Primeira parte de gala dita triunfo leonino
Em jogo relativo à segunda jornada do Campeonato Nacional da I Divisão, o Sporting venceu esta terça-feira a Oliveirense por 4-3.
O jogo maior da ronda encerrava em si mais do que interesse desportivo. Era o primeiro evento depois do anúncio da cessão do protocolo entre a direcção leonina e as claques e, com mais medidas anunciadas – como o cancelamento de “gamebox” ou proibição da entrada de faixas, tambores ou megafones –, temia-se a reacção dos adeptos. Mas a resposta foi impressionante. Com Frederico Varandas ausente, os adeptos identificados com as claques leoninas foram incansáveis, apoiando a sua equipa ininterruptamente, dando um ambiente fantástico à partida.
No final, Paulo Freitas reconheceria esse apoio. “Há que agradecer a todos os adeptos que aqui estiveram presentes [foram anunciados 1608] no pavilhão. Foi um ambiente incrível, foi um ambiente fantástico, foi um ambiente à Sporting e assim as coisas tornam-se muito menos difíceis. Parabéns a todos, esta vitória também é de toda esta gente que esteve aqui hoje e que do primeiro ao último segundo foram incansáveis no apoio que prestaram à equipa”, referiria o técnico leonino.
Entrar a ganhar
A vencer fora de pista no momento conturbado do clube, o Sporting entrou também a ganhar dentro de pista. Na primeira posse de bola dos leões, com pouco mais de um minuto cumprido, Matías Platero inaugurou o marcador.
O golo madrugador condicionou desde cedo uma Oliveirense a que não tem sido um bom início de temporada e que se apresentava sem o fulcral Xavi Barroso, a recuperar de uma intervenção cirúrgica (deverá regressar dentro de duas semanas). Apática e sem velocidade perante um Sporting que “carregava”, a Oliveirense sofreria novo golo aos sete minutos. Font entrara para cobrar um livre directo e, depois de não conseguir bater Nelson Filipe na bola parada, redimiu-se na superioridade numérica com muito mérito para a pressão de Pedro Gil sobre Jorge Silva e Marc Torra.
Aos 15 minutos, um passe de Henrique Magalhães (que, em dia de aniversário, regressou ao João Rocha e no final ouviu os parabéns dos adeptos) a pedir a entrada de Bargalló terminou em grande penalidade, mas o catalão não conseguiu bater Ângelo Girão. De resto, Girão defenderia outra grande penalidade e ainda dois livres directos, sendo decisivo no segurar da vantagem na etapa complementar.
A Oliveirense não marcava, e sofria. A oito minutos e meio do intervalo, Telmo Pinto desviava no ar a bola para o 3-0 com que as equipas recolheriam aos balneários.
Ainda na primeira parte, Torra viu um azul por palavras e deixou a sua equipa em inferioridade até estarem cumpridos 28 segundos na segunda, mas o Sporting não aproveitou. E a Oliveirense foi em busca de outro resultado e outra imagem.
Nos primeiros cinco minutos após o reatamento, a Oliveirense dispôs de uma grande penalidade e um livre directo, mas Torra perdeu ambos os duelos com Ângelo Girão, agora vilão na história de Renato Garrido depois de ter sido herói para o técnico em Barcelona. De resto, em pista estiveram nada menos que metade dos campeões do Mundo por Portugal de Julho último: Ângelo Girão e Telmo Pinto pelo Sporting e Nelson Filipe, Henrique Magalhães e Jorge Silva pela Oliveirense.
Aos sete minutos, em nova grande penalidade, os visitantes reduziram enfim, por Ricardo Barreiros, numa altura em que a Oliveirense estava por cima. No entanto, o momento anímico seria “cortado” pouco depois, com Platero a bisar no desvio a um remate de muito longe de Gonzalo Romero. O 4-1 tranquilizava os leões e afectava a equipa de Oliveira de Azeméis.
Sem deixar de procurar reduzir, faltava à Oliveirense velocidade para desequilibrar a muralha verde-e-branca, que eventualmente adormeceria com a vantagem construída. Já se esperava pelo fim do encontro quando, a três minutos do final, Jorge Silva reduziu para 4-2. E ninguém foi atrás de Jordi Bargalló quando, a 15 segundos do derradeiro apito, este arrancou pela esquerda para um remate cruzado que valia o 4-3 e fazia pairar no João Rocha a sombra do empate. Mas um último lance – com protestos da Oliveirense – não redundaria na alteração do marcador e o Sporting somou mais três pontos na corrida ao título.
«A nós coube-nos ir atrás do prejuízo»
Na reacção ao jogo, Renato Garrido lamentou ter de perseguir um resultado desfavorável. “Há duas partes distintas. Nós não entrámos bem no jogo, tivemos de lutar contra um prejuízo de três golos, que é complicado ainda para mais com um adversário do nível Sporting. Na segunda parte, há uma reacção nossa, diferente, em que pecámos nas bolas paradas, ou o resultado poderia ter sido outro. No entanto, há um mérito grande do Sporting como entrou no jogo, como se pôs em vantagem e como geriu essa vantagem. E a nós depois coube-nos ir atrás do prejuízo”, observou.
