«Cada dia sinto-me mais adaptado»

«Cada dia sinto-me mais adaptado»
Foto de capa e outras: FC Barcelona

Em jogo a contar para a terceira jornada da fase de grupos da Liga Europeia, o Barcelona visita este sábado Oliveira de Azeméis, para defrontar a última equipa com quem perdeu na competição… ainda que em golo de ouro. O último golo de ouro numa competição europeia.

“Nem se falou nisso. Sabemos da valia do adversário que vamos defrontar. Vai ser um jogo difícil, temos que fazer um jogo concentrado do primeiro ao último minuto para conseguir um resultado positivo”, alerta João Rodrigues, reforço português dos blaugrana para esta temporada.

O jogo entre Oliveirense e Barcelona disputa-se este sábado, a partir das 17h30.

“Vai ser um jogo muito interessante, um jogo muito competitivo. A Oliveirense é uma das melhores equipas do Mundo e nós daremos tudo para conseguir um resultado positivo, que passa pela vitória, mas sabemos que vamos ter muitas dificuldades contra este adversário. Naturalmente, para mim é sempre bom voltar a Portugal e é agradável por isso”, afirma o internacional português de 28 anos ao HóqueiPT.

Em 2017, golo de ouro de Barreiros valeu o último dissabor do Barcelona na Liga Europeia
Em 2017, golo de ouro de Barreiros valeu o último dissabor do Barcelona na Liga Europeia

Depois do afastamento da final de 2017 pela Oliveirense, na Final Four disputada em Lleida que o Reus viria a ganhar, o Barcelona somou, na pretérita temporada, nove vitórias e um empate (na primeira mão dos quartos-de-final, em Follonica), num percurso que culminou no título no Dragão Caixa.

Esta temporada, o Barça leva duas vitórias nos dois jogos realizados, tendo vencido por 9-2 o Follonica e por 2-6 em Quevert. João Rodrigues bisou frente aos italianos e fez um hat-trick em casa dos gauleses.

“Cada dia sinto-me mais adaptado. Também não é difícil adaptar-me a isto, porque, dentro e fora da pista, os jogadores ajudam, o que também facilita. Cada dia sinto-me mais adaptado ao clube, à cidade, à forma de jogar da equipa, a tudo...”, conta-nos. Mesmo ao catalão. “Desde a primeira hora que entendo tudo. Agora já começo a mandar umas frasezinhas em catalão, embora ainda seja difícil. Mas estou também cada vez melhor nesse aspecto”, confia.

No Palau… pelo Benfica
No Palau… pelo Benfica

Hóquei aquém e além-fronteira

João Rodrigues rumou ao Barcelona depois de nove temporadas no Benfica. “Há algumas diferenças, mas também algumas semelhanças. São dois clubes grandes, dois clubes de futebol que têm muitos sócios por trás, uma importância internacional… Mais o Barcelona, mas são dois grandes clubes que apostam nas modalidades e isso vê-se também no dia-a-dia aqui dos pavilhões”, descreve, ainda que lamentando a falta de um ambiente semelhante aos dos pavilhões portugueses.

“É o que falta aqui em Espanha, são esses ambientes. Aqui, invejam-se esses pavilhões cheios. Pode ser que consigam... não é fácil, naturalmente, mas acredito que estejam a trabalhar nesse sentido”, refere. Na OK Liga, o Barcelona soma nove vitórias e um empate, no sempre adverso pavilhão do Noia. “Havia bom ambiente, apesar de não estar cheio como estava, por exemplo, o pavilhão do Barcelos, agora na recepção ao Benfica. Havia muita gente, mas não era o ambiente desse jogo em Barcelos…”, suspira.

João Rodrigues conquistou duas Ligas Europeias pelo Benfica, ambas afastando o Barcelona nas meias-finais, no desempate por grandes penalidades
João Rodrigues conquistou duas Ligas Europeias pelo Benfica, ambas afastando o Barcelona nas meias-finais, no desempate por grandes penalidades

Longe fisicamente, João Rodrigues não deixa de acompanhar as incidências nacionais. “Estou a acompanhar o Campeonato português, sempre com muita atenção, até porque, em Portugal, também acompanhava o espanhol, e isso sempre fez parte de mim”, afirma. “Tenho acompanhado com muita curiosidade… e também com uma preferência, não é?”, questiona, ele que nunca negou o seu benfiquismo.

“Tem sido bastante interessante ver os jogos. Tem havido grande jogos de Hóquei, disputados até ao final, e acho que o campeonato está completamente em aberto para qualquer candidato”, analisa. “Acho que estão todos na luta e, naturalmente, que agora - que passaram os confrontos directos - quem errar nos outros jogos pode ficar com marcas para o título”, vaticina.

No final da temporada passada, falou-se muito da alteração de modelo competitivo, mas, acabaria por só “cair” o condicionamento no sorteio, que forçava a que os confrontos entre os melhores classificados da época anterior se realizassem apenas nas últimas cinco jornadas.

