«Três pontos, mais nada»

“Eu na véspera, estava naquela… ‘Sem os outros dois, agora sem o Diogo [Silva]… se no ano passado levei 13, vou levar aí uns…’", comenta Luís Duarte ao HóqueiPT.
O Paço de Arcos acabaria por “levar” cinco, mas apontou sete golos no João Rocha, tornando-se a primeira equipa a vencer naquela que é a casa do Sporting desde Setembro de 2017.
O Porto já ali fizera uma desfeita, para a Taça de Portugal, mas a derrota leonina só foi consumada nas grandes penalidades, depois de um empate a três no fim do tempo regulamentar e a cinco no fim do prolongamento.

Para a equipa da Linha, estes três pontos são preciosos. “São três pontos fundamentais para a nossa 'guerra' que é a manutenção”, refere o treinador Luís Duarte. “Obviamente que não estávamos à espera, mas estamos a trabalhar para ganhar os jogos, seja em casa ou fora. O mais importante nisto tudo são os três pontos”, frisa.
O máximo que o Paço de Arcos conseguira ofensivamente esta época fora apontar seis golos na vitória por 5-6 na Marinha Grande.
O Paço de Arcos ainda só conseguira duas vitórias (fora com o Marinhense e em casa com Oeiras) e dois empates, o que lhe valia não mais do que oito pontos em 11 jogos. “São só três pontos, não nos garante que ficamos na I Divisão. Agora estou em nono lugar...”, sublinha o ex-seleccionador nacional de Sub-20, ciente que os actuais 11 pontos, apenas dois acima do penúltimo lugar, estão longe de ser suficientes numa prova que ainda não chegou a meio.

“Estamos a trabalhar melhor, internamente, e temos de continuar a trabalhar porque são só três pontos”, vinca, alertando para uma euforia que seria injustificada. “Ganhámos ao campeão nacional e um dos principais candidatos a ganhar também esta época, mas temos de ter noção que são apenas três pontos”, reforça.
Jovens chegam-se à frente
O Paço de Arcos fecha a primeira volta na próxima terça-feira, dia 22, com a recepção ao Benfica, pelo menos com as ausências certas de Nelson Ribeiro e Filipe Fernandes, a que, no João Rocha, se juntou Diogo Silva. E Nelson e Diogo são “apenas” os mais experientes do plantel às ordens de Luís Duarte.

Para esta temporada, o Paço de Arcos viu partir um cinco inteiro. E de qualidade. Saíram o guarda-redes Diogo Almeida, os experientes Rui Pereira e Tiago Losna e as “referências” André Centeno e Gonçalo Nunes.
No João Rocha, Luís Duarte utilizou oito jogadores, apenas não recorrendo ao guarda-redes Daniel Machial (20 anos) e a José Tiago (18 anos). Entre os utilizados estavam dois jogadores de 19 anos (Bruno Frade, que os completou a semana passada, e João Mendes), um jogador de 20 (Rafael Lourenço) e outro de 21 (Tomás Moreira). Só estes valeram seis golos, com destaque para o “poker” de Tomás Moreira, que passou pela formação leonina, tal como Rafael Lourenço.

Diogo Rodrigues, de 24 anos, defendeu o possível e, algumas vezes, o impossível, Tiago Gouveia, de 25, foi um esteio defensivo com Pedro Vaz, que, no dia do jogo, completou 27 anos. Paulo Jesus, o mais velho dos convocados (28 anos), apontou o golo que falta nas contas.
Média de idades dos jogadores utilizados pelo Paço de Arcos foi de pouco mais de 24 anos.
As lesões têm condicionado de sobremaneira a preparação da equipa, obrigando à chamada recorrente de jogadores dos Sub-20. “Vêm-nos ajudar. O [Bruno] Frade está quase desde o primeiro dia connosco na questão do treino”, realça.
Quando abraçou o projecto do Paço de Arcos em 2017, o técnico, agora com 47 anos, não pensaria talvez que tivesse de voltar a trabalhar com tantos Sub-20. Anunciado como seleccionador nacional do escalão em Dezembro de 2009, Luís Duarte conduziu Portugal à conquista de sete títulos – quatro Europeus e três Mundiais - entre 2010 e 2017, escapando-lhe apenas um título em 2011, num Campeonato do Mundo jogado em Barcelos.
Horários
Inicialmente agendado para as 15h30, o jogo entre Sporting e Paço de Arcos foi, no final de Dezembro, antecipado para as 15h. Nos dias que antecederam o jogo, os leões chegaram a anunciar nas suas redes sociais o início para as 12h30 – antes do Clássico com o Porto em futebol -, mas os da Linha não cederam e a partida acabaria por se realizar às 18h30.
“Tinha sido diferente, porque eu tinha jogadores a trabalhar”, conta-nos Luís Duarte, apontando o caso de Paulo Jesus, impossibilitado de falhar o compromisso laboral. E a equipa já estava “suficientemente” desfalcada.

