«Sou um homem do clube e será um prazer colaborar»
Na bancada do Luso, a presença de Gaby Cairo não passou despercebida. Talentoso goleador nas pistas, com cinco Ligas Europeias no currículo, prepara o regresso ao Barcelona, num cargo directivo. #Video #LigaEuropeia #Institucional
Gaby Cairo é um nome incontornável da História do Hóquei em Patins.
Campeão Olímpico em 1992, na única edição dos "Jogos" em que a modalidade, o mendocino chegou à Europa depois de representar o Casa de Italia e a UVT no Argentina. O Seregno abriu-lhe as portas do Velho Continente, mas seria em Espanha que alcançaria o estrelato. Cresceu no Noia, consolidou-se no Reus e tornou-se uma lenda no Barcelona.
Chegou ao gigante da cidade condal em 1993, como o primeiro argentino de blaugrana. E não mais o Barcelona abdicou do talento que brota no país das pampas, contando ao dia de hoje com Pablo Alvarez e Matías Pascual.
Gaby pendurou os patins em 2004, mas, com a confiança presidencial do primeiro mandato de Joan Laporta, manteve-se na estrutura do clube. Em 2011 foi chamado ao papel de treinador, mas não seria feliz, saindo cerca de ano e meio depois.
Agora, oito anos volvidos, está de novo na órbitra dos blaugrana, para um lugar de coordenação desportiva.
Encontrámos Gaby Cairo numa inédita fase concentrada da Liga Europeia, prova que conquistou em cinco ocasiões, todas pelo Barcelona.
O "nível altíssimo" das partidas entusiasma-o, ainda que o modelo fosse melhorável em muitos aspectos. Mas uma boa alternativa, quando se perspectivava que, pelo segundo ano consecutivo, a mais importante prova de clubes não se realizasse.
Desde que deixou de treinar houve muitas mudanças, mas continua a considerar o Hóquei em Patins um produto facilmente vendível, particularmente com as equipas que marcaram presença no Luso de 9 a 11 de Abril. Seria preciso que um deslize não fosse fatal, que se promovesse que não pudesse haver empates. Sugestões que se juntam ao pedido de uma superfície onde só haja linhas de Hóquei em Patins e ao cuidado com a iluminação. "Muito fáceis de melhorar e tornar o Hóquei um produto vendível", aponta.
Agora, prepara o regresso ao Barcelona. Colaborou com a candidatura de Joan Laporta e há várias possibilidades, mas ainda não está fechado. Poderá ser no Hóquei em Patins ou nas secções ditas amadoras.
É a oportunidade de voltar a uma casa que foi sua durante muitos anos e a presença no Luso foi mais um passo. "Na qualidade de ex-jogador, ex-capitão e adepto número um" torcia antes do embate com o Benfica para que o Barcelona fosse a única equipa a contrariar o poderio português. Mas não se concretizaria.
Não podendo ajudar com os seus golos em pista, quer aportar valor nos bastidores, já a partir da próxima temporada. "Sou um homem do clube e para mim é um prazer colaborar", reitera.
Numa hipotética ligação à secção de Hóquei em Patins, Gaby Cairo frisa que será importante ouvir as pessoas que estão actualmente para saber o que propõem. Há um plano do Hóquei formativo, do sistema de jogo e como clube exportador de talento e essa linha tem tido sucesso e é para continuar. É importante formar jogadores que possam ajudar desde logo na equipa principal ou que possam evoluir noutras equipas antes de fortalecer a principal, como aconteceu com Nil Roca, Ignacio Alabart ou Sergi Llorca.
Na evolução dos jogadores, Gaby Cairo considera importante que os "emprestados" defrontem a "casa mãe". Se o sucesso do Barcelona, enquanto colosso, estiver dependente de um jogador que está emprestado, houve um problema de avaliação. Ainda que possa custar caro, como recorda sobre Xavi Barroso, cedido ao Vendrell e que eliminou o Barça numa Taça do Rei. "O empréstimo é uma boa ferramenta. Sem cláusulas, sem limites", observa, com um orgulho declarado - apesar da "desfeita" do passado - de ver Xavi brilhar de dragão ao peito.
Também orgulho é o que sente ao ver os jovens argentinos que despontam em Portugal. "Muitíssimo orgulho", vinca, recordando o apoio que deu ao irmão Pablo, seleccionador no Mundial de Sub-20 de 2015, na condução de uma equipa que contava com Bridge (Riba d'Ave), Ciocale (Liceo, ex-Braga) ou Conti (Óquei de Barcelos). Ou "Tato" Ferruccio (Oliveirense) ou Nardi (Alenquer). "É um orgulho muito grande, como com o sobrinho de Panchito [Rampulla]. Porque os vimos nascer. Em alguns casos, literalmente, de irmos ao hospital levar flores à mãe", graceja.
Terça-feira, 27 de Abril de 2021, 9h01