Villejuif intromete-se na discussão da Coupe
No próximo fim-de-semana, Liévin recebe a decisão da Taça de França. 10 anos depois, há uma equipa da N2 na Final Four, o Villejuif dos portugueses Bruno Caniceiro e João Dias, que surpreendeu dois primodivisionários.
Disputa-se no próximo fim-de-semana, em Liévin, no norte de França e bem perto da fronteira com a Bélgica, a Final Four da Taça de França.
A prova realiza-se desde 2001 e, este ano, a decisão a quatro compreende meias-finais entre Quévert e La Vendéenne e entre Lyon e Villejuif.
Na primeira meia-final, defrontam-se os favoritos a erguer o troféu, objectivo que será prioritário para Quévert e La Vendéenne quando o Saint-Omer segue isolado na liderança do campeonto.
A equipa do português Pedro Chambel venceu na última ronda na recepção ao Quévert por 4-1 e lidera com 42 pontos, mais 13 que o Quévert que, apesar de ter dois jogos a menos, dificilmente anulará a diferença.
O Noisy é o detentor da Taça, conquistada em 2020, já no arranque da nova temporada. Em 2021, a prova não se realizou, como efeito colateral da pandemia.
Num estado de espírito diferente, estará o La Vendéenne de Carlos Silva, Luís Mateus, Duarte Delgado e Marcos Pinto, vindo de um triunfo em Nantes por claros 3-9 e em busca de uma sétima conquista da Taça, destacando-se do recorde repartido com o Saint-Omer de seis vitórias na apelidada "prova rainha". O Quévert procura a quarta Taça da sua história, tendo conquistado a última em 2015... numa final com o La Vendéenne.
Em França, a Taça, à semelhança do que acontece em Portugal, é aberta às equipas das diferentes categorias e, 10 anos volvidos sobre a presença do Gazinet-Cestas, volta a ter uma equipa da N2 ("segunda divisão") na Final Four.
O sonho que o Villejuif está a viver, com a presença na final como próximo objectivo, não parece impossível. A equipa que está na luta pela subida à N1 defronta o Lyon, finalista da Taça em 2019, mas apenas 9º entre 11 equipas na N1, com 14 pontos somados em 15 jogos.
Da N2 à Final Four
O notável percurso do Villejuif começou com uma vitória tranquila na pista do Sevran do técnico português Rodolfo Mouro, por 2-8, com um dos portugueses do Villejuif em particular destaque. Bruno Caniceiro assinou uma mão cheia de golos.
Seguiram-se dois primodivisionários. Primeiro "caiu" o Nantes, por 7-9, com Caniceiro a marcar mais dois golos e João Dias a contribuir com um. Depois, a duas mãos, "caiu" o Merignac.
Um empate a cinco na primeira mão deixava tudo em aberto para a segunda e, um triunfo por 4-3 perante o seu entusiasta público, permitiu ao Villejuif - com Caniceiro a juntar dois golos ao apontado no primeiro jogo - carimbar a sua primeira presença na Final Four.
O Villejuif de Bruno e João
O Union Sportive Villejuif foi fundado em 1987 e na sua ainda curta história conta com dois títulos da N2, em 2005 e 2010. Esteve pela última vez na N1 em 2011/12 e procura o regresso ao convívio dos maiores do Hóquei em Patins gaulês.
A luta pela subida é a quatro para dois lugares. Na última jornada, o Villejuif perdeu na pista do Pacé e soma agora 39 pontos, os mesmo que o Saint-Sábastien, menos dois que o líder Roubaix e mais dois que o 4º, Crehen, quando estão cumpridas 19 de 22 jornadas.
Em 2020 chegaram ao Villejuif três jovens da formação da Oliveirense, que, face a ausências, até já tinham merecido chamada à equipa principal. Gabriel Monteiro, o mais jovem dos três, ficou apenas uma temporada. O atacante Bruno Caniceiro e o defensor João Dias, ambos com 22 anos, continuam a integrar o projecto.
"A oportunidade surgiu através de um amigo que jogava comigo [ndr: João Dias] na Oliveirense e que foi abordado pelo Villejuif no Verão. Na altura, ele falou de mim aos responsáveis, que acabaram por demonstrar interesse. Considerámos que seria uma boa experiência fora da nossa zona de conforto, uma oportunidade para crescermos como homens e jogadores", conta-nos Bruno Caniceiro, um dos jogadores mais influentes na campanha do Villejuif na Taça de França.
"A final é sempre um sonho possível, tal como a subida ao escalão superior. Neste momento final de época, devido a lesões e ausências de grande peso, torna-se mais difícil, mas nada é impossível", frisa. "A história está feita. Eliminámos duas equipas do escalão superior, e, como nós dizemos, a Taça não é o principal, cada jogo é um bónus do nosso trabalho durante o ano”, destaca.
O momento para o Villejuif é histórico. "É a primeira vez que o clube e alguns jogadores vão a uma Final Four de uma competição como esta. Isso já ninguém nos tira, o nosso nome está escrito na história do clube e da competição", orgulha-se. "Independentemente do desfecho, demonstrámos o valor que temos. Se a equipa estiver unida e der tudo, não tem motivos para não sonhar com a conquista do troféu", ambiciona.
O troféu seria também um prémio para os adeptos. "O Hóquei em Patins em Villejuif vive-se com uma intensidade impressionante. Os adeptos apoiam-nos incondicionalmente e, apesar de sermos estrangeiros, somos tratados como família! Na minha sincera opinião não vejo um melhor público em França que o nosso... É do primeiro ao último minuto a cantar por nós, nos bons e maus momentos. Acreditam muito nesta geração", vinca.
O Hóquei em Patins está longe dos escaparates portugueses, com os feitos de alguns jogadores a merecerem apenas pontual destaque. "Pouco ou nada acredito que haja equipas portuguesas que acompanhem o nosso percurso. Independentemente disso, dou sempre o meu máximo para ajudar a equipa a alcançar os objetivos e, neste momento, principalmente nesta fase da época, estou apenas focado no Villejuif", sublinha Bruno Caniceiro.
Taça de França
Meias-finais
• MF1 • Quévert vs. La Vendéenne • 7.Mai • 16h15
• MF2 • Villejuif vs. Lyon • 7.Mai • 20h45
Final
• Vencedor MF1 vs. Vencedor MF2 • 8.Mai •15h
Terça-feira, 3 de Maio de 2022, 12h26