Esclarecimento erróneo deixou Tiago Gouveia 'fora de jogo'
O Paço de Arcos foi esta quarta-feira derrotado pelo Porto por 1-4, em jogo a contar para a segunda jornada do Campeonato Nacional da I Divisão.
A histórica equipa da Linha optou este ano por um plantel de oito jogadores, complementado com jogadores da equipa “B” e mais jovens. Aos dois atletas necessariamente chamados, desta feita foi também necessário colmatar as ausências de Diogo Silva e de Tiago Gouveia.
Se o impedimento de Diogo Silva se deve a lesão – e foram muitas as que deram dores de cabeça a Luís Duarte na pretérita temporada –, a ausência de Tiago Gouveia foi por motivos regulamentares. Mas injustificados.
Utilização na equipa “B”
No passado domingo, a equipa “B” do Paço de Arcos recebeu o Cascais. O guarda-redes Énio Abreu e os jovens José Maria Gonçalves e Bruno Frade (ambos a bisarem) serão recorrentes na III Divisão e ganhariam embalo para o jogo frente aos campeões nacionais esta quarta-feira. O objectivo era que Tiago Gouveia, que vinha de lesão, pudesse ganhar minutos de jogo para estar mais preparado, mas a sua participação frente ao Porto foi impedida.
O jogo entre o Paço de Arcos “B” e o Cascais foi interrompido com poucos minutos para jogar, por lesão do árbitro Nuno Sousa. Com o Cascais a alegar que não teria jogadores – por compromissos profissionais – para disputar o que restava na segunda-feira, o reatamento da partida foi agendado para as 22h de terça-feira e arbitrado por Jorge Carmona. O marcador registava 6-3 para o Paço de Arcos na altura da interrupção e não se alteraria.
Período de “repouso”
A utilização de Énio, Frade e Zé Maria no jogo frente ao Porto nunca esteve em causa, por serem Sub-23 e terem apenas de respeitar um “repouso” de 15h. Já Tiago Gouveia, que completa 26 anos no início de Novembro, teria de respeitar um período de 48h entre jogos.
O Paço de Arcos pediu um esclarecimento sobre a partir de quando se deviam contar as 48h, em função do jogo se disputar em dois dias distintos, e a resposta da Federação de Patinagem de Portugal foi taxativa: Tiago Gouveia não poderia ser utilizado porque as 48h deviam contar a partir do fim da partida da equipa “B”.
A partir do fim… ou do início?
Resignado ao esclarecimento da FPP, Luís Duarte abdicou da utilização do defensor que representa o histórico clube da Linha desde 2015.
No entanto, o esclarecimento não terá sido o mais correcto.
Desde logo, eram sempre cumpridas as 15h previstas no ponto 1 do artigo 45º (Condições necessárias para realização dos jogos de Hóquei em Patins) do Regulamento Geral do Hóquei em Patins, em que se lê que “para que um atleta do hóquei em patins possa participar em dois jogos consecutivos desta disciplina - independentemente de se tratar (ou não) de jogos de diferentes categorias ou escalões - tem sempre de ser salvaguardado um intervalo de, pelo menos, quinze horas, relativamente às horas de início de cada um dos jogos em questão, período esse que deve igualmente ser salvaguardado na calendarização das competições federativas e associativas”.
As 48h a que a FPP aludiu são referidas no artigo 39º (Equipas “B” – Inscrição e participação em Competições Nacionais), em que se lê no ponto 14 que “um jogador só pode ser utilizado pelo Clube, decorridas que sejam quarenta e oito (48) horas, sobre o início do jogo em que este representou qualquer uma das equipas, principal ou ‘B’, sendo o presente ponto aplicável única e exclusivamente aos atletas inscritos na equipa principal e que tenha completado 23 anos até 31 de Dezembro do ano de início da época a que se refere a inscrição”.
Este ponto é claro que o período deve ser cumprido sobre o “início” do jogo. No caso de Tiago Gouveia, o seu jogo começou no domingo, às 18h30, mais de 72 horas antes da recepção ao campeão nacional.
Regulamento acima do esclarecimento
O Paço de Arcos abdicou da utilização de Tiago Gouveia para evitar, na dúvida, eventual uma inscrição irregular e consequente falta de comparência. Já este ano, outro pedido de esclarecimento – mais informal – fora acatado, entre as equipas de Sub-20 do Alenquer e da Física, que acordaram entre si o adiamento de uma partida a que faltara o árbitro nomeado.
No entanto, na altura, o vice-presidente para o Hóquei em Patins Vítor Ferreira frisou que o regulamento é soberano e esse refere que o jogo teria de se realizar. Ambas as equipas foram punidas com derrota e os três pontos que a Física podia ter conquistado custaram-lhe o apuramento para a fase final.
Antes de defrontar o Porto, o Paço de Arcos defrontou a Oliveirense e nos próximos dois fins-de-semana terá pela frente Sporting (no próximo domingo) e Óquei de Barcelos, num arranque de Campeonato impiedoso.
Sábado, 26 de Outubro de 2019, 0h43