Porto não encontra antídoto e Barça conquista Intercontinental
Foto de capa: SanJuan8O Barcelona conquistou a Taça Intercontinental ao vencer o Porto por 4-5.
A terceira decisão do ano entre Porto e Barcelona – depois das vitórias blaugrana da Liga Europeia e Taça Continental – começou com um Porto determinado e vertical, apontado à baliza de Sergi Fernandez, destacando-se Reinaldo Garcia.
O internacional argentino tinha enfim a possibilidade de disputar uma Taça Intercontinental e estava determinado em levar o troféu da sua San Juan natal para o seu Porto de adopção. Foi traído por uma grande penalidade aos dois minutos e meio que Panadero, apesar das marcas de uma bolada na cara, transformou em golo. Mas aos sete minutos, “Nalo” repunha a igualdade, num remate cruzado fortíssimo.
O duelo entre Porto e Barça tinha muito do que se convencionou ser o Hóquei português e o Hóquei espanhol. O Porto era frenético, rápido, impulsivo a sair, ao passo que o Barcelona era pausado, cauteloso, metódico. Num duelo em que os dois modelos se equilibravam, o Porto adiantou-se num lance bonito entre Gonçalo Alves e Telmo Pinto com o goleador dos dragões a finalizar.
Dos nove golos, quatro – um de Nalo, três de Pablito – foram de sanjuaninos.
Mas o Barcelona não tardaria a responderia. Três minutos e meio volvidos, a seis do intervalo, Pablo Alvarez, o goleador da equipa catalã mostrava também serviço e restabelecia a igualdade, agora a dois. “El Killer de San Juan”, como alguns o alcunharam, jogava em casa como Reinaldo Garcia e como Matías Pascual, e todos queriam brilhar perante os que os tinham visto crescer. Só que Pablito tem aquele condão de fazer golos…
De regresso dos balneários, Nil Roca viu o azul aos dois minutos e levou Giulio Cocco para a marca de livre directo. O italiano não conseguiu bater Sergi Fernandez, mas os dragões ficaram em superioridade numérica e arrancaram logo a décima falta blaugrana. Foi a vez de Gonçalo Alves tentar… e marcar. O avançado português ainda permitiu uma primeira defesa a Sergi Fernandez, mas depois colocou a bola com arte sobre o guarda-redes para nova vantagem azul-e-branca.
Desta vez, a vantagem do Porto só duraria um minuto. Pablo Alvarez, num lance quase fortuito em que a bola vai ter com o seu stick, fez o 3-3.
Gonçalo Alves e Pablo Alvarez assinaram hat-tricks. Apesar de especialistas em bolas paradas, apenas um dos seis golos foi no seguimento de uma, com Gonçalo a marcar na recarga a um livre directo.
Nem o Barcelona tremia com a vantagem adversária, nem o Porto se deixava afectar pela perca de vantagem, e o jogo seguia com a mesma bitola, ao ritmo dos ataques mais rápidos do Porto e mais calculados do Barcelona.
Aos sete minutos, Rafa viu o azul, mas Carles Grau negou a Pablo Alvarez a vantagem para blaugrana e, apesar da vantagem numérica para a equipa de Edu Castro, a história haveria de ter mais uma página igual às anteriores.
Aitor Egurrola entrara para o lugar de Sergi Fernandez e Gonçalo Alves deu-lhe as boas-vindas de picadinha para o 4-3 a 17 minutos do final. Mas o “Polvo”, recordista de troféus na modalidade, não permitiria mais nenhum golo e o Porto também não lograria segurar a vantagem.
A meio desta etapa complementar, o português João Rodrigues, que já na primeira parte tinha estado pouco tempo em pista, finalizava ao primeiro toque, como é seu apanágio, para a igualdade a quatro, pedindo para sair pouco depois de cumprir com o seu desígnio de marcar…
O Barcelona termina 2018 com a conquista da Copa del Rey, OK Liga, Liga Europeia, Lliga Catalana, Taça Continental e Taça Intercontinental. “Escapou” a Supercopa de Espanha, ganha pelo Liceo.
Não faltaram oportunidades, mas não houve mais golos até ao final dos 50 minutos regulamentares, com Carles Grau e Aitor Egurrola seguros quando alguém se libertava do equilíbrio a pista inteira. O guarda-redes dos dragões ganharia mesmo novo duelo de livre directo com Pablo Alvarez (e já tinha ganho outro a Pau Bargalló), sendo determinante para os azuis-e-brancos.
