«Na equipa sou apenas mais um»
#ABOUT Reinaldo Garcia chegou ao Porto em 2001 com apenas 18 anos para se tornar num dos melhores jogadores da sua geração. Ao serviço dos azuis-e-brancos, “Nalo” foi sempre campeão – ao longo de seis temporadas – rumando em 2007 à Corunha e ao Liceo para duas épocas a um nível extraordinário. O Barcelona não ignorou o talentoso argentino e garantiu os seus serviços em 2009.
#QUEST És o estrangeiro mais antigo do plantel do Barcelona. É um estatuto especial?
Sou o mais antigo, mas como já cá estou há muitos anos já nem me lembro disso. Na equipa sou apenas mais um. Sinto-me muito bem aqui, em família, e estou muito feliz por fazer parte.
#QUEST Chegaste ao Barcelona vindo do Liceo. Quando jogas no Riazor é especial?
É sempre especial quando vais jogar a um clube que já representaste antes. Mas os anos passam. Já lá vão seis anos e o sentimento muda um pouco. Não é como quando jogaste no ano anterior e depois regressas. Já não está tão fresco, mas é sempre especial porque estive lá dois anos e fiz amigos e a cidade é espectacular. Vive-se muito bem na Corunha e fui muito feliz lá. Parece que o Liceo é o clube de onde saem os jogadores argentinos para o Barcelona mas acho que é casualidade [risos].
Vivemos todos para isto. É só jogar e isso torna-nos mais profissionais.
#QUEST Quais são as principais diferenças entre o Porto de quando chegaste à Europa e o Barcelona de agora?
A grande diferença é o profissionalismo que há no Barcelona. A equipa toda, não só os jogadores mas também o treinador, a equipa médica, são todos profissionais e dedicam-se praticamente apenas à equipa. Entre os jogadores, poucos têm outras actividades para além do hóquei e vivemos todos para isto. É só jogar e isso torna-nos mais profissionais, não só nos treinos mas nos cuidados que temos com a alimentação, em dormir bem... Não sei como é que o FC Porto está a trabalhar agora, mas da minha altura para o que encontrei quando cheguei aqui, essa foi a principal diferença.
#IMAGE4022 No Futebol Clube do Porto
#QUEST E o público? Os adeptos do FC Porto são muito mais fervorosos do que os daqui…
Sim, isso sim. Tenho de reconhecer que os adeptos não têm nada a ver. Os adeptos vivem aquilo, puxam pela equipa, são mais um jogador. A diferença é que cá as pessoas que vêm ao hóquei, vêm ver um espectáculo. Podem aplaudir, podem apoiar um pouco, mas aquela garra, como em Fânzeres, o que o público nos dava não se vê em mais lado nenhum. São diferentes.
Podem aplaudir, podem apoiar um pouco, mas aquela garra, como em Fânzeres, o que o público nos dava não se vê em mais lado nenhum.
#QUEST E em termos de hóquei jogado, que diferenças?
Quando vim para Espanha jogar, a maior diferença que encontrei é que o hóquei aqui é muito táctico. Ensaiam-se muitas jogadas de bola parada, é muito pensado, muito estudado. Em Portugal também se estudam jogadas mas a diferença é que em Portugal é mais ir e vir, corre-se muito, mas é mais bonito para o espectador. O jogo português é muito mais lindo que o jogo espanhol, que é muito mais parado, muito mais pensado. Aqui pensa-se muito mais no resultado do que no espectáculo. Mas, ao fim e ao cabo, o que todos queremos é ganhar. E é para isso que temos de trabalhar.
#QUEST Pensas voltar para jogar em Portugal?
Nunca se sabe [risos]. Porque não? Claro que sim. Penso nisso e também gostava. Nunca fechei a porta e nunca digo que não. Quem sabe?
#QUEST Porquê o número 57?
Foi um número de que gostei e me deu sorte quando cheguei ao Porto. Na Argentina jogava com o número seis e quando cheguei ao Porto era o número do Reinaldo Ventura. Era evidente que nunca não me iriam dar o número [risos]. E escolhi dois números de que gostava, o cinco e o sete. E juntei-os. Acho que me deu sorte e agora mantenho este número.
#QUEST Tens algum ritual?
Não. Deixa-me pensar… acho que sou dos poucos aqui que não tem nenhum ritual. Só aquela coisa de calçar o patim esquerdo primeiro, mas acho que nem é por ritual, é instinto.
#QUEST E o instinto diz-te que 2015 vai ser o ano do Mundial para a Argentina?
Deus queira que sim. Já era altura. Não sei... Acho que pode ser o ano da selecção argentina pelos jogadores que podem lá estar. E eu também gostava de ser chamado. Os jogadores que podem ser chamados já têm uma maior maturidade e estão no ponto ideal para jogar e ganhar o Mundial.
Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2015, 12h41