Vic leva a Taça
O Vic venceu a quarta Taça do Rei da sua história ao bater o Barcelona na final por 2-1.
O jogo começou com ascendente do Vic, a apresentar-se com o seu cinco mais experiente. O Barcelona só se libertaria no ataque com a entrada de Reinaldo Garcia - criando logo a mais flagrante situação de golo até à altura - mas Pujalte respondeu com um pedido de desconto de tempo, lançando os jovens Jordi Burgaya e David Torres e, mais tarde, Ferran Font.
Com os irreverentes de Pujalte em rinque, apoiados primeiro por Mia Ordeig e depois por Bancells, a partida ficou mais dividida, mais viva, mais emocionante mas, ainda assim, com poucas oportunidades de golo. Foi preciso esperar pelas bolas paradas.
A meio minuto do intervalo, o Barcelona chegou à 10ª falta e o herói "vigatan" da véspera, Ferran Font, voltou a não falhar, desta feita com alguma sorte. Font permitiu a defesa mas, caprichosamente e com manifesta infelicidade de Sergi Fernandez, a bola foi à barra na recarga e depois ressaltou no capacete do guarda-redes para dentro da baliza.
Sergi Fernandez notabilizou-se ao serviço do Vic antes de rumar a Barcelona em 2010. Sergi chegou ao Vic com 11 anos e representou o clube durante 14.
O Vic entrou na etapa complementar com nove faltas mas o Barcelona não conseguiu forçar a décima. Antes seria o Vic a dilatar a vantagem, com David Torres a beneficiar da passividade adversária para entrar pela direita, recolher a segunda bola e contornar a baliza para bater Fernandez.
Aos quatro minutos, o Barcelona conseguiu finalmente arrancar a 10ª falta. Mas Pablo Alvarez falhou. No entanto, a partir deste momento, só deu Barcelona no ataque, com o Vic a fechar bem os caminhos para a sua baliza. Aos oportunidades escasseavam para os blaugrana e só Sergi Panadero, a aproveitar uma bola solta na área depois de um remate de Pascual e num lance cheio de oportunismo, é que logrou marcar.
O Barcelona ainda dispôs do livre directo da 15ª falta adversária mas Marín também desperdiçou e pouco depois também Ferran Font falhou a conversão da 15ª falta do Barcelona, quando podia ter acabado com o jogo a seis minutos do final.
A partida terminaria com 19-19 em faltas e a consagração de uma equipa de Ferran Pujalte que tem merecido elogios dos adversários. No fim a festa foi com os "Vigatans 1705", claque que em termos de apoio só encontra rival na claque do Voltregà.
No final, Pujalte era um treinador naturalmente satisfeito com o percurso da sua equipa. "Eliminámos o campeão dos dois últimos anos [ndr: Vendrell], nas meias o Liceo e na final o Barcelona. Acho que não se pode pedir mais", afirmou, abordando o segredo do Vic. "Como sempre, no fim, o segredo é ter bons jogadores. Mas há um trabalho importante de organização, um trabalho táctico, e a chave do nosso grupo é conseguir que todos vejamos o mesmo hóquei, que acreditemos nos mesmo valores e creio que hoje isso se viu, como se viu ontem e se tem visto toda a temporada", referiu.
O Vic tem um cinco experiente com um banco muito jovem, numa mescla que funciona. "Dá muito trabalho. É muito difícil gerir um grupo de juniores e um grupo de seniores na mesma equipa. Tens de ir alternando o discurso mas acredito que temos trabalhado bem. Os jovens têm muita qualidade e a falta de experiência é compensada pela ajuda dos veteranos. É uma amalgama mas um conjunto muito bom", destacou.
Do lado do Barcelona, Ricard Muñoz lamentou a perca da segunda final consecutiva mas ressalvou o mérito adversário. "Não perdemos duas finais, os rivais é que as ganharam por mérito próprio", disse, elogiando Carles Grau. "Deparámo-nos outra vez com um grande guarda-redes que ajudou a sua equipa a ser campeã", constatou. O treinador do Barcelona teve também uma palavra - elogiosa - para o trabalho dos árbitros. "Quero felicitar os árbitros porque se é certo que os criticamos muitas vezes, hoje achamos que fizeram um trabalho muito bom e temos de lhes agradecer por terem deixado o protagonismo para as equipas", exultou.
Carles Grau, MVP da final
Na antevisão desta Taça do Rei, o HóqueiPT perguntou a Carles Grau se procurava suceder a Xevi Puigbi como MVP da prova, possibilidade que Carles Grau afastou em prol do interesse colectivo. No final, o Vic venceu. E Carles Grau arrecadou o prémio de MVP, prémio que segundo as palavras do mesmo na antevisão, é para os guarda-redes em geral.
Marc Torra, o ausente
Marc Torra, avançado do Barcelona, foi o grande ausente desta final, fazendo-se notar de sobremaneira a sua falta na hora dos blaugrana procurarem o empate.
O final da partida entre Barcelona e Voltregà que determinou o apuramento dos blaugrana para o jogo decisivo foi marcado pela contestação - de um lado e de outro - à equipa de arbitragem. Torra acabou expulso por palavras e ficou impedido de alinhar na partida decisiva, sendo o castigo de um jogo decretado após uma reunião do Comité de Disciplina que, no comunicado emitido, cita o relatório dos árbitros onde se lê que o jogador disse que "foi uma vergonha". Pese o recurso apresentado, o jogador ficou definitivamente afastado.
Recorde-se que Marc Torra jogou no Vic, adversário do Barcelona nesta final, entre 2006 e 2010, conquistando duas Taças do Rei em 2009 e 2010. Já pelo Barcelona, conquistou outras duas, em 2011 e 2012. O atacante foi escolhido como "jogador mais valioso" (MVP) da Taça nas edições de 2010 e 2012.
Domingo, 1 de Março de 2015, 22h22