Orgulho, Raça, Tradição e muito Crer
O Valongo está na final da Liga Europeia. A perder por 1-4 já na segunda parte, nunca deixou de acreditar, levou o jogo para prolongamento e foi totalmente eficaz no desempate por grandes penalidades frente ao Tomar.
Esqueçamos por um instante que estava em causa um lugar numa final. Esqueçamos que este é um embate desportivo em que tinha de haver um vencedor e, necessariamente, um derrotado. Que grande ambiente se viveu no Palácio dos Desportos em Torres Novas! Os adeptos de Valongo e Tomar não encheram as bancadas (pouco faltou...), mas foram incansáveis no apoio às suas equipas, sempre numa sã rivalidade que devia ser exemplo para todos. Foi um extraordinário espectáculo - o melhor de que há memória na prova - fora da pista. Mas também dentro da pista.
O Valongo garantiu, pela primeira vez na sua História, a presença na mais importante prova europeia de clubes ao derrotar o Tomar nas grandes penalidades.
A equipa de Edo Bosch entrou melhor, e marcou ainda não estava cumprido minuto e meio, com Rafa a bater Francisco Veludo de castigo máximo. O Tomar não entrara bem e o Valongo, sempre confortável quando está a vencer, até tinha melhores oportunidades. O critério dos conceituados árbitros Iván Gonzalez e Sergi Mayor levava a muitas reclamações e focos de picardias, naturais no espírito competitivo do momento.
O passar dos minutos ia mostrando uma formação tomarense em crescendo, mas sem soluções para o golo. Caio e Guilherme Silva fizeram tremer os postes da baliza à guarda de Bernardo Mendes e valeu Veludo na outra baliza a evitar golo de livre directo de Facundo Navarro.
Nuno Lopes apostaria então na irreverência de Lucas Honório. E o talentoso jovem que há poucos dias completou 19 anos respondeu à altura. A seis minutos e meio do intervalo, em jogada individual, igualou e empolgou a sua equipa para a reviravolta, por Guilherme Silva (que o ano passado representava os valonguenses) a marcar num forte remate cruzado. A minuto e meio do intervalo, em novo momento a solo, Lucas fazia o 1-3.
O jogo tinha virado e os adeptos tomarenses, não tão reconhecidos pelo seu entusiasmo como os valonguenses, abrilhantavam a festa. Por cima, o Tomar entrou melhor na segunda parte, possivelmente sem o compassar de jogo que a vantagem exigia. Caio desperdiçou uma grande penalidade e Tomás Moreira não faria melhor de livre directo. Mas, a passe de Lucas Honório, Tomás faria mesmo um 1-4 que o Tomar já justificava.
Faltava jogar meia parte e o primeiro finalista desta Liga Europeia parecia encontrado. Parecia.
Logo após o quarto tento tomarense, Facundo Bridge encheu o peito e, de meia distância reduziu. Foi o momento do jogo, o tónico que fazia falta à crença do Valongo, que não podia contar com Miguel Vieira, lesionado depois de um toque de Caio muito cedo no jogo. O Tomar tremeu, não soube segurar o jogo, e ia valendo Veludo na baliza, defendendo até uma grande penalidade de Rafa Bessa. Mas, a nove minutos do fim dos regulamentares 50, Diogo Barata reduzia para a margem mínima.
Pedia-se calma ao Tomar, raça ao Valongo.
As coisas pareciam complicar-se para a equipa nortenha quando Rafa Bessa viu o azul a cinco minutos do fim, mas Lucas Honório não conseguiu bater Bernardo Mendes e o Tomar também não conseguiu desequilibrar o bloco em underplay contrário. E, assim que foi reposta a igualdade numérica em pista, Facundo Navarro arrancou e repôs a igualdade também no marcador.
Era o delírio na pista, no banco e na bancada. O Valongo passava de uma desvantagem de três golos para uma igualdade no resultado, mas uma imensa vantagem anímica e quase resolvia a partida no tempo regulamentar, num remate de Bridge que acabou no poste.
O jogo seguiu para prolongamento, com uma primeira parte em que o Tomar, quebrado física e animicamente, deu a iniciativa de jogo. Na segunda parte, houve mais Tomar com a irreverência de Lucas Honório, mas as equipas temeram sempre mais perder do que ambicionaram ganhar.
No necessário desempate, por grandes penalidades, o Valongo foi exímio. Depois de Tomás Moreira falhar, Diogo Abreu marcou. Lucas acertou no ferro e Rafa fez o 2-0. Filipe ainda reduziu, mas Navarro, desta feita perante António Marante, também não desperdiçou. Quando Caio falhou, acabava-se o sonho do Tomar, reforçava-se o do Valongo.
À espera de adversário, a decidir no duelo italiano entre Trissino e Sarzana, o Valongo disputará a final este domingo, a partir das 15h.
Meias-Finais
• MF2 • Valongo 7-5 Tomar • 14.Mai (4-4, 3-1 pen.)
• MF1 • Trissino vs. Sarzana • 14.Mai • 15h
Final
• Valongo vs. Vencedor MF1 • 15.Mai • 15h
Sábado, 14 de Maio de 2022, 14h55