Leão volta a 'rugir' como Rei da Europa
Mais de quatro décadas sobre a conquista da “Equipa Maravilha”, o Sporting voltou a vencer a Liga Europeia, desta feita com uma vitória sobre o Porto por 2-5.
Leões e dragões têm historiais bem distintos na prova máxima europeia de clubes. Apesar do Sporting ter sido a primeira equipa portuguesa (e a primeira “não espanhola”) a vencer a prova, em 1977, só voltaria uma outra vez à final, em 1989.
Já o Porto, chegou pela primeira vez à final em 1985, sagrando-se campeão em 1986. Voltaria à final em 1987, mas o “bi” só aconteceria em 1990, frente ao Noia, um ano depois dos catalães terem batido os leões na decisão.
Depois a história do Porto é de quase… Já com a decisão do vencedor num formato de Final Four/Six/Eight, os azuis-e-brancos voltariam à final em 1997, 1999, 2000 (no Rosa Mota), 2004, 2005, 2006 (a prova foi jogada em mini-campeonato, em Torres Vedras), 2013 (no Dragão Caixa), 2014 e 2018 (novamente no Dragão Caixa). Ou seja, este domingo o Porto tinha, pela décima vez (!), uma mão no tri.
Primeira metade fatal
O Porto procurou desde cedo assumir o jogo, mas o bloco do Sporting mostrou todas as suas virtudes, tapando os caminhos para a baliza de Ângelo Girão. E sendo eficaz na frente.
Aos seis minutos e meio, Toni Perez, surpreendeu, de costas para a baliza, com um remate entre as pernas e inaugurou o marcador. O Porto restabeleceu a igualdade um minuto volvido, num “tiro” de Reinaldo Garcia, mas não sem antes ter um aviso de Pedro Gil, a rematar ao poste da baliza à guarda de Nelson Filipe depois de um ataque rápido.
Paulo Freitas viu um Porto com pouco dinamismo, a acusar o peso de pôr termo a uma malapata que se torna numa barreira mental complicada de ultrapassar, e lançou Ferran Font e Vítor Hugo. Pouco depois, aos dez minutos de jogo, o catalão servia o português para o 1-2. E não mais o Sporting perderia a liderança no marcador.
Um minuto volvido, Marin desperdiçou uma grande penalidade, mas, mais um minuto decorrido, Font não enjeitaria um livre directo, depois de azul a Telmo Pinto, fazendo o 1-3 apesar de Nelson Filipe até ter detido o primeiro remate.
O Porto insistia em busca do golo, mas perante um pavilhão repleto – 2941 pessoas, apesar dos bilhetes a 40 euros (com “pague 1 leve 2” para sócios do Sporting) – a bola não entrava. E, a menos de dois minutos do intervalo, Gonzalo Romero saiu que nem uma seta com a bola e fez o 1-4 com que se recolheu aos balneários.
Girão
A vantagem era confortável, mas a experiência da véspera – com o Benfica a chegar ao 4-4 - aconselhava cautelas aos leões. Mas Ângelo Girão revelar-se-ia praticamente intransponível.
Não faltaram oportunidades ao Porto, com a lucidez do bloco defensivo leonino a desaparecer com o decorrer dos minutos. No entanto, o guarda-redes e capitão leonino ganhou quase todos os duelos. Desde logo, com Hélder Nunes, aos dois e seis minutos, em dois livres directos.
Nelson Filipe também ganharia um duelo de livre directo, com Ferran Font, aos nove minutos, mantendo o Porto no jogo… ainda que os três golos de diferença fossem cada vez mais uma montanha difícil de escalar.
A 11 minutos do apito final, Gonçalo Alves logrou enfim voltar a bater Girão, depois de uma boa troca de bola dos dragões. Mas o “muro” não permitiu mais veleidades.
O Porto continuava a insistir, num jogo que era cada vez mais jogado em meia pista. No entanto, menos de três minutos volvidos sobre o segundo tento azul-e-branco, Font, regressado instantes antes, repunha num remate cruzado a vantagem em três golos, para um 2-5 que Girão fez com que fosse final.
O guarda-redes dos leões estaria impressionante, em particular nos últimos cinco minutos. Defendeu um livre directo de Gonçalo Alves e tudo o que lhe foram atirando. E, com o bloco a ceder, chegavam a Girão remates de todo o lado.
Vencedor da CERS em 2015 e da Supertaça nesse mesmo ano, Campeão Nacional em 2018, Ângelo Girão só descansaria depois de Fernando Claro, presidente da World Skate Europe, lhe “rematar” o troféu mais importante do Hóquei em Patins, erguendo-o, na ausência de João Pinto, bem alto.
Para além de Girão, os novos vencedores da Liga Europeia - novos campeões da Europa pelo Sporting – são, Ferran Font, Gonzalo Romero, Henrique Magalhães, João Pinto, José Diogo, Matías Platero, Pedro Gil, Raul Marin, Ricardo Oliveira (“Caio”), Toni Perez e Vítor Hugo, não esquecendo Facundo Navarro, João Pedro Pereira e o guarda-redes Tiago Freitas, todos chamados por Paulo Freitas numa caminhada para o título de nove vitórias e um empate (sem golos, em Forte dei Marmi).
Para Raul Marin foi o quarto título depois de dois pelo Barcelona e um pelo Reus. Também pelo Reus, Platero tinha conquistado duas Ligas Europeias e Pedro Gil uma. Toni Perez tinha conquista uma, pelo Liceo.
Paulo Freitas tinha conquistado a Liga Europeia como jogador, pelo Porto, e estreia-se agora como campeão europeu no banco. Na Europa, Freitas já tinha conduzido o Óquei de Barcelos à conquista da Taça CERS de 2016, deixando o clube barcelense – para rumar ao Sporting – já qualificado para a Final Four de 2017, que o Barcelos também viria a vencer.
Segunda-feira, 13 de Maio de 2019, 7h18