III Divisão quer parar até Janeiro
Num consenso invejável, os clubes da III Divisão expressaram em reunião com a FPP a vontade de suspender a competição até Janeiro. O dirigente Lima Pereira, do CART, expõe os argumentos com que a maioria se identifica e se revê.
As novas regras do renovado Estado de Emergência levaram ao adiamento na íntegra da 6ª jornada da III Divisão e no próximo fim-de-semana alargado – de 5 a 8 de Dezembro – também não poderá haver jogos. A federação abriu a porta à realização de encontros durante a semana (necessariamente com início até às 20h30) caso houvesse acordo entre os clubes, mas a vontade do regresso apenas em 2021 foi praticamente consensual.
“O CART não jogará mais até Janeiro de 2021”, explica-nos António Lima Pereira. “Pelo menos, é essa a nossa intenção. Com a suspensão das jornadas devido ao estado de emergência neste fim-de-semana e no próximo, o CART teria apenas um jogo da Taça de Portugal e um do Campeonato até final do ano! Já foi pedida a alteração do jogo do Campeonato e no da Taça será feito o mesmo”, detalha.
O calendário mandaria jogar a próxima jornada a 6 de Dezembro – já impossível pelas regras em vigor do Estado de Emergência - e a seguinte a 13, que também deverá ser legalmente impossível a confirmar-se a renovação do Estado de Emergência que a maioria dá como certa. Depois haveria a pausa natalícia no Campeonato, que regressaria apenas a 10 de Janeiro. Mas antes, para 19 de Dezembro, estão agendados os 32-avos-de-final da Taça de Portugal.
O Centro de Actividades Recreativas Taipense (CART) está sediado no concelho de Guimarães, que atravessa uma das situações mais delicadas em todo o país. “A saúde está em primeiro lugar”, clama Lima Pereira. “Não conseguimos aceitar que se tenha de fechar o negócio mais cedo e que, de seguida, se possa ir jogar Hóquei. Não conseguimos aceitar que tenhamos de estar em confinamento e depois se possa ir jogar Hóquei”, reclama.
“Se estamos com restrições na nossa vida pessoal, escolar e profissional, também temos de estar no desporto amador. Se a ordem é para ficar em casa com o objectivo de haver menos possíveis focos de contágio, é isso que se tem de fazer: ficar em casa”, observa.
Ainda que, legalmente, a III Divisão não tenha um estatuto diferente da I Divisão, a realidade é bem distinta. “A III Divisão é um ‘escape’ para a maioria dos intervenientes. Neste momento actual, sem testes, sem distanciamento durante treinos e jogos, sem máscaras, estamos entregues à nossa sorte. Não vale o risco de ficarmos infectados, de infectarmos a nossa família, de podermos passar um Natal enfiados num quarto, isolados de toda a família, que já de si será reduzida”, alerta o dirigente, numa opinião que terá sido partilhada pela generalidade dos presentes na reunião promovida na passada terça-feira pela Federação de Patinagem de Portugal.
O caso dos atletas do CART será certamente reconhecido por muitos outros da III Divisão portuguesa. “Alguns deles habitam com doentes de risco, e já estão a nível profissional em teletrabalho. Portanto não faz sentido correr riscos naquilo que deveria ser o divertimento, o lazer, o gosto pela camisola. Riscos corremos na nossa vida profissional, não nos momentos de lazer”, desabafa.
A sugestão apresentada à federação é então que se adie a retoma competitiva até Janeiro, ainda que tal possa implicar prolongar a temporada. “Na expectativa que 2021 traga um grande abrandamento dos casos de contágio, defendemos a pausa até lá, para depois se analisar o reinício. Podemos jogar até Julho se necessário, temos tempo - e mais que tempo - para terminar o campeonato depois desta pausa”, defende Lima Pereira.
Ponto de situação
A presente edição do Campeonato Nacional da III Divisão arrancou a 18 de Outubro e tem avançado com muitos solavancos. Dos 161 jogos que estavam previstos, apenas se realizaram 73 (45%), sendo que na Zona Norte A apenas tiveram lugar 14 (40%) dos 35 que deviam ter sido jogados.
“Este campeonato, desta forma, não faz qualquer sentido. É um campeonato sem verdade desportiva, sem ritmo, onde se está constantemente a alterar jogos. Há equipas que fizeram o primeiro jogo há oito dias”, alerta Lima Pereira.
De facto, na Zona Norte A, o Lavra realizou a sua primeira partida no dia 22 de Novembro. Por contraste, o Fânzeres já realizou cinco, somando outras tantas vitórias.
Na Zona Norte B, Vila Boa do Bispo e CS Marítimo também ainda só realizaram um jogo, liderando o Termas com pleno de vitórias nos três jogos realizados. Também com pleno de vitórias segue a equipa “B” da Sanjoanense, mas com apenas dois jogos realizados.
A Sul, a Zona Sul A é a que tem mais jogos realizados, a única com mais de metade dos jogos previstos já cumpridos. A Zona que conta com sete “B” entre 12 equipas já teve 22 jogos dos 42 agendados. Benfica “B” e Turquel “B” somam três vitórias em três jogos, com o Entroncamento intrometido também com nove pontos, mas em quatro partidas.
Na Zona Sul B, o CRIAR-T lidera com quatro vitórias em quatro jogos, num registo 100% vitorioso de que, por exemplo, o Marítimo SC também se pode orgulhar. Mas a equipa açoriana ainda só realizou um jogo…
Segunda-feira, 30 de Novembro de 2020, 10h10