Chegou o dia das meias na CERS
É já este sábado que têm lugar na cidade catalã de Igualada as meias-finais da Taça CERS. Entram primeiro em rinque Barcelos e Reus (18h locais), seguindo-se o embate (às 20h30 locais) entre Igualada e Sporting pela segunda vaga na final.
Recordemos o percurso de cada uma das equipas e o seu histórico na prova.
OC Barcelos
Para chegar a esta Final Four, o Óquei de Barcelos não poderia desejar melhor arranque. Colocado pelo sortilégio do sorteio frente-a-frente com o actual detentor do troféu, Noia, venceu em Barcelos por 2-1 e garantiu o apuramento em Sant Sadurni com um empate a três.
Seguiu-se o Cronenberg da Alemanha nos oitavos-de-final, resolvido em duas mãos com o mesmo desfecho: 5-2 para os barcelenses.
O último jogo antes da Final Four remete para a única derrota registada. O Barcelos perdeu em casa frente ao St. Omer (4-5) mas a qualificação foi assegurada dado que os minhotos tinham vencido em França por tranquilizadores 1-4.
“Podemos chegar longe!”, auspicia o jovem João Guimarães (“Joca”), inclusivamente para o resto da época. “Nós jogamos jogo a jogo e agora, o mais importante, passa por vencer o experiente Réus”, vinca.
O Barcelos venceu a CERS em 1995, tendo regressado à final em 1999. Na primeiro bateu o Tordera, na segunda caiu perante o Liceo.
Reus D
Poder-se-á dizer que a Taça CERS do Reus só começou verdadeiramente nos quartos-de-final, na ante-câmara desta Final Four, tal foi a facilidade com que passou as duas primeiras eliminatórias.
A prova é decidida em Final Four desde 2008. Em 2011 a decisão esteve a uma equipa de ser exclusivamente portuguesa. Estiveram presentes Benfica, Física e Braga. O Braga regressaria no ano seguinte à Final Four, naquela que foi a última presença lusa na atribuição da CERS.
Em ano que ficará marcado pela saída do técnico Alejandro Dominguez, o Reus deu provas do hóquei ofensivo que o seu treinador preconiza nas duas primeiras eliminatórias. Na soma das duas mãos, os austriacos do Villach sofreram 30 golos e os alemães do Remscheid foram 24 vezes ao fundo das redes.
O Liceo e o Hockey Novara lideram em número de vitórias na prova. Têm três cada e, em caso de vitória, o Reus junta-se ao grupo.
Nos quartos, o Diessbach que afastara o Candelária não foi tão fácil. Ainda assim, os “rojinegros” controlaram a eliminatória, vencendo em Reus por 5-2 e na Suíça por 2-4.
O Reus ganhou a CERS em 2003 e 2004, repetindo um “back-to-back” só antes protagonizado pelo Hockey Novara em 1992 e 1993. Antes, o Reus assinou a sua presença na final mas foi batido pelo Benfica no primeiro título europeu dos encarnados.
Igualada HC
Numa primeira ronda que compreendeu nada menos do que quatro duelos luso-espanhóis, o Igualada foi a única equipa espanhola a conseguir passar. A equipa treinada por Cesc Monclus mostrou a sua força em Les Comes e venceu o Turquel por um irrecuperável 6-0. Na Aldeia do Hóquei, o Turquel venceu 4-3 mas não foi suficiente.
Seguiram-se dois duelos com formações italianas, Trissino e Follonica. Foram duas eliminatórias complicadas ganhas, respectivamente, por dois (7-5) e um golo (4-3).
Igualada não traz boas recordações ao Barcelos. Em 1994, o Barcelos perdeu – a duas mãos – a Liga Europeia para o Igualada. A primeira mão, na Catalunha, terminou com 7-4 para os espanhóis tornando inócua a vitória barcelense por 3-2 na segunda mão.
O Igualada nunca venceu a CERS. Esteve presente na final em 1989 e em 1992 mas a eliminatória decisiva terminou sempre com vitórias transalpinas. “Vingaram-se” os arlequins na década de 90, com seis títulos máximos europeus.