A Taça Continental, em Setembro último, já tinha ido para prolongamento, e Porto e Barcelona voltariam a oferecer mais 10 minutos extra aos adeptos do Hóquei em Patins. E aos aficionados de San Juan em particular que, em números oficiais, eram mais de sete mil no Aldo Cantoni, apesar de nenhum emblema ser local.
No prolongamento, os guarda-redes adiaram o golo que poderia decidir tudo. Na primeira parte, Grau voltou a não permitir o golo de livre directo, pela quarta vez, desta feita a Alabart. E Egurrola negou o golo – que seria o quarto pessoal – a Gonçalo Alves.
Dos 60 minutos de jogo, o Barcelona esteve na frente apenas 6 minutos e 18 segundos.
O golo decisivo chegaria a minuto e meio do final da segunda parte do prolongamento. Pau Bargalló colocou no coração da área e o “killer”, o “assassino”, foi letal. Pablo Alvarez fez o seu terceiro golo, o quinto do Barcelona, que voltava a liderar o marcador mais de 51 minutos depois de Reinaldo Garcia ter feito o 1-1.
O Porto jogou o último minuto com cinco jogadores de pista, mesmo quando perdeu a bola, rematou muito e arrancou aplausos ao muito público presente. Mas Egurrola parou tudo e levantou mais um troféu, a sexta – ou quinta, conforme as fontes... - Taça Intercontinental da história da secção mais titulada do Mundo, sucedendo no palmarés da prova ao Benfica.
Maldição?
Esta Taça Intercontinental vem no seguimento de toda uma história – de triste sina para os dragões – entre Porto e Barcelona, sendo que os azuis-e-brancos nunca ganharam aos blaugrana numa decisão internacional.
Em 1996, o Porto ganhava a sua segunda Taça CERS, depois de também ter ganho a Liga Europeia por duas ocasiões, em 1986 (frente a Novara) e 1990 (com o Noia). No ano seguinte, os dragões chegavam à final da Liga Europeia, a primeira com essa designação (antes Taça dos Campeões Europeus), decidindo um título pela segunda vez na sua história com o Barcelona. E, tal como em 1985, o emblema da cidade condal levou a melhor sobre o da invicta.
Foi o início de uma caminhada não menos que tortuosa do Porto na Liga Europeia, que, até agora, não lograram vencer sob esta designação. Na era “Liga Europeia”, nas 22 edições realizadas desde 1996, o Porto esteve nove vezes na última decisão, nunca terminando com o troféu nas mãos. Em seis dessas ocasiões, o carrasco foi o Barcelona.
Este ano, os blaugrana venceram também o duelo na Continental, como acontecera em 1982 e 1983. E até se podia falar de uma Taça Ibérica, que teve apenas três edições, entre 1999 e 2001, todas ganhas pelo Barcelona. Duas delas frente ao Porto…
Porto vs Barcelona
Taça Intercontinental – Final
Pavilhão Aldo Cantoni, San Juan, Argentina
Porto
Cinco inicial: Carles Grau (gr), Hélder Nunes, Reinaldo Garcia (1), Rafa e Gonçalo Alves (3)
Jogaram ainda: Giulio Cocco, Telmo Pinto e Poka
Treinador: Guillem Cabestany
Barcelona
Cinco inicial: Sergi Fernandez (gr), Sergi Panadero (1), Marc Gual, Pau Bargalló e Pablo Alvarez (3)
Jogaram ainda: Matías Pascual, João Rodrigues (1), Nil Roca, Ignacio Alabart e Aitor Egurrola (gr)
Treinador: Edu Castro
Marcha do marcador
Primeira parte: 0-1 Sergi Panadero (gp), 1-1 Reinaldo Garcia, 2-1 Gonçalo Alves, 2-2 Pablo Alvarez
Segunda parte: 3-2 Gonçalo Alves (rec. ld), 3-3 Pablo Alvarez, 4-3 Gonçalo Alves, 4-4 João Rodrigues
Primeira parte do Prolongamento: -
Segunda parte do Prolongamento: 4-5 Pablo Alvarez
Arbitragem
Árbitros: Sergi Insua (ARG) e Roberto Montiveros (ARG)
Acção disciplinar: Azul a Nil Roca, Rafa e Gonçalo Alves.
Segunda-feira, 17 de Dezembro de 2018, 7h46