com dois minutos de superioridade numérica para procurar o golo... que não chegaria.
O Paço de Arcos não só sobreviveria ao "underplay", como garantiria a vitória. Com menos de meio minuto para jogar, Gonçalo Nunes usou a última "bala" que tinha e na transição ofensiva disparou um "tiro" que, desta feita, Puigbi não conseguiu suster.
No final, Luís Duarte estava naturalmente satisfeito, com três pontos com que, no início do campeonato, quiçá, não contaria para a luta da manutenção.
Com esta vitória, o Paço de Arcos (10º) fica sete pontos acima da linha de água antes de enfrentar, consecutivamente, Benfica (21 de Abril, na Luz), Porto (5 de Maio, em Paço de Arcos) e Sporting (22 de Maio, no João Rocha).
Pontualmente longe dos lugares cimeiros, a Oliveirense (4º) está agora a 12 pontos de Benfica e Porto e na expectativa dos resultados do Valongo. A equipa de Miguel Viterbo está a quatro pontos da Oliveirense, mas com dois jogos a menos. Só que os possíveis seis pontos a averbar pelos valonguenses no que está por jogar passam por vitórias sobre o Sporting (19 de Abril) e no Dragão Caixa (28 de Abril).
Marcar de forma inglória
O registo ofensivo de seis golos da Oliveirense acabou por ser inglório, quer a nível colectivo, quer individual.
Do ponto de vista colectivo, esta é apenas a terceira vez neste campeonato que uma equipa aponta pelo menos seis golos... e sai derrotada. Tal aconteceu na oitava jornada, ao Grândola, na visita a Valença (7-6) e na nona, ... ao Paço de Arcos. A equipa da Linha logrou marcar seis golos no Dragão Caixa, mas acabaria por perder 9-6.
Individualmente, o poker de Ricardo Barreiros acaba por ser ainda mais ingrato. Tão ingrato como inédito, dado que nunca neste campeonato um jogador tinha apontado quatro golos sem a sua equipa averbar qualquer ponto.
Sexta-feira, 13 de Abril de 2018, 0h56