«Saboreámos o prémio, e aprendemos com isso»
O Infante Sagres precisava de vencer em Paço de Arcos para manter alguma esperança - ainda que ténue - na manutenção, mas acabou copiosamente derrotado por 9-1. E o desfecho ditou o regresso à II Divisão, apenas um ano depois da subida.
Paulo Castanheira, depois de ter sido jogador e treinador, chegou à presidência em 2015. Um trabalho de mérito, principal ao nível da formação no histórico clube do Porto, catapultou a equipa principal para a I Divisão. Mas, talvez, cedo demais...
Com duas partidas por realizar [recebe o Benfica e vai ao Dragão Caixa, em jogos que podem mexer nas contas do título] o Infante Sagres soma 10 pontos, resultantes de três vitórias e um empate em 24 jornadas.
Para uma equipa que vinha da II Divisão, os sete pontos acumulados à nona jornada, com vitórias na recepção a Grândola (6-4) e Braga (4-3) e um empate em Turquel (8-8), não eram um mau pecúlio, mas uma sequência de 10 derrotas consecutivas puxou a equipa da cidade do Porto para baixo da linha de água. À 20ª jornada, a equipa orientada por Fernando Almeida venceu em Valença (4-5) e voltou a acreditar. No entanto, quatro derrotas consecutivas - Valongo, Braga, Barcelos e, agora, Paço de Arcos - com 36 golos sofridos, hipotecaram qualquer hipótese, por mais ínfima que fosse.
Os 73 golos marcados - 24 deles por João Paulo Candeias (a caminho do Tomar, segundo consta), ausente nas últimas jornadas - são o segundo pior registo ofensivo entre as equipas da I Divisão, mas está, por exemplo, a sete golos dos 80 do Tomar, sexto classificado. Já o registo defensivo, agora com 153 golos consentidos, passou esta jornada a ser o pior da prova, e só encontra paralelo nos número do Grândola (149), lanterna-vermelha.
Do 80 ao 8 no novo milénio
Com uma larga história na modalidade, o Infante Sagres subiu muito alto no início do milénio, reunindo nomes de peso, ainda que ainda jovens. Aos poucos, o brilho foi-se desvanecendo, sem a glória de títulos. Em 2002, saíram Pedro Gil (Porto) e Lluis Teixidó (Reus). Um ano volvido, a crise levou também Miquel Masoliver (Barcelona) e Luis Viana (Barcelos). Em 2004, o Infante caiu de um quarto lugar na temporada anterior para último e, consequentemente, na II Divisão. Em 2007/08, foi mais "fundo", à III Divisão...
O emblemático Infante recuperou e, num ápice, em 2011, "escalava" de volta à I Divisão. No entanto, nova crise - financeira e directiva - não permitiram a manutenção e o Infante só não terminaria no 16º lugar entre 16 equipas, porque o Porto Santo - com uma crise financeira ainda maior - foi excluído.
De regresso à II Divisão em 2012, foi hora de voltar a mostrar resiliência. Uma mão cheia de temporadas no escalão secundário culminaram numa subida para o qual as sólidas bases que se desejam ainda não estariam concretizadas. Foi uma temporada de algum deslumbramento, mas, acima de tudo, de aprendizagem. Para que um novo regresso à I Divisão, no futuro, seja definitivo.
Segunda-feira, 28 de Maio de 2018, 23h17