Escorregadela numa corrida em que o Barcelos vai por fora
O Óquei de Barcelos tem sido o protagonista maior deste Campeonato Nacional, mas no passado fim-de-semana perderia pontos onde talvez menos se esperasse. A Física conquistou frente aos barcelenses o primeiro ponto para a prova, depois de sete derrotas em outras tantas jornadas.
Depois da derrota à terceira jornada em Oliveira de Azeméis – com fortes críticas do Barcelos à actuação da dupla de arbitragem –, a equipa de Paulo Pereira somou quatro vitórias consecutivas, incluindo triunfos sobre os campeões europeu Sporting e nacional Porto, que a catapultaram para o topo da classificação.
Frente a uma Física que ainda não pontuara, o Óquei de Barcelos mostrou na primeira parte muito do que lhe tem valido rasgados elogios de diversos quadrantes. Com um Hóquei rápido e empolgante, principalmente quando patrocinado por Ezequiel Mena, os co-líderes (a par da Oliveirense) da classificação adiantaram-se aos oito minutos, com um golo de Gonçalo Nunes.
A Física respondia timidamente, mas não tardou a sentir-se o efeito da entrada do experiente Pedro Moreira, que no último defeso foi badalado para representar o Barcelos. E sairia do stick do internacional português de 34 anos, cedido pela Oliveirense à Física, o golo do empate, que abalaria a confiança minhota.
O Óquei de Barcelos acusou o tento sofrido, mas manteve a postura, que nem com um azul ao regressado Miguel Rocha foi beliscada. A quatro minutos do intervalo, o ascendente barcelense era coroado com um grande golo do jovem Gonçalo Meira para o 1-2 que se registava quando as equipas recolheram ao balneário. Para trás ficava uma primeira parte marcada pela saída forçada do guarda-redes Ricardo Miranda (“Gordini”), com sequelas da viseira rachada depois de um forte remate cruzado de Ferruccio. Bernardo Antunes entrou para o seu lugar e viria a ser o herói do jogo.
Antes de Bernardo ter honras de herói, logo após o reatamento, André Gaspar igualou e, de livre directo, Mathias Arnaez virou o resultado. Tudo nuns primeiros cinco minutos em que o Barcelos não mostrou capacidade de reacção.
A Física galvanizava-se perante um Barcelos praticamente irreconhecível, saltando o capitão Luís Querido do banco para, em duas grandes penalidades, manter os “galos” na disputa do resultado. Querido fez o 3-3 e faria o 4-4 depois de Fábio Cambão também ter marcado de castigo máximo.
Os minutos passavam e as oportunidades surgiam de um e de outro lado, com uma Física aguerrida, pressionante e combativa. A oito minutos e meio do apito final, Franco Ferruccio (“Tato”) colocou o Óquei na frente, mas os barcelenses voltaram a não conseguir segurar a vantagem. João Rodrigo Campelo, com facilidades concedidas pela defensiva adversária, assinou nova igualdade a cinco minutos do fim.
Não faltaram situações para desequilibrar o marcador a favor dos anfitriões ou dos visitantes, mas as mais gritantes estiveram na mão do Óquei de Barcelos. Tato não conseguiu bater Bernardo Antunes de livre directo e, a escassos seis segundo do término, depois de uma grande arrancada de Mena, Luís Querido falhou uma grande penalidade… à terceira, Bernardo Antunes parava enfim um castigo máximo do capitão do Barcelos e assegurava a conquista do primeiro ponto para a equipa de André Gil.
Após o apito final, foi maior o grupo que se deslocou de Barcelos para apoiar a sua equipa. Incansáveis durante os 50 minutos, e ainda que com as expectativas certamente goradas, aplaudiram os seus jogadores em uníssono.
Com este empate, o Óquei de Barcelos fica a dois pontos da agora líder isolada Oliveirense, que triunfou em Valongo por 3-5, e é alcançado por Sporting e Benfica.
Deslizes de campeão
Muito por “culpa” de Paulo Pereira, é inevitável comparar o trajecto deste Óquei de Barcelos com o do Valongo de 2013/14, na conquista mais inusitada em largos anos. Bastará referir que até, esse Valongo, desde 1992/93, primeiro título do Barcelos, que nenhum clube se estreava na galeria de campeões nacionais. Era o Valongo de, entre outros, Girão, Rafa, Henrique Magalhães, Telmo Pinto, João Souto… e do agora barcelense Álvaro Morais que, muito jovem, envergou na partida da Luz a camisola de Nuno Araújo.
Então com 16 equipas, ao invés das actuais 14, o Valongo de Paulo Pereira somou 12 vitórias nas 12 primeiras jornadas, triunfando – por exemplo – também na pista do Sporting. Mas era um Sporting bem diferente do actual e o Pavilhão João Rocha era apenas um sonho. A primeira derrota surgiria numa aziaga 13ª jornada, em Oliveira de Azeméis. Onde este ano o Óquei regista também a sua única derrota.
Na primeira volta dessa época dourada do Valongo, essa seria mesmo a única derrota, perdendo os valonguenses mais pontos nos empates nas deslocações às pistas do Candelária e do então, tal como agora, campeão nacional Porto. Esta época, com mais assumidos candidatos ao título (em 2013/14 eram apenas Porto e Benfica), o Óquei de Barcelos, sem descurar os embates com as restantes equipas, terá nova prova de fogo na recepção ao Benfica, a encerrar a primeira metade do Campeonato, em jogo agendado para 22 de Janeiro.
Na segunda volta, não houve empates para os valonguenses, mas sofreriam três derrotas. Surpreendentemente, o Valongo vacilou na recepção ao Turquel (nos únicos pontos perdidos no Municipal de Valongo) e não estaria também nas contas a derrota na ida a Viana. Já de forma estratégica, em poupança para a última e decisiva jornada frente ao Porto, o Valongo perderia na ida à Luz na penúltima jornada.
Um total de 16 pontos “desperdiçados” não impediriam o Valongo de ser campeão, mas depois disso – sempre com 14 equipas – ninguém foi campeão com mais de 11 pontos perdidos. Para já, o Óquei de Barcelos perdeu cinco…
Quinta-feira, 5 de Dezembro de 2019, 7h39