Não é como começa, é como acaba... e uma vantagem bastou
“Os que falam de balizas maiores ou de protecções de guarda-redes mais pequenas, que vejam o Sporting – Porto de ontem! Qualidade, vontade de atacar e pouca especulação equivale a espectáculo! Temos um grande desporto, jogos assim serão o que nos farão avançar”, publicou no Twitter o jogador “Xixi” Creus, do Lleida, vencedor das duas últimas edições da Taça CERS/WSE.
De facto, o Clássico dos quartos-de-final da Taça de Portugal entre Sporting e Porto foi um grande espectáculo, nem sempre jogado com discernimento, mas sempre emotivo. O melhor aperitivo para o fim-de-semana de Liga Europeia que se avizinha.
Houve mais Sporting nos instantes iniciais, ainda que a estratégia de Paulo Freitas fosse traída por um problema mecânico de Gonzalo Romero, substituído muito cedo por Platero. Romero regressaria rapidamente, mas já o Porto se libertara da pressão leonina inicial, assumindo o domínio do jogo. Até aos 12 minutos.
Paulo Freitas pediu um desconto de tempo e o Sporting regressou diferente, mais rápido, a virar completamente o sentido do jogo. Mas seria o Porto a marcar, e por duas vezes. Telmo Pinto, que representará os leões na próxima temporada, fez o primeiro a cinco minutos e meio do intervalo, ampliando Hélder Nunes, meio minuto volvido.
Ao golo de Hélder, que viria a ser a grande figura do lado azul-e-branco, respondeu quase de pronto aquele que seria o destaque verde-e-branco, Raul Marin… ou, pelo menos, foi-lhe atribuído o golo, num lance confuso em que Nelson Filipe veria o azul por protestos.
O Porto sobreviveu ao “underplay”, tal como o Sporting, depois de um azul a Font por protestos na sequência de lhe ter sido assinalada uma simulação, e o intervalo chegaria com o 1-2 favorável aos dragões.
Foi uma primeira parte tensa e com as equipas a procurarem não ficar desequilibradas na retaguarda. A segunda parte começou na mesma toada, e novo golo só surgiu aos 10 minutos, depois de um azul a Romero num lance em que foi o argentino do Sporting que saiu mais maltratado, sendo obrigado a ir ao hospital devido a uma pancada forte com o cotovelo.
No livre directo, Hélder Nunes pediu conselho a Nelson Filipe, colega de posição de Girão na última Taça das Nações, e seguiu à risca, rematando para o fundo das redes para o 1-3.
Três minutos e meio depois, Reinaldo Garcia viu também o azul, e Pedro Gil teve oportunidade de “retribuir” o livre directo. Falhou, mas no seguimento do lance, o Porto cometeria a 10ª falta. Ferran Font marcou. Tal como Hélder Nunes, menos de um minuto depois, na 10ª do Sporting.
Era um momento louco no jogo. De 1-3 a 11 minutos e meio do fim, foi um instante – dois minutos e meio - até um 4-4 que relançava completamente (como se fosse preciso…) o jogo. Depois dos livres directos de Font e Hélder, foi a vez de Raul Marin reduzir de grande penalidade e de Platero restabelecer a igualdade, com muito mérito de Caio. O internacional português, no culminar de um pressing intenso, rematou primeiro à tabela de fundo e depois assistiu para o golo do argentino.
O Sporting estava por cima, a mostrar mais disponibilidade física, mas seria novamente o Porto a adiantar-se. Gonçalo Alves fez o 4-5 a sete minutos do final e os instantes seguintes podiam ter sido fatais para as aspirações leoninas. Ferran Font viu o segundo azul, mas Girão – no terceiro duelo – ganhou a Hélder Nunes. Só que, ainda em superioridade numérica, o capitão dos dragões voltaria a marcar, no seu quarto golo. Era uma vantagem de dois golos a pouco mais de cinco minutos do final… mas o Porto não segurou.
A desviar um remate de muito longe de Henrique Magalhães, Toni Perez fez o 5-6 e, já no último minuto, Raul Marin – possivelmente no seu melhor jogo da época, e não apenas pelos golos que marcou - chegava ao hat-trick, fazendo o 6-6 que levou o jogo para prolongamento.
No tempo extra, o Porto, mais uma vez, chegou-se à frente, com Hélder Nunes a selar uma mão cheia de golos. Houve, por instantes, silêncio no entusiasta João Rocha, praticamente todo pintado de verde-e-branco…
O apoio à equipa da casa – que teve mais de 2100 espectadores, mas longe de estar cheia como se espera na Liga Europeia - não tardaria a regressar e, órfão do seu capitão, o Porto deixou fugir a vitória e o apuramento.
Ainda nos primeiros cinco minutos, Matias Platero repôs a igualdade, agora a sete, depois de igualdades a quatro e a seis. Por protestos, Reinaldo Garcia viu o azul e colocou a sua equipa numa situação ingrata de inferioridade numérica quando já faltavam forças. E Raul Marin, a abrir a segunda parte do prolongamento, aproveitou para dar a primeira vantagem ao Sporting no jogo.
O atacante catalão podia ter morto definitivamente a partida quando sofreu a 15ª falta, mas não conseguiu bater Nelson Filipe. O guarda-redes do Porto até sairia para o regresso de Hélder Nunes – o que é permitido no último minuto do prolongamento – mas a única vantagem leonina em toda a partida subsistiria até ao derradeiro apito.
Garantido o lugar na Final Four, o Sporting defrontará nas meias-finais, a 1 de Junho, o Benfica. Tal como no próximo sábado, nas “meias” de outra Final Four, a da Liga Europeia. O Porto também joga as “meias” da Liga Europeia, regressando ao João Rocha para defrontar o Barcelona. E para, quiçá, poder “vingar-se” deste afastamento da Taça numa final europeia frente ao Sporting.
Terça-feira, 7 de Maio de 2019, 7h45