Uma praia, um castelo e uma Taça WSE

O Club Patí Calafell vive o seu melhor momento desportivo e aquela povoação tarragonesa rejubila com uma inédita conquista europeia.

Uma praia, um castelo e uma Taça WSE

"Una platja i un castell". Uma praia e um castelo. A praia tem o nome da povoação e o castelo é o "de la Santa Creu", da Santa Cruz. No passado, Calafell tinha vincadas diferenças entre o "povo" do interior e o da beira-mar, mas agora está unido em festa, na celebração de um título europeu.

Partindo de Barcelona, são cerca de 65 km de costa banhada pelo Mediterrâneo até Calafell, depois de Vilanova e com Vendrell bem perto, a norte. Com perto de 28 mil habitantes, Calafell vai conquistando o seu espaço no panorama do competitivo hóquei patinado catalão.

Fundado nos anos 50, o Calafell só subiu à categoria máxima em 1981, não conseguindo garantir a manutenção. Regressou à OK Liga volvidos 30 anos, mais estruturado, e cumpriu cinco temporadas entre os maiores do Hóquei em Patins espanhol. Voltou a cair na "segunda divisão", mas - depois de dois anos na OK Liga Plata - já vai agora na sua quarta temporada na OK Liga. E, esta, é a melhor de sempre.

Depois de ter terminado a última época em 8º (melhor classificação que alguma vez alcançou), com 39 pontos em 30 jogos, o Calafell é 6º, com 42 pontos em 25 jogos, está certo no play-off e ainda pode aspirar, na derradeira jornada da fase regular, a "roubar" o 5º lugar ao Lleida que, depois de ter defrontado nas "meias" da Taça WSE, terá também pela frente nos "quartos" da Taça do Rei.

Numa temporada histórica, a conquista da Taça WSE é - para já, porque um play-off permite sonhar com tudo... - o ponto mais alto da existência do clube, num percurso apenas "manchado" por uma derrota em São João da Madeira por 7-2. Mas, nessa fase de grupos, já estava tudo decidido. Seria um passeio a Portugal, para regressarem mais comprometidos no último fim-de-semana.

A temporada e o troféu agora conquistado é também um prémio para os adeptos do pavilhão Joan Ortoll, que homenageia o primeiro autarca eleito após o fim do franquismo, em 1979. Entusiastas como poucos no Hóquei em Patins do país vizinho, os adeptos verde-e-brancos têm na Penya Els Estrellats, indefectível falange de apoio, o expoente máximo de uma paixão. O mote "amb tres collons" (com três, vá, testículos...) é reconhecido onde quer que o Calafell esteja em jogo.

Plantel renovado

O último defeso obrigou a uma reestruturação do plantel do Calafell. Mas, vindo de uma boa classificação, Ferran López montou uma equipa capaz de fazer ainda melhor.

Oriol ("Uri") Palau está na equipa desde 2013 e, pelos anos de casa (na sua nona temporada), é o indiscutível capitão. Todos os outros têm menos de três temporadas completas na equipa principal.

Nascido e formado no Noia, Arnau Xaus é um desses "veteranos" de terceira temporada. Passou pelo campeonato português na temporada 2018/19, com as cores da Juventude de Viana, mas, muito jovem, não vingou. E regressou à Catalunha para um Calafell que procurava afirmação. Aos 25 anos, está - como o Calafell - na sua melhor temporada de sempre, e leva 22 golos na OK Liga, apenas superado no capítulo dos tentos conseguidos por Sergi Miras (25).

Miras é o mais experiente do plantel, um "globetrotter" do Hóquei em Patins que foi deixando a sua marca nos emblemas que representou. Tal como Xaus, não teve tempo para se impôr no campeonato português, tendo estado apenas uma época no Sporting (aposta de Guillem Pérez, foi "vítima" na reestruturação dos leões) e outra no Porto (recebendo "guia de marcha" com menos de três meses de dragão ao peito).

Jordi Ferrer acompanha Miras na sua experiência. Já tinha jogado juntos no Vendrell e reencontram-se para reerguer um troféu que, enquanto Taça CERS, "Ferreti" erguera em 2008 (Tenerife) e "Metralleta" em 2006 (Barcelona). Chegaram este ano a Calafell, tal como Jan Escala ou o internacional angolano Humberto Mendes ("Big").

Há ainda menos tempo, chegou Martí Casas, numa prenda de Reis dos italianos do Forte. Aos 26 anos, Casas tem talento e golo e mostrou-o num fim-de-semana memorável. Ou mais do que memorável. Vencedor do troféu europeu no domingo, foi pai na segunda-feira (de uma pequena Giulia), no regresso à Catalunha.

Entre as nove temporadas de Uri e os novatos desta temporada, há três jovens. Albert Marimon, de 19 anos, é um guarda-redes da "cantera", fiel escudeiro do não muito mais velho Xano Edo, que tem 20 e foi cedido pelo Barcelona no início da pretérita temporada. Também com 20 anos e também na sua segunda época cedido pelos blaugrana, está Martí Gabarró. Ambos deixarão o Calafell no próximo defeso: Xano será reforço do Valongo e Gabarró vai para o Noia.

AMGRoller

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