Jepi, o grande ausente
Fotos: Luis Velasco HeviaO grande ausente da Final Four de Igualada será o atacante do Reus, Josep Maria Selva. Mais do que os 17 golos conseguidos na OK Liga, “Jepi” é peça fundamental em toda a manobra atacante da equipa às ordens de Alejandro Dominguez.
O jogador de 29 anos partiu um dedo na mão esquerda poucos dias antes de integrar o estágio para Montreux da selecção espanhola, no que seria o regresso depois de ter sido campeão do Mundo em Angola em 2013. Teve de ser submetido a uma cirurgia para debelar por completo o problema, ficando afastado dos rinques no que ainda falta jogar.
O último jogo de Jepi Selva foi a 24 de Março em… Igualada. O Reus de Jepi venceu por 2-3.
“Quando me disseram que a temporada tinha acabado para mim, foi muito duro animicamente”, confidencia ao HóqueiPT, revelando que a época estava a corresponder às suas expectativas. “Achava que estava muito bem e tinha muita vontade de encarar este final de temporada”, explica. “Agora só posso dar força aos meus companheiros e recuperar da melhor maneira para a próxima época”, conforma-se. “E eles sabem que estou com eles até à morte”, assegura.
Jepi estreou-se como sénior em 2004 no Lleida, depois de três anos de júnior cumpridos no Barcelona. Seguiram-se Noia (entre 2005 e 2009), Blanes (2009 a 2012) e em 2012/13 foi um dos protagonistas de uma das épocas de sonho do Vendrell sob o comando de Guillém Cabestany, sagrando-se segundo melhor marcador da OK Liga e vencedor da Taça do Rei e da Taça CERS antes de rumar ao Reus. Infelizmente para os “reusences”, Jepi não tem segredos sobre a conquista da CERS para passar aos seus actuais companheiros. “Se soubesse o segredo…”, lamenta, confiando no entanto na sua equipa. “Vejo a minha equipa em boa forma e estou convencido que darão tudo para conseguir a Taça”, expõe.
Jepi termina esta época contrato com o Reus. O seu futuro ainda está por decidir.
O Vendrell de Cabestany era coeso defensivamente e tacticamente rigoroso. O Reus de Dominguez é exuberante no ataque e mais permeável na defesa. Estilos distintos. “Acredito que a chave é o equilíbrio. É evidente que cada equipa tem os seus pontos fortes e quem for capaz de os explorar melhor, tem meio caminho andado”, prevê para esta Final Four.
O adversário do Reus nas meias-finais é o Óquei de Barcelos, a quem Jepi reconhece méritos. “É uma equipa muito sólida, com uma boa defesa e um grande contra-ataque”, analisa, destacando dois nomes. “O Ricardo [Silva] está num grande momento de forma e o Luís Querido está certeiro nas bolas paradas”, detalha.
Não há muitos como Jepi, diz Cabestany
O ano de 2013 terá sido dos melhores na vida desportiva de Jepi Selva. Segundo melhor marcador numa OK Liga em que foi considerado o terceiro melhor jogador, vencedor da Taça do Rei, vencedor da Taça CERS, premiado com a transferência para o Reus e campeão do Mundo pela selecção espanhola. Muitos destes momentos foram vividos no Vendrell e às ordens de Guillém Cabestany, mais do que um treinador. “Para além de ter sido meu companheiro de equipa primeiro e de, depois, eu ter sido seu treinador, é um bom amigo. É difícil falar com objectividade dele”, alerta desde logo o actual treinador do Breganze.
Para Jepi, sobram os elogios. “Ainda que a minha carreira de treinador não seja muito longa, tive a sorte de poder treinar bons jogadores e sem dúvida que Jepi é um dos três melhores que treinei nestes cinco anos”, analisa para o HóqueiPT. “O Jepi tem muitas qualidades. A velocidade é a primeira que salta à vista, mas acompanha-a com uma boa técnica individual e uma grande capacidade tanto de marcar como de assistir para golo”, detalha, vincando também a característica psicológica do atacante. “O que torna Jepi ainda mais forte – e por sua vez também a equipa – é o espirito competitivo e a intensidade em todas as facetas do jogo”, exulta Cabestany. “Jepi é daqueles poucos jogadores que, quando as coisas correm mal, é capaz de assumir a responsabilidade e contagiar o resto da equipa com o seu espirito guerreiro incansável”, sublinha entusiasmado.
Para esta Final Four, Guillém Cabestany considera que o Reus poder-se-á ressentir mais da falta do espirito do jogador do que da sua qualidade técnico-táctica. “Penso que o Reus, ainda que continue a ter uma enorme qualidade no resto do plantel, será nos momentos de dificuldade que poderá sentir mais a falta dele, nos momentos em que o resto dos jogadores deveriam contribuir com a capacidade de continuar a lutar e a tentar que o Jepi tem sempre”, prevê.
Quinta-feira, 23 de Abril de 2015, 20h14