Coração e mentalidade para a terceira final luso-italiana
Este domingo, Trissino e Valongo defrontam-se por um título europeu e um lugar na História. Os valonguenses contarão com o seu fervoroso público, mas tal não intimida João Pinto. 'Nunca vi um adepto marcar um golo', frisa.
Este domingo, no Palácio dos Desportos de Torres Novas, a partir das 15h e com transmissão n'A Bola TV, Trissino e Valongo procuram um lugar na História da modalidade.
Vencedores dos seus grupos na primeira fase, fora batalhas bem distintas que os colocaram na final. O Valongo foi obrigado a recuperar de uma desvantagem de 1-4 já na segunda parte e o jogo foi até à decisão por grandes penalidades, o Trissino "despachou" o Sarzana com quatro golos sem resposta e pôde gerir o esforço. A decisiva partida é outra história.
Para Diogo Abreu, Edo Bosch, João Pinto e Alessandro Bertolucci, não serão as pernas a mandar, será o coração, que conduziu o Valongo ao triunfo nas "meias", e a cabeça, a capacidade mental de afastar o peso de todo um Hóquei transalpino em busca de um segundo triunfo no palco onde em 2006 conseguiu o primeiro.
Na superação mental italiana, tem de estar o foco de se abstrair de um público que será, naturalmente, adverso. João Pinto, internacional português e angolano e capitão deste Trissino dá o mote. "Podem ser mil ou dois mil adeptos. Nunca vi um adepto marcar um golo", frisou na conferência de imprensa o jogador que tem também uma cruzada própria. "Ganhei uma Liga Europeia, mas não a joguei por motivos extra-hóquei [ndr: Sporting, 2019]. Tenho 35 anos, merecia estar nesta final", destacou.
João Pinto, mesmo a contas com problemas físicos, é um jogador de raça. Como foi Edo Bosch, que tenta dar continuidade enquanto treinador, passando essa crença aos seus atletas. Frente ao Tomar, conta que em momento algum os sentiu "derrotados", apesar da desvantagem e houve muito coração - e... vá, "tomates" - no triunfo. Mas a vitória também foi resultado de muito trabalho.
Diogo Abreu, num discurso de uma maturidade assinalável para os seus 21 anos, recordou que esta Final Four não começou a ser preparada há um mês. É um trabalho de 11 meses em que não faltou o aprumar das grandes penalidades, rejeitando que o desempate dessa forma seja uma mera lotaria.
Esta será a terceira final luso-italiana da História. Em 2006, neste mesmo palco de Torres Novas, Follonica e Porto terminaram como campeão e vice-campeão, mas numa inédita decisão em liguilha. Inclusivamente, o duelo luso-italiano foi mesmo o primeiro dos três dias de jogos.
Uma final, na verdadeira acepção do termo, entre portugueses e italianos não se realiza desde 1991 (há 31 anos!), quando o Óquei de Barcelos venceu o Roller Monza, ainda a duas mãos, num prolongamento depois de empates a quatro a Barcelos e a três em Itália. Foi o primeiro título (e único até à data na Liga Europeia) dos barcelenses, e só uma outra vez acontecera uma final luso-italiana, também talismã para a equipa lusa. Em 1986, o Porto derrotou o Novara também para o seu primeiro triunfo na mais importante prova europeia de clubes.
Será este registo histórico um bom augúrio para o Valongo? Ou vingará a máxima do "à terceira é de vez" para a representante italiana? São duas equipas em busca de um lugar na História. Na Final Four pela primeira vez, numa final pela primeira vez, uma delas será coroada pela primeira vez.
Meias-Finais
• MF2 • Valongo 7-5 Tomar • 14.Mai (4-4, 3-1 pen.)
• MF1 • Trissino 4-0 Sarzana • 14.Mai
Final
• Valongo vs. Trissino • 15.Mai • 15h
Domingo, 15 de Maio de 2022, 8h