Três em Linha
A Paço de Arcos e Parede, que, no regresso à I Divisão, asseguraram a manutenção, junta-se na próxima época o Murches. Há 30 anos que não havia três equipas da Linha de Cascais, histórica no Hóquei em Patins, na categoria máxima.
Em 30 minutos é possível ir de carro do pavilhão do Paço de Arcos ao pavilhão do Murches, passando pela casa do Parede. São cerca de 25 km a unir as três equipas da Linha de Cascais (concelhos de Oeiras e Cascais) que na próxima temporada disputarão a I Divisão. E até podiam ser quatro - o que seria inédito -, não fosse a quebra do Oeiras na recta final da Zona Sul da II Divisão.
Os primeiros heróis do Hóquei em Patins português estão umbilicalmente ligados ao Paço de Arcos. Campeão nacional em 1942, pentacampeão entre 1944 e 1948 com alguns dos primeiros campeões do Mundo por Portugal, voltaria a vencer o título em 1953 e 1955. Um pecúlio de oito títulos que o Benfica só superou em 1967, o Porto em 1999 e o Sporting na pretérita temporada.
Tal marcou indelevelmente a paixão de dois concelhos unidos a Lisboa por uma linha de comboio comum, a propalada Linha de Cascais. Paço de Arcos e Oeiras no concelho de Oeiras, Cascais, Juventude Salesiana e Parede no concelho de Cascais têm páginas douradas no Hóquei em Patins nacional e mundial, e são berço de nomes históricos da modalidade. Mais recentemente, ganhou força o projecto do cascalense Murches, um pouco mais longe de poder pôr o pé na areia das praias da Linha, mas com a mesma ambição de jogar na categoria máxima.
De zero a três
Em Setembro de 2020, as últimas vagas na I Divisão depois dos campeonatos terem sido cancelados, foram decididos numa Liguilha. Paço de Arcos - que vinha de nove temporadas consecutivas na I Divisão - e Parede estiveram na disputa a seis, mas Tomar, Os Tigres e Famalicense foram mais fortes. A categoria máxima ficou orfã de equipas da Linha de Cascais, o que não acontecia desde 2007/08.
Quiçá com o embalo da Liguilha, Parede - que não era primodivisionário desde 1993 - e Paço de Arcos garantiram a ansiada subida em 2021 e, sob o comando técnico de Pedro Caeiro Gonçalves e André Luís lograram a manutenção.
Na II Divisão, o Oeiras andou várias jornadas no topo e como sério candidato à subida, mas perdeu "gás" (e o guarda-redes Marco Barros...) e, pese entrar na última jornada ainda com matemáticas possibilidades de poder ir à poule de subida, terminaria num 4º lugar que o "condena" a mais uma época no escalão secundário.
Paralelamente, o projecto do Murches, liderado por Hugo Lourenço e com uma aposta clara em jovens que passaram pela formação do Benfica, deu frutos. Venceram a Zona Sul da II Divisão e garantiram - pela primeira vez na sua história - a presença entre os maiores do Hóquei em Patins nacional.
A temporada de 2022/23 terá assim três equipas da Linha de Cascais na I Divisão. Paço de Arcos, Parede e Murches repetem um feito logrado há 30 anos, em 1992/93, por Paço de Arcos, Parede e Oeiras. No fim dessa temporada, Parede e Oeiras acabariam despromovidos...
Cabe aos protagonistas de agora garantir que a "Linha" continua bem representada. E que, por exemplo, numa eventual promoção a que o Oeiras tem sido candidato, possa mesmo chegar em 2023/24 a um inédito quarteto depois de 1982, quando o campeonato deixou de estar dividido em Zona Norte e Zona Sul.
Sábado, 28 de Maio de 2022, 8h25