Sporting CP
De regresso à Europa do hóquei em patins 20 anos depois da última participação, o Sporting conseguiu chegar à Final Four ultrapassando três obstáculos difíceis. O sorteio ditou logo na primeira ronda a viagem ao país vizinho. Pese o adversário, Calafell, ter poucos pergaminhos em termos europeus, o Sporting teve de se aplicar, passando no entanto com duas vitórias (2-3 em Calafell e 3-1 no Livramento).
Portugal tem nove vitórias na prova, a última em 2011 pelo Benfica. A Espanha lidera com 15 numa competição em que – ao contrário do que é normal – a Itália, com 10, tem mais títulos do que Portugal.
Seguiu-se o Basel. Só por si, os suíços não assustariam mas esta época contam com quatro portugueses e, no “mercado” de Inverno, trouxeram Mariano Velazquez de regresso à Europa. Na primeira mão, num jogo em que o resultado até ficou aquém da exibição, o Sporting venceu por 3-4 na Suíça. A diferença mínima deixou tudo em aberto para a segunda mão mas os leões, perante o seu público, voltaram a vencer, desta feita por 5-3.
Nos quartos-de-final, o Sporting reclamou para si o protagonismo. Derrotado em casa por 2-3, o conjunto leonino viajou até Oliveira de Azeméis para garantir o apuramento com uma vitória por 1-4 frente a uma desinspirada Oliveirense.
O Sporting conquistou a CERS em 1984, frente ao Hockey Novara, juntando o título a uma Taça das Taças (1981) e uma Taça dos Campeões (1977) completando a vitrine de títulos europeus. Repetiria a vitória na Taça das Taças em 1985 e 1991.
São sete as equipas portuguesas que já venceram a CERS: Sesimbra, Sporting, Benfica (2), Porto (2), Barcelos, Oliveirense e Paço de Arcos.
Uma mão cheia de CERS
A coadjuvar Domínguez no banco do Reus estará alguém que conta mais Taças CERS no seu currículo do que o próprio Reus (duas conquistas) e, inclusivamente, todas as equipas desta Final Four juntas (quatro): Enrico Mariotti tem cinco (!) Taças CERS no seu currículo.
O italiano, um “globetrotter” do hóquei que assentou em Reus e que assumirá o comando técnico da equipa na próxima temporada, tem ainda outro feito: conquistou a sua mão cheia ao serviço de cinco equipas diferentes. Enrico levantou a CERS em 1988 (Amatori Vercelli), 1989 (HC Monza), 1990 (Seregno), 1993 (Hockey Novara) e 1995 (Follonica).
CERS é a sigla para Confédération Européenne de Roller Skating, entidade que rege os desportos de patinagem na Europa. O CERH é a organização dentro da CERS que tem o “pelouro” do hóquei em patins. É o equivalente à Taça UEFA – agora Liga Europa – do futebol, segunda principal competição europeia de clubes.
Esta Final Four em Igualada será para Enrico Mariotti um regresso a uma terra onde foi feliz. Em 1989, com o Roller Monza venceu lá a Taça CERS, numa altura em que a final se jogava a duas mãos. “Tinham uma grande equipa, que marcou uma época”, refere.
Este ano, o ex-jogador que sabe o que é vencer a prova, reparte o favoritismo pelas quatro equipas presentes. “Todos têm as suas hipóteses de reclamar o título. Talvez o Igualada tenha uma pequena vantagem por jogar em casa, ainda que seja preciso saber ter esta pressão a seu favor”, ressalva. “Nós estamos num bom momento e estou convencido de que deixaremos boa imagem. Ganhar na Corunha deu-nos confiança”, explica sobre o Reus, tendo também uma palavra para as equipas portuguesas. “Quer Barcelos, quer Sporting são boas equipas e lutarão pelo título. Têm bons jogadores e vai ser complicado ganhar-lhes”, conclui.
Sábado, 25 de Abril de 2015, 2h11