“Eu era um defensor do formato antigo, sempre fui. Nunca ninguém me perguntou a opinião, mas a verdade é que eu era contra isso, porque acho que, dentro do possível, era o formato mais perto de ser perfeito”, opina. E justifica.

“Havia o factor justiça, porque era uma liga a 26 jogos, e as decisões acabavam por serem levadas quase sempre até ao final. E isso permite também ser emocionante. Todos os fins-de-semana as equipas sabiam que tinham de estar na máxima força. Falou-se do play-off, mas acho que o que ia acontecer era que a fase regular não ia ser tão interessante, e só os jogos de play-off é que seriam interessantes”, exemplifica.

“Neste formato, agora, arrisca-se a que aconteça o que aconteceu este ano, dos jogos entre os ‘grandes’ serem todos no início, o que também pode retirar alguma emotividade ao final do campeonato. Diria que o mais interessante de todos os formatos, sendo que não há formatos perfeitos, era aquele que tínhamos o ano passado”, reitera.

João Rodrigues soma cinco golos em 10 jogos na OK Liga e os outros cinco em apenas dois de Liga Europeia
João Rodrigues soma cinco golos em 10 jogos na OK Liga e os outros cinco em apenas dois de Liga Europeia

Em Espanha, o Barcelona é pentacampeão e, apenas com dois pontos perdidos em 30 possíveis, o “hexa” parece uma questão de tempo. “Não, de todo”, contesta João Rodrigues. “A equipa sente que tem de estar alerta todos os fins-de-semana, alerta em todos os jogos, até porque, aqui, uma das principais diferenças é que os jogos fora são mais difíceis do que em Portugal”, explica.

“As equipas mais fracas são mais organizadas do que são em Portugal, o que torna as coisas mais complicadas. E, às vezes, as decisões dos jogos só surgem mesmo no final, até porque essas equipas lutam sempre muito pelos resultados e sabem sempre o que estão a fazer dentro da pista, o que nem sempre acontece em Portugal”, frisa.

O Barcelona conquistou a Continental em Setembro, em Barcelos
O Barcelona conquistou a Continental em Setembro, em Barcelos

“Sabemos que temos muitos jogos difíceis pela frente, e o Liceo não tem facilitado em nada. Nem o Caldes, que também está a três pontos de nós. Por isso, temos de estar sempre alertas para não perdermos pontos, para que não haja uma aproximação”, avisa, sem disfarçar uma dificuldade acrescida, que é o piso de muitas pistas, em mosaico. “Aqui em Espanha, gostam muito. No meu caso, não, não gosto nada. Isso requer alguma adaptação. Eu diria que os meus colegas gostam muito, e eu também me vou adaptar”, garante.

As eleições e o Mundial

Em Portugal, na ordem do dia está o momento eleitoral, que inevitavelmente – por falta de outros candidatos – terminará na eleição do actual seleccionador nacional. “Soube pelas notícias. Aquilo que todos os amantes da modalidade desejam é que o Hóquei possa melhorar, e acredito que o Luís Sénica pode fazer um bom trabalho. É uma pessoa do Hóquei, uma pessoa jovem, que pode ter novas ideias. Que possa ajudar o Hóquei a dar um passo em frente, é o que se espera. Mas também, quiçá, seja importante romper com o passado em que, na minha opinião, não se trabalhou bem. Seria importante, neste novo mandato, romper com o passado e dar um passo em frente, para bem do Hóquei”, reforça.

Com Luís Sénica, no título Europeu de 2016
Com Luís Sénica, no título Europeu de 2016

A eleição de Luís Sénica “abrirá” uma vaga no cargo de seleccionador nacional. “Acho que toda a gente ligada ao Hóquei português tem expectativa em saber quem será o novo seleccionador e, independentemente de quem seja, tenho a certeza que vai ser o melhor seleccionador possível e que tentará levar Portugal a um bom resultado aqui em Barcelona, no Campeonato do Mundo. É o que todos os portugueses desejam”, vinca.

O Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins – que pode ser o quarto de João Rodrigues - realiza-se em Barcelona, integrado nos World Roller Games, em Julho próximo. “Já começa a haver publicidade nas ruas. Ainda no outro dia, no Passeig de Gràcia, que é um dos pontos principais da cidade, estava um cartaz de não sei quantos metros a anunciar o evento”, regozija-se.

Vice-campeão da Europa na Corunha, Portugal busca em Barcelona a glória mundial que lhe escapa desde 2003
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“Eles querem realmente fazer dos World Roller Games uma coisa a sério. Acho que tem tudo para ser um evento importante aqui na cidade. Parece-me que estão a fazer as coisas bem, muito bem organizadas. Vamos ver se lhes corre tudo bem e, sobretudo, que o Hóquei consiga sair valorizado destes World Roller Games e que não passe nos intervalos da chuva numa terra que é de Hóquei, como a Catalunha”, deseja.

Para já, o desafio de João Rodrigues passa pelo Salvador Machado, onde em 2016 conquistou o Campeonato da Europa. Este será o segundo regresso de João Rodrigues aos palcos portugueses, depois da conquista da Continental em Barcelos no final de Setembro.

AMGRoller Compozito

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