Mas as rotinas de treino também tiveram influência no “bater o pé”. “Claro que, para nós, que treinamos depois das 20h, não nos interessava jogar ao meio-dia e meia... Aceitámos alterar das 15h30 para as 15h, mas não iríamos aceitar para o meio-dia e meia”, reitera. “Eu treinei no dia 2 de Janeiro ao meio-dia e os guarda-redes... deve ter havido uns 20 golos... em 10 minutos de jogo”, desabafa.
As derrotas do Sporting e dos outros candidatos
“Ganhar ao Sporting é como ganhar a qualquer um dos outros. Quando festejarmos a manutenção, não vamos dizer que foi por ganhar ao Sporting...”, exclama Luís Duarte. Mas, de facto, o feito do Paço de Arcos não tem paralelo.
Desde Setembro de 2017, quando o Pavilhão João Rocha se tornou a definitiva casa dos leões, o Sporting, sempre sob o comando de Paulo Freitas, tinha realizado ali 25 jogos antes da malfadada derrota com o Paço de Arcos. E, para além de nunca ter perdido nos 50 minutos (tinha empates com Porto, Oliveirense e dois frente ao Benfica), registava uma média inferior a dois golos sofridos por jogo, nunca tendo sofrido mais do que quatro golos. E quatro golos só sofrera numa ocasião, numa vitória tranquila por 11-4 frente ao entretanto despromovido Grândola.
Em 2017/18, o Sporting venceu 12 jogos e empatou apenas um para o Campeonato perante o seu público. Esta temporada, ainda com a prova a meio, já leva dois empates e uma derrota.
Em 2017/18, o Sporting venceu o Paço de Arcos, já com Luís Duarte ao leme, por dilatados 13-2. Mas nas duas temporadas anteriores, em que os leões conseguiram o apuramento para a Liga Europeia, os três pontos foram para o histórico da Linha.
Em 2016/17, a vitória foi garantida na secretaria. Ainda antes de Paulo Freitas chegar, o Sporting de Guillem Perez venceu, em Alverca, o Paço de Arcos de Paulo Garrido por 6-4. Mas a inscrição irregular de José Diogo, que nem sequer foi utilizado, custou os pontos conquistados em pista. Na época anterior, o Paço de Arcos vencera, no Livramento, por 2-3 em jogo da última jornada do Campeonato Nacional.
Com a conquista do título de campeão nacional na pretérita temporada, o Sporting “apanhou” o Paço de Arcos em número de títulos (oito), mas a equipa da Linha não é campeã desde 1955. Tinham os leões apenas um título…
Alargando a análise às três últimas temporadas, em que os quatro candidatos terminaram nas quatro primeiras posições, e excluindo os jogos entre eles, há a registar apenas 19 desaires em 276 jogos com “os outros”, sendo que o Benfica teve apenas um (este ano, em Braga), o Porto cinco (três deles em Barcelos), a Oliveirense seis e o Sporting sete.
Destes desaires, Benfica e Porto não tiveram nenhum na condição de visitado, a Oliveirense teve três nas temporadas anteriores e o Sporting registou agora o terceiro, sendo os dos leões sempre frente ao Paço de Arcos.
Paço de Arcos (por cinco vezes), Óquei de Barcelos (quatro), Valongo (três), Braga e Juventude de Viana (duas) e Candelária, Turquel e Tomar foram as equipas que venceram os “candidatos”.
Quinta-feira, 17 de Janeiro de 2019, 7h31