«Há pessoas competentes no hóquei em patins»
Fotos: Câmara Municipal de CascaisA 15ª Gala do Desporto de Cascais premiou Luís Duarte como treinador do ano 2014.
O seleccionador nacional de Sub-20 foi pelo segundo ano consecutivo a votos e desta feita, com o título europeu de Valongo, logrou vencer outros nomeados de respeito - e porventura com outra popularidade - como o actual treinador de futebol do Sporting, Marco Silva, que na temporada 2013/14 conduziu o Estoril às competições europeias.
Para Luís Duarte, a simples nomeação já era um prémio. “Ser nomeado é o reconhecimento dos títulos que tenho ganho pela Vila onde moro, que é Cascais. Fico satisfeito e orgulhoso e agradeço à Câmara de Cascais por me ter nomeado”, refere ao HóqueiPT, sendo que esta não é a primeira vez que a edilidade cascalense o homenageia. “Já tinha sido condecorado duas vezes. Há três anos, quando ganhei o segundo campeonato da Europa, e o ano passado, pelo campeonato do Mundo, em que fui chamado e fui condecorado mesmo na Câmara de Cascais pelo presidente”, orgulha-se.
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Num lote de pares em que o nome de Marco Silva se destacava, Luís Duarte ficou surpreendido pelo prémio que é atribuído por voto popular. “Não estava à espera porque havia outros candidatos mais fortes, mais conhecidos. Eu era um ‘outsider’”, sublinha, recordando com humor um episódio da Gala. “Estou ligado à Federação, fui tricampeão da Europa mas quando o meu nome foi abordado… se calhar houve cinco ou seis pessoas que bateram palmas, enquanto que os outros treinadores eram conhecidos da plateia toda”, graceja, vincando que os restantes nomeados eram de equipas do concelho. “Quem é o hóquei em patins ali em Cascais? É a Selecção Nacional, não é propriamente o concelho de Cascais. Eu estava lá por morar e ser de Cascais. Mas fico bastante orgulhoso e satisfeito, quer pela modalidade quer pela distinção que as pessoas que votaram em mim me deram”, destaca.
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Quando a imprensa desportiva realça a derrota de Marco Silva ao invés da vitória de Luís Duarte, dá ainda mais sabor a um prémio inesperado. Numa decisão por voto popular, poderá ser esta uma prova da latente popularidade do hóquei em patins? Luís Duarte prefere destacar o bom trabalho realizado. ”É uma prova de que há pessoas competentes no hóquei em patins. O hóquei continua a ganhar e não só em Sub-20, onde o Nuno Carrão, também de Cascais, é meu adjunto. Em Sub-17, há dois anos, orientados por outra pessoa curiosamente igualmente de Cascais [Luís Moreira] também ganhou e, mais ano, menos ano, se não for já no campeonato do Mundo de seniores deste ano com o Prof. Luís Sénica...”, divaga, apontando a conquistas maiores do hóquei patinado nacional. “Temos todas as valências e está tudo reunido para ganharmos este ano ou voltar a ganhar em breve porque há muito tempo que nos escapa. Mas o trabalho está a ser bem realizado porque as camadas jovens estão a ganhar e estamos a ser muito bem aceites nos clubes. Temos excelentes jogadores”, exulta.
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Mas as vitórias não têm o merecido destaque e acompanhamento. “A comunicação social não liga tanto ao hóquei como ao futebol, ou só liga ao futebol. Vemos nos jornais e nas notícias o espaço que dão ao futebol, mas também porque é o que vende mais e o que interessa mais às pessoas”, justifica, desejando vitórias a todos os níveis. “Estou preocupado é que quando estou no hóquei em patins, esteja para ganhar. Ficamos muito mais satisfeitos quando nós ganhamos mas se o futebol também ganhar a nível mundial ou europeu, como português, também me satisfaz bastante. Eu acredito que quantos mais títulos Portugal ganhar nas modalidades, melhor para todos. Melhor para Portugal, para a sociedade portuguesa e para sairmos também um pouco desta ‘troika’ que nos afecta. E os títulos ajudam a nossa sociedade a melhorar a questão da auto-estima e do ego”, afirma.
A falta de reconhecimento vai para além da comunicação social. Mesmo as altas instâncias políticas do país parecem muitas vezes ignorar o que de bom se consegue no hóquei em patins e os títulos jovens do hóquei em patins têm passado ao lado das distinções de, por exemplo, o Presidente da República, que recentemente recebeu e condecorou a Selecção Nacional de Ténis de Mesa. Luís Duarte procurou uma explicação. “Estamos a falar de Sub-20 contra o ténis de mesa que ganhou em seniores em Lisboa um título inédito. E o hóquei em patins já ganhou várias vezes... digamos que é repetitivo. Temos agora de fazer muito mais para sermos reconhecidos a nível das instituições superiores. Disse isso à comunicação social no final do Europeu”, refere, relativizando as distinções políticas em prol dos resultados desportivos. “Não temos de estar preocupados, temos é de fazer o nosso trabalho e ser competentes como temos sido para vencermos. Porque - mais dia, menos dia - os outros títulos aparecem e se calhar serão o reflexo destes últimos. Temos de ficar satisfeitos e temos de continuar a trabalhar para que o hóquei seja cada vez mais reconhecido, mas não podemos esquecer o que temos de fazer no dia-a-dia para que se apareça cada vez mais nos órgãos de comunicação social e para que também, quem de direito das patentes do governo, dê o real valor à nossa modalidade”, deseja.
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O campeonato Europeu conquistado em Valongo foi a terceira conquista continental consecutiva de Luís Duarte (quarto da selecção nacional de Sub-20) a que se junta um título Mundial em 2013 num percurso iniciado em finais de 2009.
O próximo compromisso de Luís Duarte à frente da selecção de Sub-20 será em Espanha, no Campeonato do Mundo do escalão, mas a Federação Internacional (FIRS) tarda em definir local e, principalmente, data, fundamental para a preparação e divulgação do evento.
Terça-feira, 27 de Janeiro de 2015, 14h40