O treinador da Oliveirense teria ainda uma palavra para a dupla de arbitragem constituída por Miguel Guilherme e Ricardo Leão, depois de algumas críticas (então a Luís Peixoto e Miguel Guilherme) após o jogo da Supertaça. “Eu entendo falar quando acho que devo falar, e acho que [os árbitros] estiveram ao nível do jogo. Permitiram que fosse um grande jogo entre duas grandes equipas, com a presença deles a ser fundamental para o jogo ter sido de qualidade”, elogiou.
«A primeira parte roça o brilhantismo»
Paulo Freitas abordou também a arbitragem, mas não com elogios. “Não me queixo quando perco, mas hoje acho que… cinco bolas paradas, 10 faltas, o adversário com cinco faltas… A única coisa que questiono é o critério. Porque uma equipa que está a perder, necessariamente tem de aumentar os níveis de agressividade no jogo para ganhar a posse de bola. E isto foi exactamente o contrário. O Sporting foi castigado com faltas, houve uma altura em que estivemos com oito faltas e o adversário com uma. A segunda falta é marcada a 16 minutos do final do jogo. E, portanto, não gostei daquilo que foi feito, não gostei dos critérios que foram utilizados, mas, enfim, é algo que os árbitros têm de corrigir. Também têm direito a ter noites infelizes e espero que melhorem também as suas prestações”, referiu.
Sobre o jogo jogado, o treinador dos leões não poupou elogios à primeira parte da sua equipa. “Sabíamos que tínhamos de entrar muito determinados, muito concentrados. Tínhamos de entrar muito fortes no jogo. E tínhamos de fazer uma coisa diferente da que aconteceu aqui no sábado passado: tínhamos de controlar o marcador. E os jogadores foram brilhantes nisso. Vinha agora a dizer que acho que a primeira parte roça o brilhantismo. Acho que foi uma exibição de mão cheia, como se costuma dizer. Fizemos aquilo que tínhamos de fazer para 'castigar' a Oliveirense, fizemos as movimentações que tínhamos de colocar no jogo. Os jogadores foram brilhantes na interpretação da mensagem que lhes foi passada e que foi trabalhada obviamente para este jogo. Pese embora, só termos tido dois dias para o preparar”, ressalvou.
A segunda parte foi distinta. “Também disse na antevisão que a Oliveirense é uma grande equipa e que não íamos conseguir controlar todos os momentos do jogo. A segunda parte é já diferente, mais repartida obviamente, onde tivemos uma postura um bocadinho mais calculista porque tínhamos de gerir tempos de ataque, subir as nossas marcações para evitar a profundidade e a meia distância do adversário. Sabíamos que tínhamos de tirar os bloqueios que nos metem ali na zona dos bicos da área e tivemos também a capacidade de sofrer”, analisou.
Ficha de jogo
Campeonato Nacional da I Divisão, 2ª jornada
Pavilhão João Rocha, Lisboa
Resultado: 4-3 (3-0 ao intervalo)
Árbitros: Miguel Guilherme e Ricardo Leão (Lisboa)
Marcha do marcador
Primeira parte: 1-0 Matías Platero, 2-0 Ferran Font, 3-0 Telmo Pinto
Segunda parte: 3-1 Ricardo Barreiros (gp), 4-1 Matías Platero, 4-2 Jorge Silva, 4-3 Jordi Bargalló
Sporting
Cinco inicial: Ângelo Girão (gr), João Souto, Matías Platero (2), Gonzalo Romero e Pedro Gil
Jogaram ainda: Ferran Font (1), Toni Perez, Telmo Pinto (1) e Caio
Treinador: Paulo Freitas
Oliveirense
Cinco inicial: Nelson Filipe, Marc Torra, Henrique Magalhães, Jordi Bargalló (1) e Jorge Silva (1)
Jogaram ainda: Ricardo Barreiros (1) e Vítor Hugo
Treinador: Renato Garrido
Acção disciplinar
Azul a Jordi Bargalló, Marc Torra e Vítor Hugo; Matías Platero e Ferran Font.
Segunda jornada
A segunda jornada fecha esta quarta-feira com as cinco partidas em falta [o Turquel venceu em São João da Madeira no passado sábado por 3-4], destacando-se as deslocações do Porto a Paço de Arcos e do Benfica a Torres Vedras para defrontar a Física.
Os jogos agendados para esta quarta-feira (e respectivas nomeações) são os seguintes:
• Paço de Arcos vs Porto • 21h • Luís Peixoto e João Duarte
• Física vs Benfica • 21h • Teófilo Casimiro e Paulo Carvalho
• Os Tigres vs Braga • 21h • José Pinto e Porfírio Fernandes
• Óquei de Barcelos vs Riba d’Ave • 21h30 • Rui Torres e Paulo Rainha
• Juventude de Viana vs Valongo • 21h30 • Florindo Cardoso e Manuel Fernandes
Quarta-feira, 23 de Outubro de 2019, 8h19