Igualada atrás da glória europeia de outrora
Fotos: Luis Velasco HeviaFalar do Igualada é falar da década de 90 do hóquei em patins europeu. Com um projecto consolidado por Carlos Figueroa, que depois levou a sua “varinha de condão” para o Barcelona, os arlequins venceram seis Ligas Europeias.
Nas seis conquistas da Liga Europeia, quatro foram frente a portugueses. Benfica, por duas vezes, Barcelos e Porto foram as “vítimas” de um super Igualada.
O Igualada está arredado de uma final europeia desde 2003 – em que perdeu a Liga Europeia para o Liceo – mas o ano passado esteve presente na Final Four da Taça CERS, tendo sido afastado nas meias-finais pelo Breganze, no desempate por grandes penalidades.
Regresso à Final Four, um ano mais experientes
O que é preciso fazer de diferente? “Não devemos mudar muito, até porque, se temos alguma vantagem em relação ao ano passado, é que este ano já não é a primeira Final Four para muitos. Isso dá-nos uma maturidade extra para sabermos estar nos vários momentos do jogo”, expõe Elagi Deitg, guarda-redes de 23 anos, ao HóqueiPT.
O guardião reconhece méritos ao Sporting e em particular ao seu homólogo de posto, Ângelo Girão. “Julgo que o adversário deste ano é mais forte do que o Breganze do ano passado, sobretudo por Girão, um grande guarda-redes”, refere, desfazendo-se em elogios para com o habitual titular da selecção das quinas. ”Girão é um grande guarda-redes, num momento de forma incrível. O que fez o ano passado ao ganhar o campeonato com o Valongo foi uma coisa ao alcance de poucos neste desporto, porque acredito que uma grande parte foi mérito seu”, analisa, mostrando conhecimento do campeonato português. “Por outro lado, o seu estilo agrada-me particularmente, já que também sou um guarda-redes de joelho no chão”, complementa.
O Igualada nunca conquistou a CERS. Chegou a duas finais (em 1989 e 1992) mas perdeu ambas frente a equipas italianas: HC Monza e Hockey Novara.
Elagi Deitg esteve presente pela selecção espanhola na Taça Latina em 2014 e em Montreux já este ano. Neste último pode observar Girão ao vivo. “Após o final da Taça das Nações, começámos a falar muito dele e do Sporting e, com a ajuda de vídeos desta temporada, certamente vamos encontrar forma de bater esse grandioso guarda-redes”, auspicia.
Os jogadores do Igualada são conhecidos como os “arlequins” devido a um padrão característico nos seus equipamentos.
A poucos dias da Final Four, o Igualada anunciou a renovação de contrato com Elagi e Ton Baliu. “Queira-se ou não, dá sempre tranquilidade ao clube e aos próprios jogadores. E serve para puxar pelas pessoas antes da Final Four, sobretudo a renovação de Ton que toda a vida jogou em Igualada e é muito querido dos adeptos”, sublinha Elagi.
Baliu, arlequim há 22 anos
Ton Baliu é o capitão do Igualada, o mais jovem capitão da OK Liga com apenas 26 anos mas já uma longa história nos arlequins. “Comecei a patinar aqui com quatro anos, e continuo a jogar desde aí”, conta ao HóqueiPT.
Na sua infância, Ton assistiu aos gloriosos anos do Igualada. Inesquecíveis. “Foram anos incríveis. Pavilhão cheio, toda a gente a apoiar e uma equipa com jogadores impressionantes. Foi incrível poder viver aquilo, vendo todos os jogos da bancada”, descreve com emoção.
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O Pavilhão Polidesportivo de Les Comes ganhou, por estas vitórias, um lugar entre os palcos míticos do desporto. Para Ton Baliu, jogar agora lá a Final Four resume-se numa palavra. “Especial”, define. “Sabemos que teremos o apoio de muita gente e que a cidade está connosco. Sabemos que será difícil, porque o Sporting é uma equipa muito, muito boa, mas daremos tudo”, promete, sem esconder que tem sonhado com o momento de levantar a Taça perante o seu público. “Mais do que uma ou duas vezes!”, confessa. “A verdade é que desde que se anunciou que a Final Four seria em Igualada que as pessoas estão muito mais próximas, apoiam-nos muito mais e têm vontade de viver outra noite de glória nas competições europeias em Les Comes”, explica-nos.
Um factor casa que não dá favoritimo
E jogar em casa não trará uma pressão indesejada? Para o treinador Cesc Monclus, não.
“Jogar em casa dá-nos motivação extra. Em casa sentimo-nos mais fortes, sobretudo pelo impulso dado pelos nossos adeptos”, revela o técnico ao HóqueiPT.
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“Queremos e trabalhamos para que não nos influencie negativamente e que, pelo contrário, seja um factor negativo para os rivais”, pretende. Ainda assim, o factor casa não torna o Igualada favorito. “Será equilibrado”, resume. “Estou convencido de que se tratará de uma Final Four muito equilibrada”, frisa Monclus.
A Final Four “muito equilibrada” que Monclus antevê é a tradução literal das palavras em castelhano do técnico ao HóqueiPT… “muy igualada”, disse. Uma coincidência linguística com o nome da cidade e do clube que organizam a Final Four.
Pela frente, o Igualada terá o Sporting. “Conheço-os um pouco”, diz Cesc Monclus. “Têm um bloco sólido em que trabalham muito bem os aspectos defensivos, com um grande guarda-redes”, descreve, analisando também o ataque. “São uma equipa muito dinâmica, com boas referências. Tenho presente que jogadores são os mais letais no ataque e será importante estarmos atentos, não apenas ao João [Pinto] e ao Tiago [Losna] mas também a todo o bloco atacante”, alerta.
O Igualada defronta nas meias-finais o Sporting, a partir das 20h30 locais (menos uma em Portugal) de sábado.
Quarta-feira, 22 de Abril de 2015, 21h15