No rinque do Olimpo, triunfou a albiceleste de 'Negro'

No rinque do Olimpo, triunfou a albiceleste de 'Negro'

A 23 de Junho celebra-se desde 1948 o Dia Olímpico, proclamado pelo Comité Olímpico Internacional para comemorar o nascimento dos Jogos Olímpicos modernos 54 anos antes, num congresso em Paris.

A primeira edição dos Jogos Olímpicos modernos realizar-se-ia em 1896 e só quase 100 anos depois, em 1992, é que o Hóquei em Patins cumpriu o sonho. Mas não tardou a despertar…

Em 1992, os Jogos realizaram-se em Barcelona, terra do presidente do Comité Olímpico Internacional, Juan Antonio Samaranch. Ex-jogador, ex-treinador e apaixonado por Hóquei em Patins. E colocou a sua modalidade no programa, ainda que como modalidade de exibição, acabando por não vingar no programa oficial.

Argentina de ouro

No ano em que o Hóquei em Patins foi Olímpico, Portugal chegou campeão da Europa e do Mundo a Barcelona. Vencera o Mundial em 1991 e voltaria a vencer em 1993. E, em 1992, em Wuppertal, poucos meses antes dos Jogos, sagrar-se-ia campeão da Europa.

Na primeira fase dos Jogos Olímpicos, as selecções foram divididas em dois grupos de seis equipas. Em Vic, Portugal – com Chambel, Franklim, Luís Ferreira, Paulo Almeida, Paulo Alves, Pedro Alves, Rui Lopes, Tó Neves, Vítor Fortunato e Vítor Hugo – venceu a Argentina por 1-0 e não se imaginaria que a albiceleste reclamaria o ouro para si.

Cobi foi a única mascote olímpica a jogar Hóquei em Patins…
Cobi foi a única mascote olímpica a jogar Hóquei em Patins…

Dirigidos por Miguel Gómez, os argentinos perderam com Portugal, e empataram com a Itália (3-3) e uns surpreendentes Estados Unidos (4-4), que até marcaram mais golos (24) que a Argentina (22) nesta primeira fase.

A Argentina passou como terceira do grupo A, mas numas “meias” jogadas a seis em Reus, lograria o segundo lugar que lhe valeu a presença na final. Vingou a derrota com Portugal (2-1) e venceu a Itália (7-3), Brasil (3-1) e Holanda (4-1). Só perdeu com a anfitriã Espanha, por 2-3, que carimbava também a presença na final depois de nove vitórias e um empate… com o Brasil.

O Palau Blaugrana recebeu a grande final. Com os Reis de Espanha e o príncipe herdeiro Filipe na tribuna, a Espanha adiantou-se por Avecilla, aos 15 minutos. Mas Pablo Cairo empatou e José Luis “Negro” Paez, na altura com 23 anos, consumou a reviravolta para o 1-2 com que se chegaria ao intervalo, ordenado pela dupla de arbitragem portuguesa com Luís Rei – hoje responsável de arbitragem no Comité Europeu – e João Faria.

Herói em 1992, “Negro” Paez procurará no próximo mês de Julho novo ouro no Palau Blaugrana
Herói em 1992, “Negro” Paez procurará no próximo mês de Julho novo ouro no Palau Blaugrana

Na segunda parte, “Negro” fez o 1-3 e Roldán ampliou aos nove minutos e, depois de Joan Carles reduzir, Pablo Cairo repunha uma vantagem de três golos com pouco mais de seis minutos para jogar. O ouro parecia difícil de escapar à albiceleste. No entanto, numa reacção extraordinária a Espanha, orientada por Carles Trujolls (mais conhecido pela arte na baliza que o engenho no banco), levaria o jogo para prolongamento com golos de Avecilla, Rovira e Ayats.

No tempo extra, o agora seleccionador argentino “Negro” Paez adiantaria a selecção sul-americana. Rovira restabeleceu a igualdade e a Espanha carregou… mas foi surpreendida em dois contra-ataques lançados por “Negro” e concluídos por Diego Allende – que já escrevera páginas douradas no Futebol Clube do Porto – a bater Carles Folguera para o 6-8 final.

A Argentina, que “só” vencera os Mundiais de 1978 e 1984, vivia o momento mais alto da sua História. Possivelmente da História da modalidade.

A anfitriã Espanha ficava com a prata e tardaria a voltar a conquistar um título depois do Mundial de 1989. Só voltaria aos triunfos no Europeu de 2000, mas “engataria” para a maior hegemonia de sempre a nível de selecções, conquistando sete europeus consecutivos (e oito das últimas 10 edições) e sete mundiais em oito edições.

Daqui a três semanas, o Palau Blaugrana recebe mais uma decisão, mais uns “Jogos”, desta vez da Patinagem. No culminar dos World Roller Games, disputa-se a 14 de Julho a final do Mundial absoluto e Espanha (vigente campeã) e Argentina (campeã em 2015) partem como favoritas, a par de Portugal – que nos Olímpicos não iria além do quarto lugar – e um pouco à frente da Itália, bronze no “Jogos” de 1992, também com o actual seleccionador, Massimo Mariotti, na equipa.

AMGRoller Compozito

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