«A equipa ganhou tudo»
A conquista do Campeonato do Mundo no passado dia 14 de Julho em pleno Palau Blaugrana, tem um nome incontornável: Ângelo Girão.
“É injusto o protagonismo que estou a receber”, contava ao HóqueiPT, cerca de uma hora sobre o apito final para o 16º título mundial português.
Sempre apontando ao mérito colectivo, Girão pedia que todos frisassem a “humildade” da equipa, num “título de uma equipa enorme”, no culminar de “um trabalho que já vem de há muitos anos”.
Recusando o destaque individual, Ângelo Girão explicou a receita que levou a erguer o troféu mais desejado. “Não temos o melhor guarda-redes do Mundo, como querem fazer crer”, disse desde logo. “Temos humildade, querer, raça, união… Temos amizade. E isso é que ganhou este Mundial”, garantiu.
O percurso e o triunfo de Portugal tiveram muito de sofrimento, de decisões dramáticas, com dois desempates nas grandes penalidades e um jogo que foi a prolongamento. “É na sorte, é o pormenor”, frisou Girão, ressalvando a qualidade dos adversários que os portugueses foram ultrapassando.
Logo nos quartos-de-final, Portugal esteve perto de ficar logo pelo caminho, frente a uma valorosa Itália. Um jogo que catapultou a equipa, mas que despertou sentimentos díspares. A eliminação teria sido uma desilusão… “Estivemos muitos a um passo de dizer que não vínhamos representar mais Portugal”, confessou Girão, destacando recorrentemente todas as virtudes que já antes apontara ao seu grupo de trabalho e que, naquela que é a mais importante de todas, se estende também a adversários. “Acabam os jogos, apagam-se as luzes, o cronometro apaga-se e, no final, levamos esta amizade que temos”, vincou.
Uma epopeia de bola parada
As exibições de Ângelo Girão mereceram particulares elogios pelos duelos que foi ganhando de bola parada, naquele momento em que todos param para o frente-a-frente, seja de livre directo ou grande penalidade, entre guarda-redes e avançado. E que avançados Girão teve pela frente…
A fase a eliminar começou com italianos pela frente. Girão defendeu livres directos de Giulio Cocco e Federico Ambrosio e, já no prolongamento, do futuro companheiro Alessandro Verona e novamente do portista Cocco. No desempate por grandes penalidades, nem Cocco, nem Malagoli, nem Illuzzi, nem Cinquini conseguiram bater o guarda-redes português.
Seguiu-se a Espanha. Adroher não marcou de livre directo ainda na primeira parte e Casanovas, de grande penalidade, também não desfeitearia Girão na etapa complementar. Já no prolongamento, foi a vez do duelo com um Pau Bargalló que jogava em casa. E nova “vitória” de Girão.
Na derradeira e decisiva partida, o “muro” luso impediu o golo numa grande penalidade de Ordoñez na primeira parte, e nos livres directos de Nicolia e “Pablito” Alvarez na segunda. No prolongamento, Nicolia também não conseguiu bater Girão em duas grandes penalidades quase consecutivas.
O capitão da selecção argentina, protagonista de tantos e tantos duelos com Girão no campeonato português, marcaria enfim ao guarda-redes português (mas à segunda, depois de ordenada a repetição), já no desempate por castigos máximos. Seria a excepção a confirmar a regra. Pascual, Alvarez e Ordoñez não conseguiam voltar a bater Girão enquanto Portugal, com golos de Gonçalo Alves e Hélder Nunes, virava o resultado.
Caberia a Platero, companheiro de Girão no Sporting, a grande penalidade do tudo ou nada. Em 2015, na final da CERS, o argentino também travara – e perdera – duelo com Girão no desempate por grandes penalidades. A História repetiu-se e Girão fez a festa.
Domingo, 21 de Julho de 2019, 11h58