Uma estreia de sonho
Luís Filipe Silva Raimundo
Em jogo a contar para a 1ª mão dos quartos-de-final da Women’s Cup, o Benfica venceu no sábado passado o Voltregà por 8-3.
O apito final do jogo entre Benfica e Barcelona para a Liga Europeia não deu como terminadas as emoções no pavilhão da Luz. Já com menos gente nas bancadas, subiram ao palco as equipas femininas de Benfica e Voltregà.
#IMAGE3985 Rute Lopes aponta o primeiro encarnado
A equipa do Benfica tinha nas competições europeias femininas um baptismo de fogo. Em oito edições da prova, o Voltregà conquistou três, e é o actual tetracampeão da poderosa Liga espanhola. Mas as bicampeãs nacionais de Paulo Almeida não se intimidaram.
Foi um início de jogo onde o Benfica entrou com circulação de bola rápida e onde o Voltregà não existiu defensivamente. Aos três minutos, Rute Lopes entrou pela lateral esquerda, forçando para dentro, e no 1x0 (um para o guarda-redes) inaugurou o marcador. Três minutos depois, Rita Lopes recuperou a bola e fez um passe a rasgar para a direita do ataque onde surgiu Marlene Sousa solta, a ampliar para 2-0.
Menos de meio minuto volvido sobre o segundo encarnado, a guardiã Maria Celeste Vieira cometeu grande penalidade sobre Natasha Lee que surgia pelo corredor esquerdo do ataque e a própria internacional espanhola transformou em golo, com um remate ao ângulo superior esquerdo da guarda-redes.
#IMAGE3986 A festa do golo, repetida oito vezes para as águias
O golo das espanholas prometia um Voltregà a voltar ao jogo mas tal não aconteceu. Muito pelo contrário. Bastou meio minuto para Rute Lopes, de grande penalidade a castigar falta sobre Marlene Sousa, fazer o 3-1, num remate praticamente rasteiro junto ao poste esquerdo da guarda-redes Laia Vives, que ainda defendeu mas foi traída pela trajectória.
No ritmo frenético a que a partida se desenrolava, o quarto golo encarnado tardou… dois minutos. Aos nove minutos e meio, Marta Vieira, recém-entrada, lançada em contra-ataque por Inês Vieira, colocou ao segundo poste e uma defensora introduziu a bola na sua própria baliza. E Marta bisaria três minutos depois, respondendo de primeira a uma assistência de Marlene Sousa.
Aos 13 minutos, o Benfica fez um remate que não deu golo… um suspiro de desalento ecoou no pavilhão da Luz, tamanha fora a eficácia das encarnadas.
#IMAGE3987 Marlene Sousa festeja o auto-golo contrário
Mas até ao intervalo ainda surgiria mais um golo para as águias, por Sofia Vicente, num ataque organizado em losango, contra o quadrado que o Voltregà já adoptara para tentar não sofrer mais golos. A bola vai do lado direito do ataque para o meio - a chamada “bola pingada” para o meio - em que Sofia Vicente desvia ao primeiro poste, antecipando-se à guarda-redes Laia Vives, que acaba por falhar a bola e a defesa devido à antecipação da jogadora encarnada.
O intervalo chegou com um 6-1 em que o Benfica bem pode dizer que correu tudo bem, porque mesmo quando a guarda-redes adversária defendeu, a bola acabou por entrar.
Na etapa complementar os golos só surgiram decorrida meia parte. O 7-1 surgiu num livre à entrada da área, em que Marlene Sousa toca a bola para o lado onde estava Marta Vieira que, de primeira, enrola a bola junto ao poste do lado esquerdo da guarda-redes, selando o seu hat-trick. E, um minuto depois, na sequência de um cartão azul mostrado a Silvia Jurado por falta sobre Marlene Sousa, a própria atacante encarnada concretiza de livre directo, tocando a bola para a frente e rematando logo de seguida junto ao poste do lado esquerdo da guarda-redes, sem dar qualquer hipótese de defesa e bisando no jogo.
#IMAGE3988O duelo particular entre Natasha Lee e Marta Vieira terminou com um hat-trick para cada lado
Foi um fôlego curto das encarnadas no que a golos diz respeito, mas garantindo uma vantagem importante, com um 8-1 impensável.
O Voltregà reduziu praticamente de imediato, sempre por Natasha Lee, numa entrada pelo corredor direito, e a mesma jogadora fixaria o resultado final já no derradeiro minuto. Marta Vieira comete a décima falta, sem necessidade nenhuma dado que o Benfica tinha o jogo mais do que controlado, estava na sua zona de ataque e o Voltregà não criava perigo. A falta – e o respectivo livre directo - acabou por ser bem aproveitado por Natasha Lee, concretizando do lado direito da guarda-redes e fechando as contas em 8-3.
Foi uma segunda parte totalmente diferente, com o Voltregà a defender melhor, adoptando o sistema defensivo que na gíria do hóquei é conhecido como “quadrado”, com o claro objectivo de não sofrer mais golos e tentando marcar em rápidos contra-ataques para levar a eliminatória em aberto para Espanha.
O Benfica sentiu grandes dificuldades para entrar no quadrado espanhol mas, com uma primeira parte de sonho, leva para a segunda mão cinco golos de vantagem. A decisão está marcada para 7 de Fevereiro, em Voltregà.
Luís Filipe Silva Raimundo
Quarta-feira, 21 de Janeiro de 2015, 11h07