Reviravolta com a França agenda encontro com a Inglaterra
Portugal venceu a França por 5-4 e assegurou o primeiro lugar no grupo A, defrontando agora a Inglaterra nos quartos-de-final.
A última vez que as selecções principais de Portugal e França se tinham encontrado, fora no fecho da fase de grupos do Campeonato do Mundo, em Setembro de 2017. Num jogo dramático, em que Portugal tinha de vencer para seguir em frente, a vitória lusa, por 6-5, só surgiu no último minuto.
Desta feita, sem o mesmo dramatismo (Portugal e França já tinham assegurado o lugar nos "quartos"), os gauleses voltaram a estar muito perto de bater os portugueses.
Ainda não estava cumprido o primeiro minuto quando Carlo Di Benedetto serviu Le Roux para o primeiro do encontro, permitindo à França jogar na expectativa do erro português, com uma disponibilidade física impressionante para uma selecção que só trouxe oito jogadores à Corunha.
Os franceses chegavam primeiro à bola, ganhavam no choque físico e Portugal não conseguia importunar Keven Correia, reforço do Valença para a próxima temporada.
Aos sete minutos, Hélder Nunes viu o azul e a França pôde fugir no marcador, mas falhou na transformação do livre directo - pelo capitão Carlo - e Portugal geriu bem o "underplay". De regresso a cinco em pista, a selecção das quinas chegou ao empate, com João Rodrigues a aproveitar uma defesa incompleta de Keven.
O golo, que muitas vezes é um momento de mudança no jogo, surtiu desta vez pouco efeito, porque meio minuto depois, Carlo descobria o irmão Roberto solto, e este repôs a vantagem batendo Ângelo Girão.
A vantagem francesa justificava-se pelas reais oportunidades criadas, apesar de, aqui e ali, o jogo português padecer de notória falta de sorte. Como quando Rafa se desequilibrou junto à linha divisória... a bola solta foi recolhida por Remi Herman - também a caminho de Portugal, mas para representar a Juventude de Viana - e este arrancou para desfeitear Ângelo Girão para o 1-3 a 12 minutos do intervalo.
O mais chocante na vantagem gaulesa era mesmo o facto de não chocar, dadas as oportunidades criadas junto de cada uma das balizas. Luís Sénica pediu um desconto de tempo para tentar inverter o rumo dos acontecimentos. Portugal tentou imprimir mais velocidade, desequilibrar a defensiva francesa e, principalmente, desgastá-la, apesar de Fabien Savreux estar permanentemente a rodar jogadores.
Entre os portugueses, Gonçalo Alves era quem mais procurava o golo. Com o avançar dos minutos, assumiu mesmo as transições e, a cinco minutos do intervalo, teve um lance individual genial que no entanto acabaria no ferro da baliza contrária.
No trabalho de constante desgaste, Portugal conseguiria, ainda na primeira parte, com escassos cinco segundos para jogar, provocar a 10ª falta francesa. Chamado ao livre directo, calcanhar de Aquiles de Portugal nesta prova, Hélder Nunes não conseguiria marcar e o intervalo chegava mesmo com a vantagem de 1-3 para os franceses.
No reatamento, Luís Sénica apostou em Vítor Hugo, fresco, e as brechas na defensiva francesa começavam a surgir. Mas ainda se erguia intransponível para os lusos.
Aos cinco minuto, Roberto Di Benedetto viu o azul e Hélder Nunes teve nova oportunidade de livre directo. O primeiro remate foi às caneleiras de Keven, o segundo à barra, com o jogador luso a ficar incrédulo, mas a conseguir dar mais um toque para o fundo das redes... mas Keven afastou de forma brilhante. A baliza estava fechada e novo golo português já parecia uma miragem.
No "powerplay" que se seguiu, entrou Daniel Oliveira ("Poka"), para mais trabalho de demolição. Portugal não conseguiu marcar e, pior, veria Carlo Di Benedetto fazer o 1-4, agora contra a corrente do jogo, com 16 minutos para jogar.
Falhando na concretização e na capacidade de desequilibrar a defensiva contrária, Portugal não claudicou no plano anímico e continuou a tentar inverter o resultado, recusando-se a conformar-se com "apenas" o lugar nos "quartos", que estava garantido. E, sob a batuta de Diogo Rafael, encetou a reviravolta.
A 11 minutos do final, o universal português provocou um corte com o patim na área, permitindo a Gonçalo Alves reduzir de grande penalidade, exorcizando de alguma forma o fantasma das bolas paradas. João Rodrigues e Hélder Nunes regressaram então para um "assalto" em que a oito minutos do apito final as faltas também condicionavam, com nove para Portugal e 14 para a França.
A França começava a claudicar e a sete minutos do final, João Rodrigues e Diogo Rafael combinavam para o 3-4, com o médio a servir o atacante para um desvio a meia altura na área. Pouco depois, a 15ª falta gaulesa levou Gonçalo Alves para a marca de livre directo, mas este, em mais um momento de infortúnio, caiu antes de conseguir o remate. A sorte não queria nada com Portugal, mas a frescura física e o discernimento já não queriam nada com a França, que em ataque procurava mais conquistar a décima falta portuguesa do que chegar ao golo.
Já nos quatro minutos finais, a sociedade entre Diogo Rafael e João Rodrigues voltou a dar frutos e o melhor marcador do Europeu restabelecia uma igualdade que só se registara durante 80 segundos, no início do jogo e antes de Roberto Di Benedetto repor vantagem gaulesa depois do primeiro de João Rodrigues.
O empate já servia a Portugal para garantir o primeiro lugar, e não agradava nada à França que ficava a ver, no caminho para a final, a anfitriã Espanha.
Os gauleses, já com poucas forças, procuraram um golo que lhes pudesse dar a vitória, mas a manta da França é particularmente curta, e Diogo Rafael fez, a um minuto do fim, o 5-4 que colocava ponto final na discussão da vitória no grupo.
Agora a Inglaterra
Com o primeiro lugar no grupo A, Portugal defronta nos quartos-de-final [esta sexta-feira, a partir das 22h locais] a Inglaterra, do seleccionador português José Carlos Amaral.
No grupo B, a Inglaterra entrou a perder 10-1 com a Espanha, seguindo-se nova derrota com a Itália (9-4).
Já no "seu" campeonato, a outrora campeoníssima europeia (com 12 triunfos nas 12 primeiras edições da prova), venceu a Bélgica por 14-2 e a Holanda por 6-4, adiando para o confronto com a Alemanha a decisão dos terceiro e quarto lugares. E a Alemanha levaria a melhor, com uma vitória por 8-4, "condenando" a selecção que em pista tem como referência Alex Mount, jogador da Sanjoanense, ao confronto com o primeiro do grupo A.
Sexta-feira, 20 de Julho de 2018, 8h03